PRODUÇÃO
DE ETANOL: PRIMEIRA OU SEGUNDA GERAÇÃO?
O etanol tem sido considerado uma alternativa para diminuir problemas ambientais e energéticos no mundo em razão da escassez e alta dos preços dos combustíveis fósseis e da poluição por eles causada. O Brasil encontra-se em uma posição privilegiada no que se refere à produção de etanol, por apresentar vantagens na tecnologia de produção, possibilidade de liderança na agricultura de energia e mercado de biocombustíveis sem ampliar a área desmatada ou reduzir a área destinada à produção de alimentos. Além disso, a matriz energética brasileira já é um exemplo de sustentabilidade, pois enquanto a média mundial é o uso de apenas 14% de fontes renováveis, o Brasil utiliza 46,8% dessas fontes. Nesse cenário, tecnologias capazes de melhorar o desempenho da produção no setor agroenergético ganham importância fundamental no país. Esse aumento de produção, do ponto de vista de processamento industrial, pode se dar de duas formas: por aperfeiçoamentos das tecnologias para produção de etanol de primeira geração, a partir da sacarose da cana; ou pelo desenvolvimento científico e tecnológico de produção do, etanol lignocelulósico (chamado de segunda geração), produzido a partir da celulose e hemicelulose. Apesar de a produção de etanol a partir da sacarose ser um processo bem estabelecido no Brasil, com os menores custos, a maior produtividade e o melhor balanço energético do mundo, ainda há espaço para crescimento e redução de custos. Existem ainda diversas possibilidades de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o aperfeiçoamento da produção de etanol a partir do caldo da cana, elevando-se os rendimentos de conversão e a produtividade global do processo.
Entretanto, para evitar
que se atinja o limite da oferta ou venha a ocorrer a competição pelo
uso da terra para a produção de biocombustíveis e de alimentos, é
necessário investir no desenvolvimento de tecnologias de segunda geração
para produção de etanol.
A estimativa é de que o
aproveitamento do bagaço e parte das palhas e pontas da cana-de-açúcar
eleve a produção de álcool em A combinação das rotas de primeira e segunda gerações na produção de etanol de cana-de-açúcar permitirá obter maior quantidade de combustível sem aumentar o volume de matéria-prima cultivada nem a área plantada, mas, em consequência, ter-se-á menor disponibilidade de bagaço para geração de energia elétrica. No momento em que a tecnologia de segunda geração estiver em escala comercial, as usinas seguirão a lógica do mercado, voltando sua produção para eletricidade ou etanol, de modo semelhante ao que ocorre com a destinação do caldo, que a depender das condições produz mais etanol ou mais açúcar. Vários especialistas defendem a ideia de que, no momento, o Brasil precisa mais de energia elétrica do que de combustíveis líquidos, e que a utilização de bagaço para produção de etanol não seria benéfica, visto que o país sofreu, há pouco tempo, uma restrição no desenvolvimento econômico e social devido ao racionamento de energia elétrica. Entretanto, é imprescindível que o país mantenha sua liderança mundial no campo dos biocombustíveis e garanta produção suficiente para atendimento da demanda nacional e parte de demanda externa. Para isto, é necessário que se somem esforços de melhoria do processo atual e que se estabeleça e implante a produção de etanol lignocelulósico. Se o objetivo for elevar os índices de produção de etanol, o país obteria mais benefícios, a curto prazo, investindo no melhoramento do processo de produção a partir do caldo da cana. Entretanto, para que o país continue a ter vanguarda nesta área, tanto em produção como disponibilização de tecnologias, é necessário que possa dominar também o conhecimento de novas rotas de produção e o emprego de novas matérias-primas.
O desenvolvimento
tecnológico do etanol de segunda geração não exclui a tecnologia em uso;
ambas irão coexistir de modo a se complementar. É possível continuar com
os avanços sobre a tecnologia em uso e atingir grandes ganhos com as
tecnologias
Thályta
Fraga Pacheco
Contato:
thalyta.pacheco@embrapa.br
Dados para citação bibliográfica(ABNT): PACHECO, T.F. Produção de etanol: primeira ou segunda geração?. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/ProducaoEtanol/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 26/04/2011 |