FUNDAMENTOS DA COMBUSTÃO DE BIOMASSA
PAULO GAMA INTRODUÇÃOA história da fluidização teve seu início com a demonstração do processo de gaseificação em leito fluidizado em 1921 por Fritz Winkler da Alemanha. Desde então, a tecnologia da fluidização tem sido utilizada de forma crescente nos mais diferentes processos envolvendo sólidos particulados. Dentre esses processos destaca-se a combustão, gaseificação, secagem, recobrimento de partículas, aquecimento e resfriamento de partículas, craqueamento do petróleo e diversas reações de síntese (BASU, 2006). Essa observação, juntamente com relatos de outros pesquisadores levou ao aparecimento e desenvolvimento do leito fluidizado borbulhante (LFB) ou bubbling fluidized bed (BFB) para combustão e gaseificação. O primeiro combustor LFB possuía 12m2 de seção transversal muito maior que os padrões de combustores com leito borbulhante atuais. O leito fluidizado circulante (LFC) ou circulating fluidized bed (CFB) teve seu início em 1938 quando Warren Lewis e Edwing Gilliland conceberam um novo processo gás-sólido no Massachusetts Intitute of Technology na tentativa de encontrarem processo apropriado para o craqueamento catalítico. Surgiu assim o leito fluidizado rápido ou fast fluidized bed (FFB). A aplicação inicial do LFB ficou restrita inicialmente à indústrias petroquímicas no processo de craqueamento catalítico não atendendo ao campo da combustão e gaseificação. Porém Lurgi foi quem encontrou no LFB uma excelente técnica para operação de sólidos finos sujeitos a velocidades elevadas. A primeira caldeira a operar com LFC, projetada
especialmente para atender a uma planta de potência foi construído
na Alemanha em 1982 com capacidade de total de 84 MW através da
queima de carvão pulverizado na presença de calcário.
ESTADO DA
ARTE-CARACTERÍSTICAS DOS LEITOS FLUIDIZADOS A notável característica dos sistemas de leito fluidizado reside em queimar pequenas quantidades de combustível com baixas emissões de NOx e além disso poder acrescentar na mistura de combustível o calcário para capturar o enxofre que é aplicada tanto em leito borbulhante quanto em leito fluidizado circulante. Para discutir essas circunstâncias nos quais o combustor LFC apresenta benefícios, é importante compreender as condições de operação aproximadas para cada tipo de combustor. Na tabela 1, estas condições estão listadas para cada tipo de leito e comparadas de acordo com os sistemas de combustão. Na tabela 2 foi feito um quadro comparativo das características de leitos fluidizados.
Considerando o processo gás-sólido em um leito fluidizado
circulante, as partículas sólidas entram na coluna principal ou
riser, onde encontram um fluxo de ar ascendente que as
transporta em direção ao ciclone. Nesse dispositivo as partículas
são separadas da corrente de gás, retornando ao fundo do riser.
Forma-se assim um ciclo, onde estas partículas ficam circulando até
que atinjam, em função das reações químicas ou em função do atrito
no interior do sistema, um diâmetro inferior ao diâmetro de corte do
ciclone ou um diâmetro superior ao diâmetro da maior partícula
arrastada pelo fluxo de gás no riser. Na primeira situação as
partículas escapam do ciclone juntamente com o fluxo de gás e na
segunda situação as partículas permanecem no fundo do reator,
causando uma maior concentração de sólidos nesta seção do sistema,
caso não haja uma retirada simultânea de material pelo fundo do
reator. A Figura 1 mostra o
esquema típico de um leito fluidizado circulante, com setas
indicando os principais componentes do circuito.
As
partículas podem circular pelo reator várias vezes enquanto que o
fluido atravessa o riser
apenas uma vez. A operação, a alta velocidade superficial do gás no
riser (valores típicos de O termo leito fluidizado circulante foi também usado para sistemas bifásicos sólido-líquidos e trifásicos gás-sólido-líquido. Entretanto, predominantemente o interesse maior continua a ser o sistema bifásico gás-sólido (RAMÍREZ, 2007). As variáveis para operação comercial de leitos fluidizados circulantes, incluindo leitos densos e diluídos, usualmente respeitam as seguintes faixas (YANG, 2003):
·
Velocidade superficial do gás: 2-12 m/s;
·
Fluxo
líquido de sólido através do riser: 10-1000 kg/m2s;
·
Temperatura: 20-
·
Pressão:
100-2000 kPa;
·
Diâmetro
médio da partícula: 50-500
mm;
·
Altura
total do leito: 15- Contribuições históricas de desenvolvimento de leitos fluidizados circulantes partiram de Reh (1986) e Squires (1994). Vantagens citadas deste tipo de leito em comparação com leitos borbulhantes e outro tipos de contato gás-sólido são:
·
Vazões
de gás elevadas;
·
Tempo de
residência das partículas longo e controlável;
·
Temperatura uniforme, sem picos;
·
Flexibilidade na operação com partículas de diferentes tamanhos,
densidades e geometrias;
·
Contato
efetivo entre gás e partículas;
·
Poder
substancial de mistura das partículas sólidas;
Entre as
desvantagens são citadas:
·
Necessidade de uma estrutura com comprimento elevado: pequenas
escalas de leito são raramente viáveis;
·
Superfícies internas se desgastam em função do atrito;
·
Transferência de calor emulsão – parede menos favorável em relação a
baixas velocidades de fluidização;
·
Gradientes laterais podem ser considerados;
·
Perda de
partícula devido ao arraste. A transferência de calor emulsão deixa de ser considerada uma desvantagem na medida em que pode ser compensada com o uso de uma superfície ou volume maior para troca de calor. Já a perda de partícula devido ao arraste depende da eficiência do ciclone em reter as partículas oriundas do riser e conduzi-las ao downcomer. A diferença das faixas de operação de velocidade do ar de leitos borbulhantes e leitos circulantes reside no tipo de construção de sua base por onde o combustível sólido será injetado no sistema após completar um ciclo de volta. O leito borbulhante apresenta uma grande área plana por causa das baixas velocidades e com a presença de tubos para a troca de calor. O leito fluidizado circulante apresenta uma área bem menor, mas dotado de elevada altura para proporcionar um adequado tempo de residência e transferência de calor. Neste tipo de fornalha a transferência de calor ocorre pela superfície que se apresenta na forma vertical por intermédio de uma parede de água para minimizar a erosão. A teoria da hidrodinâmica de formação das bolhas e sua movimentação em um leito fluidizado de partículas foram estudados e propostos por Davidson (1963). Kunii e Levenspiel (1991) apresentam uma teoria mais detalhada a respeito da formação das bolhas além de proporem modelos de fluidização, chamada de terceira fase ou fase de “nuvem” (cloud). Essa teoria se baseia na velocidade comparativa entre bolha e gás de fluidização. Sendo a velocidade do gás maior que a da bolha, o gás circunda a bolha pela parte baixa e a deixa pelo topo da bolha. No caso contrário, o gás circunda a bolha pela parte alta e sai pela base da bolha, conforme as figuras 2 e 3.
1.1. Leito Fluidizado Rápido
Em
CFB, a fluidização rápida pode ser caracterizada por possuir elevada
velocidade gás-sólido de suspensão onde as partículas, elutriadas ou
arrastadas pelo gás fluidizante com velocidade acima da velocidade
terminal da partícula individual são recuperados e voltam a base da
fornalha a uma taxa suficientemente elevada, provocando assim um
determinado grau de refluxo de sólidos que garantem um nível mínimo
de uniformidade na temperatura da fornalha.
1.1.1. Características de leitos rápidosO termo leito rápido ou fast bed foi introduzido por Yerushalmi et al. (1976), descrito como um regime de transição entre fluidização turbulenta e transporte pneumático. Em um típico leito fluidizado, observa-se a não uniformidade na suspensão de um pequeno aglomerado de partículas se movendo tanto no sentido ascendente como descendente de forma diluída sob ação ascendente contínua do fluxo de gás-sólido (figura 4
A elevada velocidade de escorregamento ou atrito entre o gás e os sólidos, formação e desaglomeração dos conjuntos de partículas e excelente mistura são características principais desse tipo de regime. A variação da densidade de suspensão axial e radial é outro fator físico característico do leito rápido. A formação de aglomerados sólidos não é uma condição adequada para o leito fluidizado rápido, mas um aspecto importante e necessário desse regime. No transporte pneumático, a descrição qualitativa do fenômeno de formação dos aglomerados sólidos está presente na figura 5. 1.1.2. Transição para a fluidização rápida.
No interior do duto de um combustor LFC com uma taxa de
alimentação constante de sólidos e sobre a ação ascendente do gás de
fluidização, tem-se inicialmente um transporte pneumático. Se a
velocidade superficial do gás que atravessa a coluna diminuir
(figura 1.8),
sem alteração da taxa de alimentação de sólidos, a queda de pressão
por unidade de altura da coluna tende a diminuir devido a redução do
atrito com a parede (C-D). Entretanto, a suspensão dos sólidos
aumenta com a diminuição da velocidade do gás. Desse modo, a queda
de pressão na coluna é totalmente atribuída em função do arraste
gás-sólido, mas podendo corresponder também ao atrito parede-gás e
gás-sólido. Sobre condições de regime permanente o atrito gás-sólido
é equivalente ao peso dos sólidos. Com o contínuo decrescimento da
velocidade superficial (figura 6), o leito se torna denso e a
diferença de pressão começa a aumentar (D-E). O ponto reverso (D)
marca o início do leito rápido a partir do transporte pneumático.
Se a velocidade superficial diminuir novamente, a concentração de sólidos na coluna aumenta até um ponto onde ocorrerá a sua saturação e o gás será impedido de escoar. Os sólidos começam a se acumular, enchendo a coluna, causando um aumento rápido na pressão. Essa condição (E) é chamada de choking. Em colunas de diâmetro menor, o leito de partículas apresenta movimento pistonado, também chamado de slugging, ao passo que em leito de diâmetro maior o regime de fluidização se torna turbulento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Efeito do tamanho de partícula no
perfil de densidade de suspensão
A temperatura é reduzida devido ao incremento da transferência de calor ocasionado pela elevada densidade de suspensão de sólidos que ocupam o leito, consumindo menos energia do sistema. Quando as partículas são finas, há maior quantidade de inventário transportada para a região superior do riser, tornando-se essa região maior absorvedora de calor. Para maior tamanho de partícula, a região inferior do riser agora se torna maior consumidora de calor, diminuindo o coeficiente de troca de calor da região superior. A tabela 3 mostra o grau de efeito de variáveis para um leito fluidizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Em um combustor de leito fluidizado é necessário
algum tipo de material inerte, como por exemplo, cinza e areia. O
combustível sólido o qual, dependendo de sua reatividade, representa
entre
RESUMO:Esta trabalho de cunho científico apresenta fundamentos da combustão de biomassa em leito fluidizado circulante, suas principais características, além de aspectos fluidodinâmicos do regime de fluidização rápida. Foi realizado o levantamento bibliográfico de artigos relacionados à combustão e emissão de óxidos de visando o embasamento teórico sobre esses assuntos assim como a futura comparação dos resultados obtidos neste relatório, analisando os tipos de rotas tecnológicas que justificam sua viabilidade técnica, econômica e ambiental. Palavras-chave: Energia; Leito Fluidizado Circulante; Combustão de Biomassa. REFERÊNCIAS
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Estudo das emissões de mercúrio na combustão de carvão mineral
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Moura,
Johnson Pontes de possui graduação
em ENGENHARIA QUÍMICA pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (2000) e mestrado em Engenharia Química pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (Outubro de 2007). , atuando
principalmente nos seguintes temas: Modelagem de transmissão de
calor em alimentos submetidos a protótipos de energia
alternativa(fogões solares); Estudo comparativo entre as formas de
energias convencionais e não convencionais; Secadores solares.
Cursei algumas disciplinas de Doutorado em Engenharia Química pela
Universidade Federal de Campina Grande e também de pós-graduação no
Curso de Licenciamento Ambiental on shore(PROMINP-PETROBRÁS).
Lecionei na função de Professor Adjunto dos Departamentos de
Engenharias Química e Mecânica da Faculdade de Aracruz e nesta
instituição, participei da elaboração do projeto do curso de
Pós-graduação Lato sensu em Gestão Ambiental(2008-2009). Também
lecionei em Cursos de Pós-Graduação disciplinas na Área de Gestão da
Produção em Petróleo e Gás (FACULDADE UNISAM-ES), Módulo de Geologia
e Geofísica do Petróleo(FACULDADE UNISAM-ES) e de Didática do Ensino
Superior (Curso de Pós-Graduação em Direito Processual
Civil-FACULDADE DO VALE DO CRICARÉ-UNIVC-ES) e Módulo Metodologia do
Trabalho Científico para os cursos de Pós em MBA em Gestão
Empresarial Contemporânea e Gestão Ambiental(FACULDADE DO VALE DO
CRICARÉ). Atuei como professor Substituto da Universidade Federal do
Espírito Santo, lecionando as disciplinas de Química Instrumental e
Química Geral para os cursos de Agronomia e Farmácia no CEUNES, em
São Mateus/ES. Cursei as disciplinas de Doutorado como Aluno Regular
na UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas: CONDUÇÃO TÉRMICA,
ENGENHARIA DE FLUIDIZAÇÃO E TÓPICOS EM TERMODINÂMICA
APLICADA-SISTEMAS TÉRMICOS DE POTÊNCIA.
Paulo Henrique Ramalho Pereira Gama possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (1996), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (1998) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (2007). Foi consultor em pesquisa e desenvolvimento para a Centrais Elétricas de Rondônia - CERON (2005 a 2007) e para as empresas Tangará Energia S.A. (2007), Energest S.A (2007 e 2008), Transmissoras Brasileiras de Energia - TBE (2009), Sistema de Transmissão Nordeste - STN (2008) e Investco S.A (2005 e 2009). Atualmente é consultor em pesquisa e desenvolvimento para as Empresas: Termopernambuco SA. (2005-) e Itapebi Geração de Energia SA (2006-), Afluente Geração e Transmissão de Energia S.A.(2009-), Baguari Geração de Energia S.A., Geração CIII (2009-), assessorando também a Companhia Energética Potiguar - CEP (2009). É diretor da B&G Pesquisa e Desenvolvimento em Sistemas Elétricos Ltda onde já desenvolveu projetos de pesquisa e desenvolvimento para empresas como Companhia Energética de Pernambuco - Celpe e ainda desenvolve para Bandeirante Energia S.A, Light Serviços de Eletricidade S.A., Eletropaulo Metropolitana S.A. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Distribuição de Energia Elétrica, atuando principalmente nos seguintes temas: geração distribuída de energia, eficiência energética, qualidade da energia elétrica e pesquisa e desenvolvimento. Atua como consultor em energia e eficiência Energética para a Transportadora Rapidão Cometa. Integrante do IEEE e do CIGRE no WGC6.
Guilherme
Cardim Gouveia de Lima
possui
graduação em Administração de Empresas pela Universidade de
Pernambuco e pela Universidad de Alcalá de Henares, Madri/Espanha
(2007). MBA em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal
de Pernambuco (2009). Certificado Project Management Profesional
(PMP) pelo Project Management Institute - PMI. Atualmente é diretor
administrativo da Versattus Gestão de Projetos e Energia Ltda e
gerente administrativo do Centro de Gestão de Tecnologia e Inovação
- CGTI Nordeste. Também é coordenador administrativo do Núcleo de
Gestão em Gerenciamento de Projetos da FCAP/UPE e professor de
cursos sobre Gerenciamento de Projetos. Realiza trabalhos de gestão
e execução de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
para diversas empresas do setor elétrico nacional.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): MOURA, J.P; GAMA, P; CARDIM, G.. de Fundamentos da combustão de biomassa em leito fluidizado circulante. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/FundamentosCombustao/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 14/07/2011 |