Sílvia Zoche Borges
Pratylenchus brachyurus.
Esse é o nome do nematóide, frequentemente encontrado em solos de
Cerrado, que começou a causar problemas a produtores rurais em Mato
Grosso do Sul há cerca de cinco anos. No Estado, o
P.
brachyurus infecta raízes de várias
culturas, principalmente da soja, em função da extensão do plantio e
da frequência com que aparece nas lavouras. A maior incidência é na região nordeste de MS, em
municípios como Chapadão do Sul e Costa Rica, e na região sul do
Estado em áreas com solos com menor teor de argila como Caarapó,
Laguna Carapã, Amambai e Rio Brilhante. Segundo o chefe adjunto de
Pesquisa & Desenvolvimento e pesquisador em nematologia vegetal da
Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme L. Asmus, os primeiros
registros de perdas nas lavouras no Centro-Sul do Estado foram há
aproximadamente três anos. "O que mais chama a atenção é que,
atualmente, esse parasito está entre as grandes preocupações do
produtor de Mato Grosso do Sul", diz Asmus. Entre os sintomas causados
pelo nematóide em soja, estão o amarelecimento e menor
desenvolvimento das plantas, o escurecimento das raízes e, no caso
de altas populações, o desaparecimento das raízes finas. Há
plantações em que podem ser encontradas cerca
de três mil espécimes por grama de raiz.
Neste caso, no fim do ciclo da soja, que fica mais curto pela queda
antecipada das folhas, as raízes estarão altamente comprometidas e
não haverá enchimento adequado dos grãos. Mas, apesar de ser um
nematóide de difícil manejo, não é impossível diminuir a infestação.
Foi o que disse o professor da Esalq, Mário Massayuki Inomoto, em um
Seminário na Embrapa Agropecuária Oeste neste mês de julho com o
tema "Nematóide das lesões radiculares: avanços e desafios". De
acordo com Inomoto, o produtor pode se valer de técnicas básicas de
manejo, que devem ser integradas: uso de cultivares resistentes e
tolerantes; de nematicidas, que possuem grande vantagem por ter
custo relativamente baixo; de controle biológico, que entre os
principais agentes estão fungos predadores e bactérias formadoras de
esporos (Pasteuria
thornei);
e de rotação ou sucessão de culturas - considerada pelo professor
como a técnica principal. "Atualmente, as culturas
mais efetivas para sucessão e rotação são
Crotalaria spectabilis,
Crotalaria ochroleuca, Crotalaria breviflora, Stylosanthes
spp., milheto 'ADR-300' e girassol. O produtor
deve acompanhar o desenvolvimento populacional do
Pratylenchus brachyurus que, se
chegar próximo a população de 200 a 800 cm³ de solo, já se deve
utilizar a crotalária", diz. Apesar da crotalária ser uma cultura de
verão, esse adubo verde reduz a incidência de nematóide ao longo do
tempo mesmo na entressafra, por ser uma planta não hospedeira.
Não se sabe ao certo como
foi a dispersão desse nematóide no Brasil. Entre as suspeitas está a
de que ele tenha chegado ao país entre as décadas de 1950 e 1960 por
meio de estacas enraizadas de capim-pangola. Mas o certo é que, o
nematoide sendo um parasita de solo, o produtor rural deve, no
mínimo, utilizar técnicas de limpeza de maquinário para evitar tanto
o
Pratylenchus brachyurus quanto
outros patógenos, escolher bem a procedência das sementes, e seguir
as técnicas de manejo citadas. "O importante é o produtor não ser
resistente em adotar as técnicas e atuar em várias frentes, antes
que a infestação inviabilize a cultura da soja", alerta Asmus,
pesquisador da Embrapa.
Sílvia Zoche Borges, MTb-MG 08223JP, é
Jornalista da
Embrapa Agropecuária Oeste
Contato: silvia.borges@cpao.embrapa.br (67) 3416-9742 Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): BORGES, S.Z. Técnicas básicas de manejo podem diminuir a infestação de nematóides. 2012. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2012_3/nematoides/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 06/08/2012 |