Tecnologia de feromônios para controle biológico de pragas ao
mercado
Os feromônios são os mais importantes elementos
da comunicação entre os insetos.
São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em
cada espécie, que atuam como meios de comunicação.
Na natureza, os feromônios são responsáveis pela atração
de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, demarcação de
território e outros tipos de comportamento. Os cientistas
reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza
para monitorar o comportamento dos insetos-praga e interromper a
sua reprodução.
O Laboratório de Bioecologia e Semioquímicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolve estudos com os semioquímicos (feromônios e cairomônios) das diferentes espécies de percevejos da soja desde 1990 para controle e monitoramento de percevejos que atuam como pragas na cultura da soja no Brasil.
Mas faltava identificar um parceiro com capacidade técnica para levar essa tecnologia ao mercado. “Encontramos na ISCA um parceiro capaz de transformar essas pesquisas em produtos comerciais”, afirma o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Miguel Borges.
A ISCA, sediada em Ijui/RS, possui um grupo de
pesquisa e desenvolvimento com capacidade de síntese, produção e
formulação de feromônios, prototipação de armadilhas e
desenvolvimento de metodologias de manejo integrado de pragas. O
objetivo final da parceria entre
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a
empresa ISCA Tecnologias
é disponibilizar ao setor produtivo da soja
metodologias de monitoramento dos percevejos da soja utilizando
armadilhas iscadas com feromônios que auxiliem os produtores a
adotarem técnicas de manejo que aumentem a eficiência do
controle.
Percevejo: inimigo da soja de norte a sul do
Brasil
A soja é uma das principais culturas agrícolas do
Brasil, com uma produção de 67 milhões de toneladas,
envolvendo 16 estados e uma área
superior a 21 milhões de hectares. O percevejo da soja é
uma das pragas mais nocivas a essa cultura de norte a sul do
Brasil e também em outros países, como Argentina e Estados
Unidos.
O ataque dos percevejos causa atrofia nos grãos,
diminuindo seu valor de mercado e resultando em prejuízos
econômicos.
Hoje a tecnologia existente para monitoramento e identificação
da presença de percevejos nas lavouras de soja é a técnica do
pano de batida, que além de exigir mão-de-obra qualificada,
demanda tempo dos técnicos envolvidos no monitoramento e, por
isso, não é muito utilizada pelos produtores, especialmente em
plantios extensivos. O controle dos percevejos tem se baseado em
calendários de aplicações baseados na fenologia das plantas com
intervenções pouco criteriosas, que não levam em conta a
dinâmica dos percevejos no campo.
Armadilhas à base de feromônios: monitoramento e
controle dos percevejos nas lavouras
As armadilhas desenvolvidas a partir de
feromônios facilitam o monitoramento dos percevejos nas lavouras
de soja, pois as capturas são especificas à praga-alvo, exigindo
somente que o produtor conte o número de insetos. “O que se
espera no futuro é que o produtor espalhe as armadilhas na área
cultivada e faça inspeções semanais em busca de percevejos.
Sempre que o número de insetos alcançar uma quantidade
pré-determinada a aplicação de inseticida será recomendada,
aumentando a efetividade do controle, e o mais importante:
diminuindo o número de aplicações de pesticidas, o que protege o
bolso do agricultor e o meio ambiente”, afirma Borges.
Testes realizados em campo com o
feromônio sintético de Euschistus heros,
conhecido popularmente como percevejo marrom da soja tem
apresentado resultados positivos.
Pesquisas buscam um único produto para o complexo
de percevejos da soja
Com os bons resultados obtidos, os pesquisadores
estão focados agora em desenvolver uma única formulação para as
diferentes espécies do complexo de percevejos da soja.
Paralelamente, desenvolvem também ações de pesquisa voltadas à
disponibilização da tecnologia para os agricultores, como, por
exemplo, determinar a melhor concentração dos compostos e
desenvolver armadilhas com maior poder de captura e retenção dos
insetos.
“Uma vez conhecida a dinâmica de atração dos percevejos com feromônios será possível evoluir para o desenvolvimento de produtos de controle”, adianta o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Esse sistema de controle biológico já está sendo utilizado pela empresa ISCA para duas pragas de maçã.
Fernanda Diniz
Fones: (61) 3448-4769 e 3340-3672
E-mail:
fernanda@cenargen.embrapa.br
Colaboração: Leandro Mafra (ISCA Tecnologias)
Dados para citação bibliográfica(ABNT): DINIZ, F. Tecnologia de feromônios para controle biológico de pragas ao mercado. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_4/feromonios/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 31/10/2011 |