A propagação da aceroleira na Alta Paulista Mauricio Dominguez
Nasser
A produção de
frutas representa uma grande força para a economia do Brasil, sendo
a Região da Alta Paulista Caracterizada como cultura perene, a grande importância da aceroleira refere-se ao fator nutricional dos frutos, que contém altos teores de vitamina C (ácido ascórbico), o que fez da acerola uma fruta altamente requisitada no mercado mundial para o preparo de sucos e no consumo "in natura" (PIO, 2003). O cultivo da acerola teve um grande impulso nos últimos anos na região dos municípios de Junqueirópolis e Dracena, que são na sua maioria destinados às indústrias de processamento de sucos e polpas da própria região. Em termos de cultivares de acerola indicadas para produção comercial, a Olivier que foi selecionada pela Associação de Produtores de Junqueirópolis, obtém destaque pelo alto potencial produtivo e qualidade dos frutos. A aceroleira suporta os diversos tipos de propagação existentes, quais seja, através de sementes, estaquia, enxertia, alporquia e mergulhia (CASTRO; KLUGE, 2003). Gonzaga Neto e Soares (1994) enfatizam que mesmo que a estaquia proporcione uma maior rapidez na obtenção de mudas de aceroleira, quando comparada com a enxertia, esta última possui algumas vantagens que devem ser levadas em conta. Asenjo (1980), Araújo e Minami (1994); Nogueira
(1997); citados por Konrad (2002) demonstraram diferentes
classificações botânicas com relação à espécie botânica pertencente
à aceroleira, sendo encontrada na literatura como
Malpighia punicifolia L.,
Malpighia emarginata DC e
Malpighia glabra L.
Castro e Kluge (2003) definem a aceroleira como um arbusto perene,
de porte médio, atingindo de As sementes são pequenas, ovóides, não
albuminadas, medindo de Couceiro (1985) relatou que a dispersão da acerola ocorreu muito antes da descoberta da América através de nativos das ilhas da América Central, os quais se alimentavam intensamente da mesma e a conduziam em suas migrações, disseminando-a pelas diversas ilhas. Marino Netto (1986) considerou a aceroleira proveniente das Antilhas, norte da América do Sul e América Central, porém não encontrou um esclarecimento sobre seu centro de origem. No Brasil, o interesse por esta frutífera iniciou-se por volta de 1955, em Pernambuco, através da Universidade Rural de Pernambuco. Despertou bastante interesse após a descoberta do seu alto conteúdo de ácido ascórbico (vitamina C) presente nos frutos (CASTRO; KLUGE, 2003). Os mesmo autores relatam que a família Malpighiaceae compreende mais de 60 gêneros e 1000 espécies, sendo que o gênero de maior importância econômica é o Malpighia, que possui mais de 40 espécies. Em termos de produção de acerola destacam-se Barbados, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, Guiana Francesa, Filipinas, Haiti, Ilhas do Mar do Caribe, México, Peru, Suriname, Venezuela, Vietnã e alguns países da África. E como principais importadores os Estados Unidos, Japão, Holanda, Alemanha e França (MANICA et al., 2003). Côrrea et al. (2002) relatam que a acerola está sendo consumida de forma crescente pelos japoneses, europeus e norte-americanos. No Brasil, destacam-se as regiões Norte e Nordeste como as principais produtoras desta fruta, e os Estados da Bahia e Pernambuco ocupam a primeira e segunda posição, respectivamente (TITTOTO et al., 1998). A Associação de Produtores Rurais de Junqueirópolis-SP, entidade que produz e comercializa anualmente em torno de 4000 ton. de acerola, através de seus representantes constatou que a procura pelo produto é constante e que a tendência para os próximos anos é de aumento em termos de mercado de exportação (ASSOCIAÇÃO AGRÍCOLA DE JUNQUEIRÓPOLIS, 2010). Os produtores e o mercado consumidor da acerola (Malpighia emarginata D.C.) surgiram em razão do alto teor de vitaminas, especialmente a C e compostos existentes no fruto, como os antioxidantes (ASENJO; MOSCOSO, 1950). Segundo Meira (1995), a acerola é
excepcionalmente rica, Algumas
variedades de acerola, desenvolvidas mediante a clonagem de
genótipos agronomicamente superiores, têm sido cultivadas no Vale do
Rio São Francisco, nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e
Sergipe, a saber: Acaal, Flor Branca, Jumbo Vermelho, Okinawa, Rubi
Tropical e Sertaneja (PACHECO et al., 1999). Ritzinger et al. (2003)
relatam que a variedade Okinawa foi introduzida do Japão.
Caracteriza-se como uma planta bem definida, com formação de copa
elevada, de pequeno diâmetro e pouco arejada, apresenta ramos com
intensa folhagem e floração, porém o índice de frutificação é baixo
em plantios isolados; o desprendimento precoce dos frutos faz com
que o aproveitamento seja pequeno; produz frutos grandes, de
coloração vermelha, com peso médio ao redor de Dentro das
variedades recomendadas para o Norte e Nordeste como poderá ser o
caso da cultivar Okinawa desenvolvida no estado do Pará pela
Cooperativa de Produtores de Tomé-Açu. Nesta região, o material
apresenta frutos grandes e consistentes, teor acima de 2200 mg de
vitamina C em Já a cultivar Olivier apresenta frutos grandes,
média de No Brasil, Ritzinger et al. (2003) reportam que a expressiva maioria dos plantios comerciais de acerola foi estabelecida, de forma generalizada, com base em mudas obtidas de sementes, havendo em decorrência disto, uma grande desuniformidade entre plantas, com reflexos negativos na produtividade e qualidade de frutos. Desse modo, o emprego da propagação vegetativa deve ser preferido, pois permite a multiplicação (clonagem) de indivíduos com características agronômicas superiores, permitindo uma maior renda ao produtor. O domínio do método de propagação é fundamental, tanto para o melhorista, como para o agricultor e a indústria, por assegurar a formação de plantios uniformes de aceroleira e de qualidade (GOMES et al. 2000). A propagação por sementes é problemática para a aceroleira, devido à ausência de embrião, o que pode, muitas vezes, ser superior a 50% (MUSSER et al., 1987). Os autores comentam que a falta de embrião nas sementes é decorrente de possíveis problemas de incompatibilidade, que são maiores quando a planta se autofecunda, e menores quando ocorre o cruzamento entre variedades diferentes. A aceroleira suporta os diversos tipos de propagação existentes, quais seja, através de sementes, estaquia, enxertia, alporquia e mergulhia. Em escala comercial, o método de propagação que tende a ser o mais utilizado é a estaquia, pois tem proporcionado maior precocidade na produção e garantia na manutenção das características genéticas da planta matriz (CASTRO; KLUGE, 2003).
Gonzaga Neto e
Soares (1994) enfatizam que mesmo que a estaquia proporcione uma
maior rapidez na obtenção de mudas de aceroleira, quando comparada
com a enxertia, esta última possui algumas vantagens que devem ser
levadas A principal razão para se utilizar métodos vegetativos como enxertia na multiplicação de plantas é que essa propagação consiste na divisão mitótica das células, havendo por isso uma duplicação integral do sistema cromossômico e do citoplasma da célula progenitora. Em conseqüência, as plantas propagadas por enxertia carregam toda a informação genética da planta que lhe deu origem ou planta progenitora. No caso da aceroleira, a enxertia será de grande importância e de uso indispensável a partir do momento que os trabalhos de melhoramento dispuserem de um clone resistente a nematóides (GONZAGA NETO, 1995).
Na região
de Junqueirópolis pouco se estudou sobre a propagação e
desenvolvimento de outras variedades que podem apresentar resultados
interessantes não só no aspecto produtivo como também no maior teor
de ácido ascórbico nos frutos, e também como mais uma opção de
cultivar na região desfavorecendo um possível colapso caso ocorra
uma praga ou doença de difícil controle na cultivar já instalada.
Observando a vocação da região, aliado a presença de agroindústrias,
é importante a busca de novas tecnologias, visando à solução de
problemas existentes e o aumento da produtividade e qualidade das
frutas, o que pode atender a busca de genótipos promissores para
produção de acerola na região da Alta Paulista.
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Dados para citação bibliográfica(ABNT): NASSER, M.D.; MARIANO, F.A.C. A propagação da aceroleira na Alta Paulista. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_3/acerola/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 27/09/2011 |