CONSTRUÇÕES PARA GADO
DE LEITE:
Prof. Dr. Alessandro Torres Campos Centro de Ciências Agrárias/UFVJM – Diamantina/MG Prof. Dr. Elcio Silvério Klosowski Centro de Ciências Agrárias/UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon/PR
Dr. Aloísio Torres de Campos
As instalações são consideradas como ponto fundamental dentro da exploração, portanto devem ser amplas, arejadas, de fácil higienização e voltadas ao maior conforto possível para o animal (proteger contra as chuvas, os ventos e temperaturas extremas). Deverão, ainda, atender as legislações federal, estadual e municipal, relativas ao meio ambiente, controle sanitário e segurança. É desejável que o sistema seja eficiente na movimentação, alimentação, manejo dos dejetos, devendo prover um ambiente que ao mesmo tempo seja saudável para os animais e que promova condições de trabalho favorável e confortável para os funcionários, e, por fim mas não menos importante, ser economicamente viável. A grande maioria das edificações para bovinos leiteiros se mantém dentro de padrões de instalações abertas, com ventilação natural, associadas ou não com ventilação artificial, complementando uma maior movimentação de ar, de maneira a ter-se melhores condições de conforto térmico. Nos últimos 50 anos, percebe-se uma tendência de certos produtores da manutenção dos animais em algum tipo de confinamento devido ao aumento do tamanho do rebanho e intensificação de suas atividades e/ou procurando melhorar o conforto térmico para animais de elevada exigência. Com bastante freqüência, os animais permanecem sobre piso de concreto durante toda sua vida produtiva. Certamente, os sistemas de confinamento em muito diferem daqueles onde os animais tem acesso às pastagens. Desta forma, com os sistemas de confinamento apareceram novos problemas, mas também novas oportunidades para manejar rebanhos leiteiros com melhor conforto, permitindo melhores níveis de produção sem comprometer aspectos reprodutivos e de saúde geral dos animais. De acordo com o manejo na propriedade, os animais podem ser divididos, por idade ou outra padronização, como peso, em grupos de dez, por exemplo. A criação dos grupos, pode ser realizada em piquetes, em instalações de confinamento, ou mesmo, de forma mista, onde os animais são confinados somente em determinada fase. É imprescindível, no planejamento das instalações, que se tenha: · espaço adequado; · área de descanso seca e ventilada; · sombra; · espaço de cocho apropriado para alimento (e reduzir competição); · grupos homogêneos e · ambiente saudável. Nas propriedades organizadas, com rebanho separado e manejado por categoria de animais, a construção de instalações pode ser planejada para possibilitar um tratamento alimentar adequado e individual a cada novilha ou a grupos de animais. Quando se pretende confinar os animais, as opções mais difundidas são instalações do tipo “loose-housing” e do tipo “free-stall”. No sistema “loose-housing”, é construído um galpão de sombreamento para repouso coletivo, dotado de cama, cuja área necessária por animal pode ser observada na Tabela 01. Próximo ao galpão de repouso, é construída uma estrutura somente para o fornecimento de alimento, onde se tem, geralmente, um corredor central, por onde pode ser distribuído o alimento por meio de trator, dotado de comedouros nas laterais. O controle da competição pelo alimento, neste caso, é realizado somente por meio de um sistema de semi-contenção (Figura 1). Além das instalações mencionadas, é necessário prover uma área de solário. Como espaço mínimo para cada animal, pode-se considerar 4,5 m2 (MYRRHA, s.d.). Quando se utiliza palha em geral como cama, são necessários aproximadamente 5 a 6 kg deste material por animal por dia (Novaes, 1985 p.58).
Surgido nos Estados Unidos na década de 1950, o sistema “free-stall” espalhou-se rapidamente pelo país, dadas as vantagens tanto sobre a estabulação convencional, quanto sobre o confinamento em estábulos com área de repouso coletivo (“loose-housing”), no que concerne à permanência de animais mais limpos e ao menor requerimento de material de cama. No
sistema “free-stall” os animais permanecem lado a lado, em baias
individuais que devem ser bem dimensionadas, com largura suficiente
para o conforto do animal, sem, entretanto, permitir que o mesmo
vire-se. O comprimento deve ser o mínimo para que a novilha, ao
deitar-se, permaneça com o úbere e as pernas alojadas internamente
ao cubículo, enquanto as dejeções são lançadas no corredor de
limpeza ou serviço, como pode ser observado na Figura 02, em uma
instalação da Embrapa. A Tabela 01 mostra algumas dimensões de baias
de acordo com o peso e a categoria animal.
A separação (divisão) das baias freqüentemente é feita em tubos galvanizados, podendo-se utilizar materiais alternativos, como a madeira, dependendo da disponibilidade e custo, inclusive da mão de obra. O acesso às baias se dá na parte posterior, permitindo aos animais entrarem e saírem livremente. Entretanto, uma barra limitadora (Figura 03) deve ser instalada na parte superior das divisórias, obrigando o animal a se afastar toda vez que se levanta, projetando sua parte traseira para fora da baia, também evitando que a novilha defeque ou urine no material de cama (Figura 04), reduzindo, por conseguinte, o consumo do material da cama.
O piso das baias pode ser de terra batida, areia ou concreto, sendo que a cama deve ser de material seco e macio, distribuído com uma espessura de 10 cm, utilizando-se palha, capim seco, areia, maravalha de madeira, ou mesmo material emborrachado, industrializado especificamente para este fim. A disposição de pneus velhos no interior dos cubículos auxilia a retenção do material utilizado como cama no interior dos cubículos, evitando maior desperdício de material e redução de mão-de-obra para reposição, principalmente quando se emprega areia. O corredor de serviço deve ter o piso concretado e frisado no sentido longitudinal, com declividade de 1 a 1,5% para evitar que os animais escorreguem e facilitar o escoamento de águas e resíduos orgânicos, principalmente se for adotado o sistema de manejo líquido dos dejetos (Figura 05).
Novilhas de primeira cria e vacas secas são freqüentemente alojadas juntas, especialmente quando estão nos últimos dois a três meses de gestação. Estábulos de confinamento individual para a criação de novilhas melhoradas e vacas secas, podem se tornar onerosos, podendo ser, neste caso, mais econômico, a criação destes animais em sistemas de confinamento coletivo. Eventualmente podem ocorrer problemas durante o parto, sendo aconselhável manter os animais em observação de sete a dez dias antes da data prevista. Uma alternativa seria uma coberta simples, com área de 3 a 4 m2 por animal a parir. O melhor local para as construções será uma leve encosta, em terreno de boas características de drenagem, bem ventilado e ambiente seco, evitando construções próximas a várzeas (terreno úmido) e áreas poluídas. A freqüente situação de altas temperaturas internamente às instalações, geralmente é devida mais à má concepção e adequação, do que propriamente à adversidade climática local, sendo necessária a utilização de sistemas naturais e artificiais, para o controle eficiente do ambiente. Visando ao conforto térmico no interior das edificações, algumas recomendações são consideradas no planejamento das construções:
· Pé direito de cerca de 3,00 a 3,60 m na altura do
beiral (biqueira); A orientação preferencial deve ser leste-oeste, no sentido do eixo longitudinal do telhado, principalmente quando os animais forem mantidos confinados no interior das instalações nas horas mais quentes do dia (Figura 06). Esta orientação produz efeito mais pronunciado quanto menor a largura e pé-direito e maior comprimento o galpão possuir.
Observações Finais
A melhor maneira para o produtor economizar, é investir no planejamento. Soluções que resolvem problemas em uma determinada propriedade, nem sempre se aplicam às condições de outra. O ideal é produtor consultar um Engenheiro Agrícola, ou profissional de Ciências Agrárias especializado em Construções Rurais, no ato do planejamento da construção ou mesmo nos processos de adaptação ou reforma de estruturas pré-existentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACCARI JR., F. Manejo ambiental da vaca leiteira em climas quentes. Londrina: Ed. UEL, 2001. 142p.
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