GULFBLAZE: NOVA OPÇÃO DE AMEIXA PARA O ESTADO DE SÃO PAULO por Wilson Barbosa
A demanda sempre intensa, por novas cultivares de frutíferas de clima temperado, no Estado de São Paulo, vem merecendo especial atenção dos meios científico e técnico. Isso porque, a velocidade com que o material geneticamente superior se torna disponível, apresenta-se aquém da ansiedade atual do mercado. Mesmo havendo grande diversidade de tipos, há sempre muita procura por novas opções varietais, especialmente para antecipação de safra e melhoria da qualidade do produto final. Ressalte-se que, quanto mais precoces são as safras, menores os custos de produção e a competição pelas frutas de época, provenientes de outras regiões produtoras; daí o interesse contínuo e imediatista do mercado por cultivares mais vantajosas. Dentre as cultivares de ameixeira, introduzidas e plantadas atualmente no Estado de São Paulo, destacam-se a `Reubennel´ e a `Harry Pickestone´, sendo as mais cultivadas na década passada. Como apresentaram excelente adaptação ao clima paulista, tais cultivares alcançaram estrondoso sucesso em toda a cadeia produtiva frutícola. Nos moldes das décadas de 60 e 70, em continuidade ao projeto de melhoramento e obtenção de novas cultivares de frutas de caroço, o IAC introduziu outra série de ameixas, que foram incorporadas ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) e pesquisadas quanto às potencialidades genéticas e culturais Dessas introduções, destacou-se pela precocidade de maturação e tipo de fruto a ameixa Fla 87-7, conhecida como ‘Gulfblaze’. Com o crescente interesse pelo cultivo dessa cultivar, o IAC vem pesquisando detalhadamente suas características morfológicas e bioagronômicas, bem como o comportamento fitotécnico regional.
Comportamento da ‘Gulfblaze’ (Fla 87-7) no Estado de São Paulo
Enxertadas em pessegueiro `Okinawa´, suas plantas apresentam adequada afinidade entre copa e porta-enxerto e excelente adaptação ao clima do Sudoeste paulista. Com vigor médio e desenvolvimento pouco lento, as copas mostram tendência de formar ramos abertos e longos e densa folhagem. Quando adultas, em densidade de 667 plantas.ha-1, suas copas atingem volumes médios de 19 m3, com área transversal de tronco de 85 cm2. As ameixeiras `Reubennel´ e `Gema-de-ouro´ desenvolvem, respectivamente, copas com volumes de 31 e 22,8 m3 e áreas transversais de tronco de 208,8 e 80 cm2, após seis anos de plantio em campo. Tanto nos ramos longos quanto nos curtos, há numerosa formação de gemas, a maioria florífera, bem uniforme, desde a base até o ápice. A plena floração ocorre de fins de julho até meados de agosto, dependendo do local de cultivo e do tipo de manejo das plantas. Em pomares comerciais, a `Gulfblaze´ exige polinizantes específicos, a exemplo das seleções Fla 87-1 e Fla 87-2, cujas floradas são concomitantes. Em BAGs regionais, onde tais seleções estão presentes, nota-se alta porcentagem de pegamento de frutos. Caso contrário, as frutificações tornam-se praticamente nulas, pois outras cultivares polinizantes florescem mais tardiamente, após 15 a 30 dias. As flores brancas e pequenas apresentam, em média, 29 anteras com 2.100 grãos de pólen cada uma, cuja germinação in vitro atinge 65%. Das seleções indicadas como polinizantes, a Fla 87-2 chega a desenvolver maior número de anteras e de pólen por flor, cerca de 33 e 80,5 mil respectivamente. Os frutos amadurecem normalmente entre 10 e 30 de outubro, com ciclo florada-maturação de 85 dias (Figura 2b). Em Gainesville, EUA, sua colheita ocorre em início de maio, após 95 dias da floração e a massa média dos frutos não ultrapassa a 60 g (Topp & Sherman, 1990). Raseira et al. (2001) relatam que em Pelotas, RS, seus frutos começam a ser colhidos em final de novembro, sendo os mesmos pequenos a médios, com cerca de 4,9 cm de diâmetro. Em espaçamento de 5 x 3 m, `Gulfblaze´produz 5,8, 11,9 e 31 kg.planta-1 no 2.º, 4.º e 8.º anos de cultivo, equivalentes a 3,9, 7,9 e 20,7 t.ha-1. Com seis anos, no mesmo espaçamento, `Reubennel´ e `Gema-de-ouro´ produzem, respectivamente, 32,2 e 18,2 t.ha-1, cujas safras ocorrem de meados de novembro até fins de dezembro, dependendo da região (Barbosa et al., 2001). Mesmo sendo cultivar de ciclo precoce, seus frutos apresentam-se grandes (massa média de 80 g), atraentes e pouco aromáticos; a maioria é globoso-cordiforme, ou globoso-oblongo e com presença média de pruína (cerosidade esbranquiçada). Os frutos maiores, a exemplo de `Gema-de-ouro´, atingem entre 100 e 120 g, correspondendo a cerca de 20% da produção. A base peduncular é larga, com cavidade rasa e estreita, sutura longitudinal simétrica e bem nítida. Salienta-se a coloração externa vermelho-escura em toda a superfície do fruto, salpicada de pontuações esparsas. A polpa é amarelo-alaranjada, semelhante à de `Santa Rosa´, textura carnosa, suculenta, meio fibrosa, bem aderente ao caroço e com firmeza de 13 e 7 libras de pressão, quando em ponto de colheita e no início da maturação respectivamente. Após sete dias da colheita, já bem maduros, a firmeza baixa para uma libra de pressão, quando medida com penetrômetro de ponta fina. O caroço é preso, oval, médio a pequeno, castanho-claro e pouco corrugado. O sabor doce-acidulado forte, meio amargo ao redor da casca e do caroço, torna-se mais agradável em frutos bem maduros, quando a película se destaca facilmente da polpa. Após sete dias em ambiente comum de sala, o fruto perde o amargor; nessa fase verifica-se pH 3,9 e 12 oBrix. Devidamente polinizada, a `Gulfblaze´ pode-se apresentar vantajosa ao cultivo comercial, pois além de ser precoce, produtiva e altamente atraente na coloração e no tipo de polpa, não enfrenta competição com outras ameixas nacionais na época de safra. Quanto à sanidade, Topp e Sherman (1990) relatam que essa ameixa se comporta medianamente resistente às doenças causadas por Xanthomonas campestris pv. pruni (Sm) Young et al. e por Xylella fastidiosa Wells et al.
Saiba mais sobre ameixa `Gulfblaze´ consultando os trabalhos abaixo.
BARBOSA, W.; OJIMA, M.; CAMPO-DALL´ORTO, F.A.; CASTRO, J. L.; NOVO, M.C. S.S.; VEIGA, R.F.A. Comportamento de sete cultivares de ameixeira em Capão Bonito (SP). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.1, p.108-111, 2001.
RASEIRA, M. C. B.; NAKASU, B. H.; CITADIN, J.; GIACOBBO, C. `Gulfblaze´ e `Espanha 606´, novas opções de ameixeiras precoces adaptadas às condições climáticas do Rio Grande do Sul. In: REUNIÃO TÉCNICA DE FRUTICULTURA, 6., Bagé, 2001. Disponível em: http://www.fepagro.rs.gov.br/fruti.
TOPP, B.L.; SHERMAN, W.B. Potential for low-chill japanese plums in
Florida.
Proceedings
Florida State Horticultural Science,
v.103, v.1, p.29, 1990.
WILSON BARBOSA concluiu o mestrado em Agronomia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em 1989. Atualmente é Pesquisador Científico VI, do Instituto Agronômico (IAC), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Publicou 76 artigos em periódicos especializados, 70 trabalhos em boletins, revistas técnicas e em anais de eventos. Possui 17 capítulos de livros publicados, 57 produtos tecnológicos (cultivares) e 1 processo ou técnica. Participou de 11 eventos no Brasil. Orientou 3 trabalhos de iniciação científica e 3 trabalhos de conclusão de curso. Recebeu 2 prêmios na área de pesquisa e desenvolvimento agrícola. Atua na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e Uso de Recursos Genéticos de Frutíferas. Em suas atividades profissionais interagiu com 46 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. Em seu currículo Lattes, os termos mais freqüentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: frutíferas de clima temperado e subtropical, caracterização de cultivares, melhoramento genético, manejo de cultivo, ecofisiologia, novas cultivares, germoplasma e recursos genéticos. Contato:wbarbosa@iac.sp.gov.br Mini Currículo gerado pelo Sistema Interlattes CV-Resume CNPq - Plataforma Lattes - Grupo Stela
Reprodução autorizada desde que citado o autor
e a fonte
Dados para citação bibliográfica(ABNT):
BARBOSA, W.
Gulfblaze:
nova
opção de
ameixa para o Estado de São Paulo. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível
em: <http://www.infobibos.com/Artigos/Ameixa/Ameixa.htm>. Acesso em:
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