CTNBio aprova feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa
Decisão marca uma vitória para a ciência brasileira, já que esse
é o primeiro produto GM totalmente desenvolvido por instituições
públicas nacionais. Variedades resistentes ao vírus do mosaico
dourado devem chegar aos produtores em 2014.
A CTNBio - Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança aprovou em 15 de setembro durante sua reunião
mensal em Brasília, DF, a liberação para cultivo comercial do
feijão geneticamente modificado (GM) desenvolvido pela Embrapa –
Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária. Foram 15 votos a
favor, duas abstenções e cinco pedidos de diligência
(necessidade de complementação). O feijão é resistente ao vírus
do mosaico dourado,
pior
inimigo dessa cultura agrícola no Brasil e na América do Sul.
Essa decisão foi um marco para a ciência nacional, pois trata-se
da primeira planta transgênica totalmente produzida por
instituições públicas de pesquisa brasileiras.
As variedades GM são
resultados de mais de 10 anos de pesquisa e foram desenvolvidas
em parceria por duas unidades da Embrapa: Recursos Genéticos e
Biotecnologia (Brasília, DF) e Arroz e Feijão (Goiânia, GO).
Batizadas de Embrapa 5.1, as novas variedades garantem vantagens
econômicas e ambientais, com a diminuição das perdas, garantia
das colheitas e redução da aplicação de produtos químicos no
ambiente.
No Brasil, o mosaico dourado está
presente em todas as regiões produtoras de feijão e, se atingir
a plantação ainda na fase inicial, pode causar perdas de até
100% na produção. Segundo estimativas da Embrapa Arroz e Feijão,
os danos causados pela doença seriam suficientes para alimentar
de cinco a 10 milhões de pessoas.
Com a aprovação pela CTNBio, as sementes transgênicas serão multiplicadas e devem chegar ao mercado dentro de dois a três anos.
Nova tecnologia de transformação genética
Para chegar às variedades
geneticamente modificadas, os pesquisadores da Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, Francisco Aragão, e da Embrapa Arroz
e Feijão, Josias Faria (FOTO), utilizaram quatro estratégias de
transformação genética.
Em linhas gerais, eles modificaram
geneticamente a planta para que ela produzisse pequenos
fragmentos de RNA responsáveis pela ativação de seu mecanismo de
defesa contra o vírus mosaico dourado, devastador à lavoura.
"Mimetizamos o sistema natural", diz
Francisco Aragão, explicando que a grande vantagem dessa nova
técnica é que não há produção de novas proteínas nas plantas, e
consequentemente não há possibilidade de alergenicidade e
toxidez. Além disso, os fragmentos de RNA podem causar
resistência a várias estirpes do mesmo vírus.
Os pesquisadores construíram um
vetor para geração de plantas transgênicas com o objetivo de
bloquear a multiplicação do DNA viral.
Desde 2006, os pesquisadores da
Embrapa repetem pesquisas de campo com o feijão transgênico
Além de testar a eficiência das
variedades transgênicas, essas análises avaliaram a
biossegurança para comprovar a sua inocuidade ao ambiente e à
saúde humana, em parceria com a Embrapa Agroindústria de
Alimentos, Embrapa Agrobiologia e a UNESP.
Impactos sociais da engenharia genética
Esse projeto é um exemplo significativo de
impacto social e alimentar do uso da engenharia genética. No
Brasil o feijão é uma cultura de extrema importância social, já
que é produzido basicamente por pequenos produtores, com cerca
de 80% da produção e da área cultivada em propriedades com menos
de
Além disso, é a
principal fonte vegetal de proteínas (o teor das sementes varia
de
A produção mundial de feijão é superior a 12
milhões de toneladas. O Brasil ocupa o segundo lugar na produção
mundial, mas sua produção ainda não é suficiente para suprir a
demanda interna, o que se deve em grande parte às perdas
causadas por pragas e doenças como o mosaico dourado do
feijoeiro, associadas a estresses hídricos.
“Com as variedades GM, resistentes ao vírus,
esperamos poder diminuir consideravelmente os danos e contribuir
para estabilizar o preço do produto no mercado”, comenta Aragão.
O principal benefício ambiental
das variedades GM é a redução na aplicação de produtos químicos
(inseticidas) no ambiente. Além disso, melhoram a produtividade
e, consequentemente, reduzem o avanço da agropecuária sobre
áreas de florestas.
Fernanda Diniz
Contato: Fones:
(61) 3448-4769 e 3340-3672
Dados para citação bibliográfica(ABNT): DINIZ, F.. CTNBio aprova feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_3/FeijaoTrans/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 20/09/2011 |