Antecipar a semeadura da soja e,
consequentemente, a do milho safrinha. Esse é o objetivo de muitos
produtores rurais em Mato Grosso do Sul, na busca de boa produção
nas duas culturas. Mas a instabilidade climática da região,
especialmente no aspecto relacionado à ocorrência de chuvas, é um
dos aspectos que deve ser levado em conta pelos agricultores,
principalmente na região Centro Sul do Estado. Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária
Oeste (Dourados, MS), Danilton Flumignan, a causa da instabilidade
climática da região é o clima de transição – entre o clima temperado
e o clima da região de Cerrado –, chamado de clima tropical
monçônico (Am), típico da região Centro-Sul de Mato Grosso do Sul. Por isso é importante que o produtor observe o
período de zoneamento agrícola de riscos climáticos para sua região,
que considera o histórico de dados climáticos da região, as
características da cultivar e o tipo de solo das regiões, aspectos
que dão maior segurança para a lavoura. Na maior parte de Mato
Grosso do Sul, o melhor período para a semeadura, de acordo com o
zoneamento, é a partir de 1º de outubro. Como, em 2012, a legislação estadual alterou o
período do vazio sanitário da soja, que agora é de 15 de junho a 15
de setembro, o agricultor pode realizar a semeadura da soja a partir
de 16 de setembro. Mas semear antes de 1º de outubro tem algumas
consequências. Entre elas, a menor probabilidade de obtenção de
altas produtividades da soja, devido à irregularidade na
distribuição de chuvas no início da primavera, o que dificulta o
estabelecimento da cultura; e o não acesso a algumas políticas
agrícolas, como o seguro da lavoura e o Programa Agricultura de
Baixo Carbono (Programa ABC). "Para as cultivares de soja mais precoces, os
prováveis veranicos afetarão a fase mais sensível da lavoura
(formação e enchimento de vagens) e a colheita coincidirá com
períodos chuvosos", alerta o pesquisador da Embrapa Agropecuária
Oeste (Dourados, MS), Rodrigo Arroyo Garcia. Uma das alternativas que pode minimizar os
impactos causados pela estiagem nas lavouras é a irrigação. Isso
possibilita um aumento no potencial produtivo e viabiliza novas
oportunidades aos produtores, como uma terceira safra para plantas
com ciclos curtos. A água facilita a movimentação e a absorção dos
nutrientes do solo em direção as raízes das plantas, fazendo com que
os fertilizantes aplicados na lavoura sejam melhor aproveitados. Dentre as diversas estratégias de irrigação, ele destaca a utilização da irrigação por pivô central, que é um sistema projetado para operar com torre central fixa, tem custo aproximado de R$ 5 mil por hectare. "Esse sistema de irrigação apresenta muitas vantagens, pois é de fácil operação, dispõe de inúmeras empresas capacitadas para sua instalação e manutenção, requer pouca mão-de-obra, pode ser implantado em pequenas e grandes áreas”, destaca Danilton.
Antecipação
Se o produtor decidir semear a soja no início de
outubro, o ideal é adotar um material com tipo de crescimento
indeterminado e com ciclo semi-precoce, já que esse é um mês um
pouco instável na distribuição de chuvas, principalmente na região
sul de Mato Grosso do Sul. Conforme avança o mês, a partir de 15 de
outubro, é possível pensar em uma cultivar precoce, porque a
condição climática será mais favorável para esse tipo de material.
"O ideal é começar a semeadura com materiais semi-precoces, que
também serão colhidos antecipadamente, além de apresentarem maior
potencial produtivo e estabilidade em caso de escassez de água.
Começar a abrir área com cultivar de soja super precoce é muito
perigoso", alerta Arroyo. Entre as vantagens da
antecipação da semeadura da soja, levando em consideração o
zoneamento agrícola, é que o cultivo do milho safrinha poderá ser
adiantado. Dessa forma, as condições climáticas são mais favoráveis
para esse grão, já que haverá maior intensidade luminosa, maior
oferta de chuva e possível ocorrência de geadas em fases menos
suscetíveis do milho. Mas é preciso ter cautela em relação à
antecipação e considerar a época mais adequada de acordo com a
disponibilidade hídrica no solo, no momento da semeadura; as
cultivares mais adequadas; o zoneamento agrícola; e as estratégias
de manejo de sistemas integrados, que mais se adaptam à realidade do
produtor e trazem maior estabilidade em anos com condições
climáticas adversas, como consórcio milho-braquiária e integração
lavoura-pecuária. “É importante pensar no conjunto: ter uma ótima
safra de soja e uma ótima safra de milho”, reforça Arroyo.
Showtec 2013
Esses assuntos foram ministrados pelos dois
pesquisadores durante Giros tecnológicos no 17º Showtec, em Maracaju,
MS, no segundo dia do evento, em 24 de janeiro. No estande da
Embrapa, Arroyo Garcia falou sobre “Limitações climáticas na
sucessão soja-milho safrinha” e Flumignan abordou o tema
“Viabilidade do uso da irrigação em sistemas de produção de grãos
soja-milho”. Fazem parte do Estande da
Embrapa, neste ano,
a Embrapa
Agropecuária Oeste, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Produtos e
Mercado - Escritório de Dourados, Embrapa Soja e Fundação
Meridional.
Christiane Congro Comas Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): COMAS , C.C.; BORGES, S.Z.; Integração de tecnologias reduz riscos de perda com estiagem. 2013. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2013_1/tecnologia/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 22/02/2013 |