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Embrapa: 33 anos de monitoramento climático em Dourados

Carlos Ricardo Fietz

Neste mês de junho, as estações meteorológicas da Embrapa Agropecuária Oeste completam 33 anos de funcionamento ininterruptos, realizando o monitoramento climático da região de Dourados, em Mato Grosso do Sul. A primeira estação começou a operar em junho de 1979. Naquela época, o trabalho era todo manual e realizado por operadores que faziam três leituras diárias. Em janeiro de 2001, entrou em operação a primeira estação automática, iniciando uma nova fase na coleta de dados. Visando garantir ainda mais a qualidade das informações, em outubro de 2002, foi instalada uma segunda estação automática. As leituras dessas estações são rotineiramente avaliadas e inseridas no banco de dados climáticos da Embrapa Agropecuária Oeste para, então, fazerem parte da maior série meteorológica de Mato Grosso do Sul. A ocorrência de eventos extremos dessa série chama a atenção e, em parte, ilustra as dificuldades que algumas vezes o clima impôs à região de Dourados nesses últimos 33 anos.

Temperatura: Houve 13 registros de temperaturas negativas na série. A temperatura mais baixa foi 1,9ºC negativos e ocorreu em 17 de julho de 2000. Não houve mais ocorrência de temperaturas negativas a partir desta data. Em 37 dias ocorreram temperaturas superiores a 38ºC e a mais alta foi 40,7ºC, em 26 de setembro de 2004. A maior parte dessas temperaturas máximas ocorreu na primavera, principalmente em outubro.

Geadas: Em 133 dias houve possibilidade de ocorrência de geadas, resultando em uma média de quatro registros por ano. Quase a metade desse total ocorreu em julho, seguido de junho e agosto. Geadas em maio e setembro foram raras. Em 1990 e 2000, houve o maior número de geadas, em torno de dez, e em 1982 e 1995 não houve registro.

Umidade do ar: A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina estado de alerta quando a umidade relativa do ar está entre 12 e 20%. A situação ainda é mais grave, atingindo estado de emergência, quando a umidade é inferior a 12%. Nessa situação, a OMS recomenda que sejam suspensas todas as atividades em recintos fechados. Desde 2001, em 112 dias a umidade do ar atingiu níveis inferiores a 20% em Dourados. As menores ocorreram em agosto e setembro, das 12 às 17 horas. Houve oito registros de valores de umidade do ar inferiores a 12%, todos em 2010. O menor índice foi 8%, em 28 e 29 de agosto e 13 de setembro de 2010. Ressalta-se que 2010 foi o ano mais crítico desde 2001, pois em 35 dias, de agosto e setembro, a umidade do ar foi inferior a 20%.

Chuva e estiagem
Chuvas com mais de 100 mm em um dia, geralmente, causam transtornos, tanto no meio rural como no urbano. Em 13 ocasiões ocorreram chuvas diárias superiores a 100 mm. A maior totalizou 148 mm, em 8 de dezembro de 2006. A maior parte dessas chuvas ocorreu na primavera, de outubro a dezembro. Um dado preocupante, que pode estar relacionado às mudanças climáticas globais, é o fato da freqüência de chuvas intensas na região ter dobrado a partir de 2002. Na situação oposta, em 25 ocasiões ocorreram períodos com 30 ou mais dias consecutivos sem chuva e a maior estiagem da região durou 92 dias, no inverno de 1988, de 15 de junho a 14 de setembro.

Vento
A região de Dourados está sujeita à ação de ventos fortes que podem causar uma série de danos. Esses ventos ocorrem, principalmente, na primavera. De 2001 até maio de 2012, em 28 ocasiões ocorreram ventos com mais de 50 km/h. O vento mais forte registrado foi de 81 km/h e ocorreu próximo ao meio-dia de 26 de agosto de 2007. Mais Mais da metade desses ventos fortes ocorreram em outubro e novembro. Junho foi o único mês do ano sem registro de ventos fortes.

Futuro
A agricultura brasileira passa por um processo irreversível e intenso de transformação e modernização. Nesse contexto, é crescente a busca por informações relacionadas ao tempo, clima e produtos que auxiliem na tomada de decisões. Visando atender a essas demandas, a Embrapa Agropecuária Oeste desenvolveu em 2008 um site (www.cpao.embrapa.br/clima) que apresenta, em tempo real, as principais informações climáticas de Dourados e disponibiliza o seu banco de dados meteorológicos. Esse sistema de informação está sendo modernizado e ampliado, com previsão de novas estações meteorológicas situadas em outros locais de Mato Grosso do Sul.

Agrometeorologia e Previsão do tempo
Na Embrapa Agropecuária Oeste, assim como nas demais Unidades da Embrapa, as estações meteorológicas são utilizadas em agrometeorologia, que é a área da meteorologia que estuda a influência das condições atmosféricas nas plantas, ou seja, não são estações para previsão do tempo. A previsão do tempo é realizada por outras instituições, como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Centro de Previsão do tempo e Estudos Climáticos (CPETEC/INPE).


Carlos Ricardo Fietz é da Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste


Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

FIETZ, C.R. Embrapa: 33 anos de monitoramento climático em Dourados. 2012. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2012_2/embrapa/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 19/06/2012

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