Pistache: possibilidade de cultivo no Brasil e tecnologia de produção

por Celso V. Pommer;
Wilson Barbosa;
Antonio Fernando C. Tombolato

Introdução

É crescente a demanda por projetos alternativos, que atendam as necessidades de empresas para investimentos em novas culturas agrícolas geradoras de emprego e renda.

No campo da fruticultura, muitas oportunidades têm surgido com cultivos de plantas exóticas, outrora incomuns no Brasil. É o caso, por exemplo, das frutíferas de caroço e várias outras de origem asiática ou européia melhoradas para cultivo em regiões subtropical e tropical. Barbosa et al. (2003) analisando a distribuição de frutíferas e nozes de clima temperado no Estado de São Paulo e considerando suas épocas de colheita, reportam produções de frutos em todos os meses do ano, especialmente entre outubro e abril. Verificaram ainda a existência de novos e importantes nichos de cultivo nas regiões de Jales, Presidente Prudente, Barretos e Jaú, com predominância das uvas finas, das pêras asiáticas, dos pêssegos adaptados e da nogueira-macadâmia, respectivamente.  Determinadas frutíferas, originadas em zonas temperadas, muitas vezes nem necessitam ser melhoradas geneticamente, pois se adaptam razoavelmente bem em locais mais frios do sudeste e sul brasileiro, como certas cultivares de macieira, pereira e quivizeiro. Além disso, observa-se importante tendência na mudança dos hábitos alimentares da população brasileira, buscando nas frutas os componentes essenciais de dietas mais saudáveis e balanceadas. Certamente, a introdução de novas alternativas e a recomendação de técnicas de cultivo, apropriadas a diversas regiões, muito contribuiria ao avanço do agronegócio do setor frutícola nacional.

Dentre as inúmeras opções frutícolas, vislumbra-se a possibilidade da introdução do pistache, noz típica do oriente médio e bastante apreciada e consumida pelos brasileiros. Sabe-se que há cultivares rústicos, menos exigentes em frio hibernal, que poderiam apresentar razoável adaptação climática e grandes chances de cultivos econômicos no Brasil. Pommer et al. (2005) apresentaram as informações econômicas básicas sobre o cultivo de pistache no mundo, como forma de orientar interessados [artigo em pdf].

Potencial para Cultivo no Brasil

            À primeira vista, a alta exigência em frio não recomendaria o cultivo do pistache no Brasil, cujas plantas demandam elevada quantidade de frio para seu adequado desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Entretanto, especula-se a possibilidade do emprego de cultivares bem rústicos e de produtos promotores de crescimento, bastante usuais na fruticultura de clima temperado nacional.

No Irã, por exemplo, já se utilizaram com êxito o KNO3 (2%) e a cianamida hidrogenada (Dormex) (1% e 2%) e as combinações de KNO3 e Dormex com Armobreak (surfactante a 1%), para quebrar a dormência das gemas de cultivares femininas de pistache (Antep, Siirt e Ohadi) e masculina (Male-1) em condições subtropicais. Tal pesquisa foi realizada no período de 1993-94, anos em que ocorreram aproximadamente 230 horas de frio abaixo de 7ºC. As aplicações de Armobreak+Dormex foram mais eficientes que as de KNO3 ou Armobreak+KNO3 em quebrar a dormência de gemas florais e vegetativas da cultivar feminina Siirt. Embora a exigência de frio da cultivar Ohadi fosse mais alta que as de Antep e Siirt, aplicações de KNO3 tiveram mais êxito em quebrar dormência de gemas florais de Ohadi (Küden et al., 1995).

Rahemi e Asghari (2004), por outro lado, pesquisaram os efeitos de Dormex a 0; 1,5 e 3%, óleo mineral (0; 3,5 e 7%) e nitrato de potássio (0; 1,5 e 3%) em ramos de pistache cv Ahmad-aghaei em 2002 e 2003. Esses tratamentos, mais combinações de Dormex e óleo mineral, óleo mineral e nitrato de potássio, e 7% de óleo mineral foram aplicados 4 e 8 semanas antes de brotação normal das gemas (5 de janeiro e 4 de fevereiro). Verificaram que os tratamentos com Dormex, óleo mineral e combinações de Dormex e óleo mineral, óleo mineral e nitrato de potássio anteciparam a quebra de dormência das gemas em 15 a 20 dias e significativamente aumentaram o rendimento dos ramos tratados, deiscência de nozes e reduziram a porcentagem de nozes “vazias” da cultivar Ahmad-aghaei. Concentrações mais altas de Dormex e óleo mineral, na segunda aplicação (4 de fevereiro) e combinações de Dormex e óleo mineral foram mais efetivas para aumentar o rendimento por ramo. O melhor tratamento foi 4% de Dormex, associado a 7% de óleo mineral, durante a segunda aplicação. Nitrato de potássio (1,5 e 3%) não teve nenhum efeito significativo em rendimento, deiscência ou porcentagem de nozes em branco. Os autores destacam que os resultados de seu estudo podem ser aplicáveis a regiões que cultivam pistache com inverno moderado.

Além da exigência climática, outro fator importante a considerar seria a demora das plantas para entrar em produção econômica. Entretanto, há também a perspectiva de se aproveitar as entrelinhas para o consórcio com outros cultivos rentáveis e que atinjam produção mais rapidamente, como a videira.

Diante disso, pode-se imaginar que o pólo Petrolina/Juazeiro, no nordeste brasileiro, apresente a situação para investimentos da natureza, onde se pode contar já com tradição no cultivo de frutas, com a possibilidade de exploração da videira e, principalmente, pela água em abundância, outra séria demanda do pistacheiro.

Outras regiões brasileiras, obviamente, também poderiam tornar a cultura do pistache viável, como as regiões mais frias do Sul e Sudeste.

O Pistacheiro

            Quase exclusivo dos países mediterrâneos por muito tempo, o cultivo do pistacheiro expande-se pelo mundo, com países como Austrália e Chile iniciando seu cultivo. O Irã é, destacadamente, o principal produtor, com 300 mil hectares ou cerca de 68% do total da área mundial com pistache a qual, segundo a FAO, passa dos 440 mil hectares (Tabela 1). A Austrália entrou no mercado e tem hoje pouco mais de 700 hectares produzindo, dispondo de área potencial para incremento. 

Tabela 1. Área cultivada (colhida) com pistache nos principais países produtores do mundo, em hectares. (FAOSTAT, 2/09/2005)

País

1995

2000

2001

2002

2003

2004

Irã

218.000

274.728

280.510

295.000

300.000

300.000

Turquia

34.071

36.349

36.999

37.428

37.570

37.000

EUA

24.400

30.200

31.565

33.590

35.610

35.000

Tunísia

35.000

21.670

21.600

23.000

23.000

23.000

Síria

15.000

18.500

18.500

20.000

20.000

20.000

China

16.600

12.000

15.000

15.000

15.000

15.000

Grécia

4.900

5.500

5.110

5.110

5.110

5.110

Itália

3.500

3.602

3.602

3.643

3.620

3.600

Outros

2.075

1.970

1.956

1.881

1.881

1.881

Mundo

356.246

407.519

417.842

437.652

444.791

443.591

 

          Ainda segundo a FAO, a produção mundial passou de um patamar de 394 mil toneladas, em 1995, para quase 550 mil toneladas nos últimos anos, sendo que a produtividade maior na Califórnia, confere aos E.U.A. a segunda posição em termos mundiais, à frente da Turquia (Tabela 2).

Tabela 2. Produção de pistache nos principais países produtores do mundo, em toneladas. (FAOSTAT)

País

1995

2000

2001

2002

2003

2004

Irã

238.778

303.957

112.432

249.000

275.000

275.000

EUA

67.130

110.220

73.030

137.440

53.980

158.000

Turquia

36.000

75.000

30.000

35.000

90.000

30.000

Síria

14.538

39.923

37.436

52.840

50.000

40.000

China

25.000

22.000

26.000

28.000

30.000

30.000

Grécia

5.591

9.000

7.500

8.500

9.000

9.500

Itália

2.200

2.768

1.762

1.877

1.993

2.000

Tunísia

900

1.600

1.100

800

800

800

Outros

1.570

1570

1.627

1.517

1.537

1.537

Mundo

394.107

568.838

293.787

517.974

515.310

549.837

            O pistache apresenta bom valor nutritivo, excelente teor de fibras e, como a maioria das nozes, elevado teor de matéria graxa (Tabela 3).

Tabela 3.- Valor nutricional do pistache por 100 g de matéria seca

Nutriente

Quantidade

Lipídeos (%)

50

Proteínas (%)

17

Carbohidratos (%)

16

Minerais (%)

 3

Água (%)

 4

Energía (cal)

64

Fibra (%)

10

Vitamina A (U.I)

230

Vitamina B (mg)

 1,4

Vitamina B1 (mg)

 0,67

Fonte: Lemus (2004)


A - pistacheiro em plena frutificação

 


B - detalhe do pomar e ramo frutificado

 


C - detalhe do cacho de frutos

 


D - nozes prontas para consumo

        O pistacheiro (Pistacia vera L.) pertence à família Anacardiaceae, sendo considerada planta originária da Ásia Central e cultivada na região mediterrânea (Irã, Turquia, Grécia) e na Califórnia (E.U.A.). Pistacia vem do grego “pistake” e significa “noz” e vera, do latim “verdadeiro”, completando o significado de noz verdadeira ou pistache comestível. O pistacheiro é árvore de tamanho moderado (3 a 8 m), sendo planta decídua e dióica. Em pomares comerciais a relação de árvores estaminadas para pistiladas é 1 para 8 (Tous e Ferguson, 1996). Suas plantas têm período juvenil extenso e requerem 5 anos de cultivo para estabelecer uma copa razoável e 7 a 10 anos para alcançar produção total sob condições bem irrigadas. Além disso, é espécie de produção fortemente bienal. Tombolato (1985) relata que na Tunísia um pistacheiro pode  produzir, em média, 5kg de fruto seco  por safra durante  80 ou 90 anos, inclusive numa região com precipitação anual de 550mm e sem adubação e irrigação.

        A floração é gradual, dentro do período de tempo que se estende e também ao longo da própria inflorescência, começando pela base e estendendo até o extremo apical (Ferguson & Arpaia, 1990). Em virtude disso, o período de floração das plantas femininas deve ser coberto por mais de um polinizador. Esse é um aspecto importante, pois a produção ótima é obtida quando o pólen chega às flores femininas nos dois primeiros dias de floração. As datas de floração podem variar entre 3 e 4 semanas entre as cultivares que florescem mais cedo e as mais tardias, outro fator a ser considerado para dispor os polinizadores.

         O fruto é uma drupa seca, de forma ovóide. Pode ser consumido na forma de noz, torrado e salgado na própria casca. Muito utilizado na confeitaria em geral. Óleo de noz de pistache também é usado em indústrias de cosméticos e farmacêuticos.

A noz abre-se naturalmente, expondo a amêndoa. As nozes que não se abrem são aproveitadas para a indústria alimentícia, pela dificuldade de processamento final (torrar e salgar). Existem máquinas que detectam nozes não abertas.

Características do Cultivo

Cultivares: Cultivares diferem entre países e são enxertados em mudas de diferentes porta-enxertos de Pistacia. O cultivo do pistache na Califórnia consiste em uma cultivar pistilada, 'Kerman’, e uma cultivar estaminada ('Peters’). A cultivar 'Kerman' foi importada do Irã (então a Pérsia) e recebeu o nome de sua província de origem; já ‘Peters’ recebeu o nome do produtor de Fresno (CA) que o selecionou. Outras cultivares (Tous e Ferguson, 1996) em outros países são 'Momtaz’, 'Owhadi’ e 'Kalehghouchi’ no Irã; 'Uzun’ e 'Kirmizi’ na Turquia; 'Red Aleppo’ na Síria; 'Aegina’ na Grécia; 'Bianca' na Itália; 'Mateur’ na Tunísia; 'Larnaka’ em Chipre e 'Sirora’ na Austrália. Para cultivares pistiladas, como ‘Red Aleppo’, que florescem mais cedo que Kerman, a cultivar estaminada Chico é mais recomendada como polinizador. Ainda da Califórnia, merece ser comentada a cultivar feminina ‘Joley’, lançada pela Universidade da Califórnia em 1980 (Rieger, 2005). Robinson (1997) destaca que a cultivar Sirora é uma das menos exigente em frio e por isso mesmo, a mais cultivada na Austrália. Embora apresente produção bienal, a alternância em Sirora é menos acentuada que em Kerman. Por outro lado, sua noz é um pouco menor e menos atrativa que a de Kerman.

Clima e Solo: A condição para produção de pistache é caracterizada por verões longos, quentes, secos e invernos moderadamente frios ou frios. Na Califórnia a planta é cultivada em áreas onde temperaturas de inverno somam 1.000 horas abaixo de 7°C, que representa as condições exigidas para quebrar o período de repouso para crescimento normal e frutificação do pistache cv. ‘Kerman’ (Crane & Maranto, 1988). Embora plantas de pistache venham a crescer em solos rasos rochosos, a produtividade é bem maior em solos profundos bem-drenados e com uso de práticas culturais apropriadas. Suas plantas toleram solos salinos ou alcalinos e também solos com alto conteúdo de calcário. Embora originalmente de um ambiente xerofítico, suas plantas exigem mais água que a maioria das fruteiras para produzir bem, aproximadamente 10.000 m3/ha por ano, sob condições do Vale Central da Califórnia. Em outras áreas da bacia mediterrânea (Ka_Ka, 2005), como o sul da Itália, a irrigação mínima indicada de 500-600 m3/ha/ano no verão mantém bom desempenho da árvore. Geadas próximas ou logo após a brotação reduzem drasticamente a produção.

Propagação: A propagação deve ser feita por enxertia, utilizando-se como porta-enxertos plantas das espécies P. terebinthus, P. atlantica e P. integerrima, além do híbrido P. atlantica x P. integérrima (Rieger,2005). As cultivares UCB1 e PG1 foram relatadas como bons porta-enxertos na Nova Zelândia (Hart, 2005)

Plantio: O plantio, feito de preferência em nível e mantido com as entrelinhas sempre roçadas, deve ser realizado de preferência no início da estação chuvosa. Plantar em dias nublados, em covas previamente preparadas. Irrigar abundantemente. Plantam-se os porta-enxertos e três anos depois, realizam-se as enxertias. Devido ao grande espaçamento e ao longo período até o início da produção, é comum o cultivo intercalar, por exemplo, com videiras (Turquia). Os espaçamentos mais utilizados são 5 X 6 m; 6 X 7 m; 6 X 10 m (Austrália); 8 X 10 (Turquia), os quais levam a uma necessidade de mudas de 333, 238, 167 ou 125 mudas/ha, em covas de pelo menos 40cm X 40cm X 40cm.

Calagem: Não há dados disponíveis, mas tratando-se de plantas de origem em locais de solos alcalinos (pH 7 a 8) pode-se depreender que a necessidade de calcário é elevada.

Adubação

a) Plantio: a remoção de nutrientes pela cultura de pistache em cada hectare para uma produtividade de 1.000 kg/ha foi estimada como sendo de: 30 kg de N, 12 kg de P2O5, 15 kg de K2O e 3 kg de CaO (Woodroof, 1979), portanto essa deve ser a base para o estabelecimento de adubação de reposição e produção.

Materiais orgânicos, como esterco de curral, devem ser aplicados numa base de 30 t/ha se a matéria orgânica do solo estiver abaixo de 2 por cento. Adubos minerais e material orgânica devem ser aplicados no solo e misturados à terra antes do plantio, em quantidades baseadas na análise de solo conforme a Tabela 4:

Tabela 4. Quantidades de nutrientes a aplicar (P, K e Mg) na implantação do cultivo do pistacheiro conforme a análise do solo

P no solo

Ppm

 Qtde.P2O5
kg/ha

K no solo
Ppm

Qtde. K2O
kg/ha

Mg no solo
ppm

Qtde. MgSO4
kg/ha

0-7 100-150

0-100

150-200 0-25 300-400
7-14 50-100 100-200 70-150 25-50 200-300
14-20 50 > 200

Nada

50-100 100-200
> 20 Nada        

             b) Formação:

          Na Califórnia, o nitrogênio é o principal nutriente necessário para o crescimento apropriado do pistacheiro e para rendimentos ótimos. A fórmula 32-0-0 é aplicada por gotejamento com a quantidade aumentada cada ano até o completo estabelecimento do pomar. Durante os primeiros dois anos, boro é aplicado no solo em agosto (hemisfério norte) embaixo dos emissores e zinco foliar é aplicado em fim de outubro para forçar a inatividade. No terceiro e sétimo anos da formação, sulfato de zinco a 36% e boro são aplicados na folha no final de fevereiro e início de março (hemisfério norte). Sulfato de cobre, se necessário, é aplicado em abril.

            c) produção:

Dispondo-se de análises foliares, os dados da Tabela 5 dão a indicação da concentração dos elementos nutrientes em folhas de crescimento normal do pistacheiro.

 Uma adubação aproximada e em função da colheita (para 1.500 kg/ha de pistache em casca) seria:

          100 kg/ha de N

            65 kg/ha de P2O5

            40 kg/ha de K2O

 

Tabela 5.- Faixas de concentração de elementos minerais nas folhas do pistache que mostram crescimento normal.

Elemento

Faixa de concentração com base em peso seco

Nitrogênio

Fósforo

Potássio

Cálcio

Magnésio

Sódio

Cloro

Manganês

Boro

Zinco

2,50 - 2,90 %

0,14 - 0,17 %

1,00 - 2,00 %

1,30 - 4,00 %

0,60 - 1,20 %

0,002 - 0,007 %

0,10 - 0,30 %

30,00 - 80,00 ppm

50,00 - 230,00 ppm

7,00 - 14,00 ppm

Fonte: Crane e Maranto (1981).

     

~Controle de pragas ou doenças: Não há relatos de nenhuma doença séria atacando o pistache na Turquia ou no Irã. Na Califórnia, porém, muitos pomares foram ameaçados seriamente por murcha de Verticillium (Verticillium dahliae). Recentes levantamentos em pomares na Califórnia revelaram que outras doenças, como ferrugem de Botrytis nas flores e ramos (Botrytis cinerea), e ferrugem de Botryosphaeria na panícula e broto causada por Botryosphaeria dothidea, estão aumentando na Califórnia (Michailides et al., 1988).

~Outros tratos culturais: 

Sistema de condução: As plantas devem ser conduzidas desde o início da formação para obter árvores de boa conformação e que permitam facilmente tratos culturais e colheita (Lemus, 2004).

a) Poda de formação: Depois do primeiro ano de crescimento do enxerto, decapita-se no inverno a uns 70-100 cm, para formar 3 a 5 ramos laterais, seguindo o sistema de taça ou eixo modificado, separando as ramas uns 30 cm uma da outra no eixo. O centro da árvore deve manter-se aberto para permitir a entrada de luz e com ela a rápida indução das gemas florais. Na etapa de formação da estrutura da árvore é necessário despontar a 75 cm os brotos novos, a fim de impedir que o peso do ápice da rama faça que o ângulo seja maior que 45°. Além disso, isto promove a brotação das gemas laterais das ramas mães. Uma vez que as ramas primárias são selecionadas não é necessário realizar muitos cortes mais, apenas deve-se podar para proporcionar ramificação ou balancear um ramo com outro ou com o resto da árvore. Não se recomenda cortar todos os ramos por igual, pois podas em diferentes alturas desenvolvem boa bifurcação e crescimentos fortes onde se necessitam.

b) Poda de condução: Depois que a estrutura básica foi estabelecida, só se necessitam podas leves. Aos 5 ou 6 anos a planta começa a emitir flores, uma a duas gemas abaixo do ápice, sendo as extremidades vegetativas. Os pistacheiros frutificam igual aos pessegueiros, em gemas laterais na madeira da temporada anterior, motivo pelo qual seu crescimento em longitude deveria ser estimulado a cada ano para maximizar a produção de nozes. A dominância da gema terminal é forte e pode continuar seu desenvolvimento sem ramificações, formando frutos cada vez mais distantes do eixo central> Por causa disso, a cada certo número de anos devem eliminar-se esses ramos apicais, para ser substituídos por outros novos. Além disso, se realizam cortes eliminando ramas débeis, delgadas, sombrias ou para proporcionar luz. Também são eliminadas ramas muito vigorosas ou secas.

~Colheita: A colheita é feita mecanicamente por vibradores aplicados aos troncos ou manualmente. Se os frutos não forem recolhidos do chão e processados no mesmo dia, a aflatoxina pode ser um problema. A produtividade normal não é elevada nos locais mais tradicionais de cultivo, entretanto, os melhores pomares de pistache da Austrália estão em nível parecido com aqueles da Califórnia, isto é, produzindo 5t/ha num ano bom e 3t/ha num ano ruim (em inglês, anos On e Off) em plantas de 12 anos de idade.

Industrialização

      A industrialização inclui processos mais ou menos simples, como mostrados na figura, com fluxograma estabelecido para aproveitamento máximo daquilo que é produzido, podendo gerar tanto o pistache para consumo direto, final, como pistache para atender a indústria alimentícia.

Considerações Finais - Esforços para Introdução no Brasil

 
            Qualquer iniciativa no sentido de tentar a introdução do cultivo do pistache no Brasil, deveria obrigatoriamente contar com forte apoio da iniciativa privada interessada na questão. Os passos seriam a introdução e a quarentena de material porta-enxerto e copas produtoras e polinizadoras. Nesse sentido, o Instituto Agronômico (IAC), teria condições de importar  e quarentenar acessos de pistacheiros, pois oferece estrutura suficiente para tal trabalho.

Literatura Citada

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~CRANE, J.C. e B.T. IWAKARI. Morphology and reproduction in pistachio. Hort. Rev. vol.3, p.376-393. 1981.

~CRANE, J.C. e J. MARANTO.  Pistachio production. Univ. of California, Div. Agric. & Natural Resources. Public. 2279. 1988.

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~HART, R.    Work in Progress – Report 2001 http://www.treecrops.org.nz/bydate/nat2002/resrep02.html 2002 - Atualizado em 2004. Capturado em agosto de 2005

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~LEMUS S., G.   El cultivo del Pistachio (Pistacia vera). Gobierno de Chile. Fundación para la Innovación Agraria – FIA. 38p. Junho, 2004.

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~POMMER, C.V.; BARBOSA, W.; TOMBOLATO, A.F.C.   Pistache: informações econômicas como subsídios ao cultivo no Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 35, n.12, 2005. [artigo em pdf]

~RAHEMI; M.; ASGHARI, H.   Effect of hydrogen cyanamide (dormex), volk oil and potassium nitrate on budbreak, yield and nut characteristics of pistachio (Pistacia vera L.). Journal of Horticultural Science and Biotechnology, Coventry, v.79, n.5, pp. 823-827. 2004.

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~ROBINSON, B.   Pistachio nuts. In: The New Rural Industries: a handbook for farmers and investors. Rural Industries Research & Development Corporation, Australia. 1997.

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~TOUS, J. e L. FERGUSON.   Pistachio. In: Mediterranean fruits. p.416-430. In: J. Janick (ed.), Progress in New Crops. ASHS Press, Arlington, VA. 1996.

~WOODROOF, J.G.   Pistachio nuts. p. 572-603. In: Tree nuts. 2.ª ed. AVI, Westport CT. 1979.


Dr. CELSO V. POMMER, Engenheiro Agrônomo pela ESALQ - USP, em 1969, Doutor em Ciências pela Unicamp, em 1976, Pesquisador Científico do Instituto Agronômico - IAC, de 1970 a 2003,
Contato:pommer@directnet.com.br

 

 

WILSON BARBOSA concluiu o mestrado em Agronomia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em 1989. Atualmente é Pesquisador Científico VI, do Instituto Agronômico (IAC), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Contato:wbarbosa@iac.sp.gov.br

 

Dr. Antonio Fernando Caetano Tombolato, é pesquisador Científico do Instituto Agronômico - IAC
Contato: tombolat@iac.sp.gov.br

 

 

Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica (ABNT):

POMMER, C. V.; BARBOSA, W.; TOMBOLATO, A. F. C.. Pistache: possibilidade de cultivo no Brasil e tecnologia de produção. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/pistache/index.htm>. Acesso em:

publicado no InfoBibos em 25/04/2006

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