Manejo de plantas daninhas na cultura do
milho safrinha ajuda a não infestar a safra da soja Sílvia Zoche Borges
Durante o cultivo do milho safrinha, alguns
cuidados devem ser tomados para que plantas espontâneas não se
transformem em plantas daninhas, que competem com a cultura pelos
recursos do ambiente. Como o nível de infestação durante a safrinha
é geralmente menor que na safra principal, em que ocorre grande
infestação, devido a ocorrência de temperatura e umidade favoráveis,
alguns agricultores fazem um controle deficiente das plantas
daninhas na safrinha, ou mesmo optam por não fazê-lo.
Isso pode acarretar competição das plantas
daninhas não somente com a cultura do milho safrinha, mas
futuramente com a cultura da soja na safra principal. O ideal é que
o manejo seja realizado ao longo do ano, de forma contínua e
integrada, para que as espécies infestantes não se proliferem, como
explica Germani Concenço, pesquisador da área de manejo de plantas
espontâneas da Embrapa Agropecuária Oeste – empresa vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Caso o manejo
não seja realizado, pode haver perda de produtividade do milho em
torno de 10% a 80%.
É necessário ficar atento a um período no
desenvolvimento da cultura chamado Período Crítico de Prevenção à
Interferência (PCPI), em que a convivência entre as plantas daninhas
e as da cultura trazem maior prejuízo à produtividade. Tecnicamente,
o período em que a presença de espécies de plantas daninhas na
lavoura tem o maior impacto sobre a cultura está compreendido entre
15 - 20 e 45 - 50 dias após a emergência do milho.
Por isso, para que a infestação por plantas
daninhas seja menor no PCPI, o agricultor pode utilizar a dessecação
química pré-colheita da soja, feita com herbicida de contato, como
meio de iniciar a lavoura do milho “no limpo”, ou seja, o primeiro
controle das plantas daninhas ocorre antes da semeadura do milho
safrinha. É importante frisar que os herbicidas devem ser
registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e
nas secretarias de Agricultura.
O ideal é que o produtor
faça prevenção e não espere que o nível de ocorrência de plantas
infestantes esteja alto e as plantas em estádio mais avançado de
crescimento, sendo forçado a utilizar herbicidas mais agressivos e
doses mais altas, que afetam não só a planta daninha, mas também
provocam toxicidade às plantas da cultura.
Para os produtores que não fizeram o manejo na
pré-colheita da soja, também é possível fazer um controle no
pré-plantio ou pré-emergência do milho, para iniciar a lavoura
limpa. Durante o cultivo, caso ocorra infestação durante o PCPI, o
controle químico deve ser planejado de acordo com a espécie daninha
presente, nível de infestação e estágio de desenvolvimento da planta
daninha e do milho.
“Existem herbicidas que são seguros para o
milho somente em certos estágios do crescimento, e mesmo produtos
que só podem ser usados em híbridos conhecidamente tolerantes, como
é o caso do herbicida nicosulfuron. Os produtos e as doses devem ser
específicos para cada situação”, ressalta o pesquisador.
A recomendação é que se utilizem conjuntamente
diferentes práticas de manejo de plantas daninhas, evitando depender
apenas do controle químico. Os principais são o preventivo, o
biológico, o mecânico, o cultural e o químico, que associados
impedem a ocorrência pontual de plantas invasoras, diminuem sua
proliferação.
Os métodos químicos devem ser utilizados de
forma pontual e específica no manejo de espécies que não foram
adequadamente suprimidas pela integração dos demais métodos de
controle.
A indicação é que o agricultor dê preferência a
sistemas conservacionistas, como plantio direto, cobertura morta na
entressafra, rotação e consórcios de cultivos e integração
lavoura-pecuária, exemplos de manejo cultural. Dessa forma, evita-se
a seleção de espécies plantas daninhas que se adaptaram bem a
práticas de manejo aplicadas em determinada cultura, e se tornaram
dominantes.
O fundamento do manejo cultural é utilizar as
características das plantas da cultura e do sistema de cultivo para
suprimir a ocorrência de espécies espontâneas. Por exemplo, manter a
cobertura no solo ao longo da estação seca reduz muito o
desenvolvimento das plantas daninhas e a infestação ao longo do ano,
diminuindo dores de cabeça na safra subsequente.
A buva, importante espécie invasora da soja por
ser resistente ao herbicida glyphosate, é altamente inibida pela
presença de cobertura no solo na entressafra “Milho com braquiária é
uma excelente opção de manejo cultural”, diz Concenço. Essa é uma
técnica consolidada, desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa
Agropecuária Oeste Gessi Ceccon. Manejo com herbicidas
Os produtores devem ficar atentos à tecnologia de aplicação no
manejo químico. Dosagem inadequada do herbicida, pontas de
pulverização desgastadas, assim como altura da barra e pressão do
pulverizador incorretas, causam problemas. A velocidade do vento é
outro fator que deve ser observado pelo produtor, que durante a
aplicação deve estar entre 2 e 8 km/h. A temperatura do ar
recomendada é entre 15ºC e 30ºC, com umidade relativa do ar superior
a 60%. “O produtor precisa associar todos esses fatores.” Sílvia Zoche Borges
é
Jornalista, MTb 08223JP
da
Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados (MS)
Dados para citação bibliográfica(ABNT): BORGES, S.Z. Manejo de plantas daninhas na cultura do milho safrinha ajuda a não infestar a safra da soja. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/PlantasDaninhas/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 27/04/2011 |