Arno Rieder2 Um dos lugares ecologicamente mais incorretos
provocado pelo homem é, em geral, no Brasil, o ambiente urbano.
Embora o homem urbano seja o mais crítico sobre desflorestamentos no
meio rural, ao mesmo tempo em que é o maior consumidor de produtos
resultantes das produções destas áreas. Por exemplo, é contra a
cultura de soja, do algodão, mas é fiel consumidor de óleo de soja
em suas refeições assim como usuário de roupa de fio de algodão. Contudo, o ambiente urbano é o lugar onde se
concentram moradias, serviços e obras coletivas, em geral,
ecologicamente mal planejadas. O meio urbano tem elevada densidade
populacional. As pessoas que o compõem geralmente entram em conflito
e em competição com a maior parte dos elementos naturais que ali
existem ou existiam. Esta insana urbanização pode atingir níveis de
remoção drástica dos elementos que ali estavam em equilíbrio
natural, negando-lhes espaço para continuarem ali e que poderiam, em
planejamento mais racional, configurar, junto com a intrusão
adensada do homem, um meio urbano mais saudável. Os projetos de ampliação de ocupação urbana, na
maior parte dos municípios brasileiros, são executados de modo a
agredirem e desrespeitarem profundamente a natureza, desconhecendo o
papel que poderia proporcionar aos que ali querem chegar. Ilustra-se isto com os programas “Minha Casa
Minha Vida” e de outros conjuntos habitacionais: removem
inicialmente a vegetação; depois a camada superficial do solo, no
mínimo, no eixo das estradas, levando este solo para fora e longe;
na base da casa alteram tudo drasticamente; instalam casas de
concreto ou similar; implantam rede de esgoto no novo residencial,
mas levando os conteúdos para serem lançados em outros residenciais
mais antigos e menos adensados, até mesmo jogando
em quintais de outros moradores, nem tão próximo (até 2-6
Km). O poder público não podia deixar isto acontecer, mas deixa, faz
de conta que nada tem a haver com esta situação. Os ambientes urbanos futuros deveriam se
instalar em ambientes naturalmente já bastante equilibrados e
receberem os novos integrantes progressivamente, até um limite
suportável e em ritmo que propiciasse as adaptações e mobilizações
para alcance de novos estágios de equilíbrio. Uma primeira condição
seria remover o mínimo os elementos naturais do lugar, em especial a
vegetação. Os ambientes já urbanizados deveriam sofrer
avaliações profundas sobre a qualidade de vida que proporcionam e
qual a tendência disto, em face de sua situação atual de composição
e distribuição de elementos naturais, em especial referentes à
flora. As plantas ajudam a infiltração da água no
solo, assim como podem purificar ambientes contaminados ou evitar a
contaminação se disseminar; captam, absorvem, filtram a radiação
solar, ajudando a reduzir os danos da radiação nociva e, assim
ajudam até reduzir incidência de doenças como de câncer. Há municípios no Brasil que já taxam com IPTU
menor lotes que reduzem áreas concretizadas ou calçadas substituindo
isto por espaços arborizados, em face do serviço que isto presta de
aumentar a infiltração no solo de águas de chuvas, evitando
desastres com enchentes.
O verde urbano estabelece um microclima mais
ameno e estável e, de microclima em microclima se pode chegar a um
macroclima mais estável e saudável. São vários os componentes de
clima que são afetados pela vegetação, e funcionam como regulador
tampão de: temperaturas, umidade, ventos, irradiação solar,
evapotranspiração, luminosidade, etc. As plantas oferecem sombra, extremamente
importante em regiões tropicais e subtropicais. A ausência ou pouca vegetação em meio urbano
faz a condição local se aproximar a ambiente desértico. O ambiente urbano vegetado ajuda a reciclagem
de nutrientes no solo e a retenção destes, assim como a produção de
madeira, lenha, material para artesões, frutos, flores, fontes para
néctar, pólen e resinas para abelhas. O cultivo de vegetais em meio urbano ajuda a
amenizar o gasto com compras de alimentos (verduras, frutas, raízes,
etc.), complementando a renda familiar. As mangueiras, cajueiros,
seriguelas, bocaiúvas e outras espécies em ambiente público ajudam a
alimentar muitas famílias e crianças carentes neste Brasil tropical. A indústria natural “verde vegetal” seqüestra
carbono, despoluindo, diante da alta emissão e concentração de
carbono no meio urbano (emissão desde o que é emitido por cada
pessoa até pela indústria e pela combustão de automóveis); em troca
ainda libera-nos o oxigênio. Logo o verde urbano também propicia
mais um serviço de alto valor: a despoluição e oxigenação do
ambiente. As plantas ornamentam o ambiente. Estimulam
criatividades de arranjos florísticos, seja para jardins
particulares como públicos. O verde urbano abriga um ambiente saudável,
harmonicamente sonoro (ex.: pássaros cantando) e aromatizado (ex.:
pelas flores) para o exercício físico do amanhecer ou do entardecer;
a caminhada neste ambiente
é um dos melhores remédios para desestressar e se
re-energizar de bons fluídos. O ato de
cultivar plantas e passear entre elas é um potentíssimo elixir da
longa e saudável vida, e este exercício além de gerar uma interação
de energização positiva entre homem-planta, abre caminhos à
comunicação com o bem e com Deus. Quanto a composição da vegetação urbana esta
preferencialmente deve ser bastante diversa, constituída de espécies
que precisam ser preservadas, que possam produzir coisas de alto
valor como: frutas, flores, madeiras, lenha; enraizar
pivotantemente; atrair predadores de pragas; ter alta capacidade de
despoluir e de oxigenar;
disponibilizar substâncias e compostos medicamentosos
para trato da saúde (plantas medicinais), etc. O verde urbano atrai e possibilita a
re-instalação da diversidade biológica animal também, assim como o
estabelecimento de um controle natural sobre animais-pragas,
evitando explosão populacional O verde vegetal é uma dádiva divina para
propiciar a vida neste nosso planeta. É a indústria do princípio de
tudo, pois daí origina-se a produção primária de biomassa: alimento;
matéria prima para abrigos, instrumentos, acomodações, decorações,
comunicação (ex.: papel) energia; medicamentos, etc. Organizações de saúde (OMS) mundialmente
respeitadas recomendam por volta 12 m2 de área verde por
habitante. O novo código florestal prestes a ser implantado no
Brasil indica que deve haver 20 m2 em média, bem
distribuídos, por habitante brasileiro. Isto é um grande avanço, e
quem não puder ter isto pode pagar por serviços ambientais a outros
que tem sobrando. Um grande desafio, que se tem é convencer cada
cidadão atual para dar sua contribuição a implantação do verde
urbano requerido, enquanto as futuras gerações adultas devem ser
convencidas principalmente pelas escolas, através do processo formal
de ensino-aprendizagem, complementado por ações e informações desde
familiares, de
associações e até da mídia massiva. Professore(a)s: temos
uma desafiadora e bela tarefa pela frente, de educar para um
verde urbano planejado, implantado e mantido, oferecido para as
atuais e futuras gerações, que se sucedem. 1-Parte
de uma palestra sobre o “verde urbano” em escolas de Cáceres (MT);
Articulação: Grupo Pesq. -
FLOBIO, PRAGADU, e
pela Assessoria de Extensão da Coord. Do Campus Universitário de
Cáceres, Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). 2-Prof./Extensionista/Pesquisador;
Dr. em Saúde e Ambiente: Unemat/Empaer-MT, Cáceres (MT), 2 de abril
2012. Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): RIEDER, A. Importância do verde urbano. 2012. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2012_2/VerdeUrbanol/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 14/05/2012 |