Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação para aproveitamento da torta de
pinhão-manso
O pinhão-manso (Jatropha
curcas L.) tem sido considerado uma das alternativas de
interesse para atender à demanda de óleo vegetal a ser usado na
produção de biodiesel e outros biocombustíveis. Esta oleaginosa
possui bom rendimento e qualidade de óleo favorável à produção de
biodiesel, adaptabilidade as diferentes regiões de cultivo,
longevidade, sendo também alternativa para diversificação da
agricultura. Apesar de suas potencialidades, a espécie está em
fase de domesticação, não existindo ainda cultivares e sistema de
produção validado para as diferentes regiões produtoras de
biodiesel. A Embrapa tem liderado pesquisas nesta área nos últimos
anos e, contando com significativos investimentos, avançou no
estabelecimento e caraterização de bancos de germoplasma, na
definição dos melhores tratos culturais, controle de pragas e
doenças. A torta, resultante da extração do óleo das
sementes de pinhão-manso, constitui excelente adubo orgânico, rico
em nitrogênio, fósforo e potássio, sendo também uma potencial fonte
proteica para a suplementação de animais (maior valor econômico). No entanto, a presença de compostos bioativos
tóxicos, alergênicos e antinutricionais, sendo os ésteres de forbol
os principais componentes tóxicos, restringem o uso da torta para
nutrição animal. Processos físicos, químicos e biológicos isolados e
combinados estão sendo testados pela Embrapa Agroenergia e seus
parceiros de pesquisa, tendo algumas combinações de tratamento
causado redução acima de 90% no teor de ésteres de na torta. Os tratamentos são selecionados levando em
consideração não apenas o nível de redução, mas também a
possibilidade de transposição para escala industrial (scale
up), viabilidade econômica e níveis de inclusão significativos
nas dietas. Outra estratégia que tem sido abordada é a exploração da
variabilidade genética para ausência de ésteres de forbol nos grãos.
Resultados
da substituição do farelo de soja por torta originada de
pinhão-manso atóxico para a suplementação de carneiros foram
promissores, com ensaio de desempenho equivalente ao grupo controle
e não causando danos aos animais tratados. Os resultados alcançados
até o momento demonstram que há potencialidade para o uso da torta
de pinhão-manso na suplementação animal, principalmente em regiões
não abastecidas pela cultura da soja e de seus coprodutos. Como
resultados das pesquisas geradas pela Embrapa espera-se em médio
prazo estabelecer processos industriais viáveis e capazes de
destoxificar a torta de pinhão-manso, bem como obter cultivares
comerciais de alta produtividade e sem a presença dos componentes
tóxicos. O alcance desses objetivos favorecerá a
diversificação da matriz energética para a produção de biodiesel e
contribuirá para o fortalecimento da cadeia produtiva do
pinhão-manso no Brasil. Bruno Galvêas Laviola é Pesquisador da Embrapa
Agroenergia Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT):
LAVIOLA, B. G.; RODRIGUES, C. M.; MENDONÇA, S. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para aproveitamento da torta de pinhão-manso. 2012 Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2012_3/Pinhao/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 01/08/2012 |