ANÁLISE DE CRIMES AMBIENTAIS PROVENIENTES DE
DERRAMAMENTOS POR CORROSÃO
Johnson Pontes de Moura
PROBLEMÁTICA A indústria do Petróleo por
exercer atividades consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,
deve em suas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de
petróleo e gás natural submeter seus empreendimentos ao licenciamento
ambiental junto aos órgãos competentes. O licenciamento ambiental é
um procedimento administrativo através do qual, o órgão ambiental
competente, em virtude do alto risco de impactos ambientais ao longo da
cadeia produtiva do petróleo, consente, desde que sejam atingidos
padrões mínimos apresentados dentro de documentais chamados termos de
referência, na atividade efetiva ou potencialmente poluidora, exigindo,
por exemplo, que sejam tomadas medidas mitigadoras e sejam realizados
estudos de impacto ambiental, de maneira a tornar sustentável e
ecologicamente correta a atividade, desde o momento de sua concepção, ou
seja, na fase de projeto do empreendimento, neste caso, a licença prévia,
até a fase de operação propriamente dita, a licença de operação, até o
momento da recomposição do habitat natural, quando do abandono da
atividade. Os derramamentos de óleo no
meio ambiente deixam rastros de degradação que na maioria das vezes
poderiam ter sido evitados.
Eles atingem animais, plantas e seres humanos, com possibilidades
mínimas de recuperação efetiva de alguns espécimes atingidos devido à
permanência das substâncias tóxicas nos ecossistemas.
Apesar da fiscalização dos
órgãos competentes e de toda rigidez legal frente ao exercício das
atividades que caracterizem crimes ambientais, os derrames ainda
continuam ocorrendo com considerável freqüência no mundo. As medidas de
prevenção adotadas ainda não têm sido suficientes para evitá-los e a
negligência humana continua a ser o fator predominante para estes
desastres. Importantes
convenções surgiram em resposta a várias catástrofes ecológicas como
meio de tentar minorar as agressões, criando regras e procedimentos
preventivos e corretivos. Com o
avanço tecnológico mundialmente alcançado, e conseqüente aumento da
demanda de produção, os custos da corrosão evidentemente se elevam,
tornando-se um fator de grande importância a ser considerado já na fase
de projeto de grandes instalações industriais para evitar ou minimizar
futuros processos corrosivos.
Rudzki (1992), afirma que a corrosão representa um prejuízo anual
de As pesquisas sobre melhores
métodos e desenvolvimento de produtos de contenção e recolhimento a
serem usados em um derramamento ou transporte de petróleo e seus
derivados, têm avançado a cada dia.
Nesse intento a busca por materiais mais resistentes aos
processos de corrosão de tubos e a busca, das empresas, por melhores
posições no mercado, em função da competitividade do setor e dos
recentes recordes de preços dos barris de petróleo, tem intensificado
ainda mais a necessidade de mais pesquisas.
2 .
OBJETIVOS 2.1 GERAL Analisar os problemas
decorrentes de impactos ambientais provenientes de processos corrosivos
nas atividades de exploração e produção de petróleo on shore, propondo
medidas metigadoras baseadas na legislação do licenciamento ambiental. 2.2 ESPECIFICOS Verificar na literatura da
indústria petrolífera a freqüência de acidentes oriundos de vazamentos
em dutos causados por problemas de corrosão de materiais. Pesquisar materiais com
melhor eficiência no que concerne a atenuar os impactos ambientais
decorrentes da corrosão destes materiais da industria petrolífera.
3.
Justificativa e
Relevância
A eletrodeposição é um dos métodos mais importantes para a produção
comercial de películas metálicas protetoras. É comumente utilizada para
obtenção de revestimentos protetores que conciliam elevada resistência à
corrosão e ao desgaste mecânico. Tais características possibilitam sua
aplicação em indústrias eletroeletrônicas para produção de circuitos
impressos, bem como na indústria automotiva para obtenção de
recobrimentos mecanicamente resistentes, entre outras (GÓMEZ et al.,
2001; JARTYCH et al., 2001; RICQ et al., 2001). A
deposição pode ser feita em superfície condutora (metais e ligas
metálicas: aço carbono, latão) ou não-condutora (plásticos, couro,
madeira) (GENTIL, 1996). Com o propósito de se obter propriedades
específicas, dois ou mais metais podem ser co-depositados como uma liga
metálica, resultando em propriedades superiores àquelas oriundas da
eletrodeposição de um simples metal (ASM, 1987). Além disso, a
eletrodeposição aparece como uma técnica largamente utilizada na
obtenção de ligas metálicas (SUBRAMANIA et al., 2007) de forma
barata e simples quando comparada com outros métodos (JAFARIAN et al.,
2007). Como o processo de corrosão é espontâneo, o mesmo está constantemente
transformando os materiais metálicos de modo que a durabilidade e o
desempenho dos mesmos deixam de satisfazer os fins a que se destinam
(GENTIL, 1996). Além disso, deve-se levar em consideração o que a corrosão pode
representar em termos de segurança, interrupção de comunicações e
preservação de monumentos. Sob outro ponto de vista, a corrosão também pode ser benéfica ou desejável
(FONTANA, 1987). Assim, pode-se citar como processos benéficos e de
grande importância industrial (GENTIL, 1996):
ü
Oxidação de aços inoxidáveis, com
formação da película protetora de óxido de cromo;
ü
Anodização do alumínio ou de suas ligas;
ü
Fosfatização de superfícies metálicas
para permitir melhor aderência de tintas;
ü
Proteção catódica com anodos de
sacrifício ou galvânicos para proteção de aço carbono usado em
instalações submersas ou enterradas;
ü
Aspecto decorativo de monumentos e
esculturas de bronze.
ü
Por isso faz-se necessário o estudo de
materiais que visem combater ou amenizar o efeito da corrosão e a
crítica aos métodos de fiscalização dos órgãos ambientais, quanto a sua
eficiência e abordagem ao tema, de modo a contribuir nos processos de
licenciamento ambientais.
4.
Estado da Arte
O método de eletrodeposição consiste na deposição de uma camada metálica
sobre uma superfície através da eletrólise. Nesse processo, o material a
ser protegido é colocado como catodo de uma célula eletrolítica, onde o
eletrólito é conhecido como banho eletrolítico e contém o(s) íon(s)
do(s) metal(is) a ser(em) depositado(s) (GENTIL, 2003). O anodo desta
célula é, geralmente, do mesmo metal a ser depositado, mas pode ser
também de algum material altamente condutor (inerte como a platina),
insolúvel no banho nas condições atuantes. Dessa forma, devido à
diferença de potencial, os íons metálicos entram na solução por
dissolução, movem-se na direção do catodo, onde são depositados na forma
metálica (SANTANA, 2003). A influência das condições de eletrodeposição na composição das ligas vem
sendo estudada e alguns mecanismos de deposição já foram propostos para
os sistemas do tipo M-Mo (onde M é o metal induzido: cobalto, ferro,
níquel). Assim, observou-se que a hipótese mais provável é a formação de
um complexo intermediário de óxido de Co-Mo, o qual permite a
subseqüente redução do molibdênio (GÓMEZ et al., 2003a; GÓMEZ
et al., 2003b). De acordo com Gómez et al. (2001), alguns
autores enfatizam a função do hidrogênio no mecanismo de deposição,
propondo que o hidrogênio previamente adsorvido no metal induzido (M)
reduz os óxidos de molibdênio para molibdênio metálico. Porém, o que
esses autores observaram através de seus estudos é que a existência do
hidrogênio no sistema Co-Mo parece ser mínima e, portanto, não parece
ser responsável pela deposição do molibdênio. Assim, segundo esses
autores, a teoria mais aceitável para explicar a redução do molibdênio
seria a formação de um complexo que envolve cobalto (II), citrato e
óxido de molibdênio adsorvidos na superfície. A eficiência de deposição do sistema Co-Mo aumenta na proporção direta da
concentração de cobalto (II). Enquanto a percentagem de molibdênio
depositado aumenta diretamente com a concentração de molibdênio e
inversamente com a concentração de cobalto (II) (GÓMEZ et al.,
2004a). 4.1 Corrosão
É definida como a deterioração de um material (ROBERGE, 2000), geralmente
metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente (COUTINHO,
1992; FONTANA, 1987; PANOSSIAN, 1993; PEREZ, 2004) aliada ou não a
esforços mecânicos (PIMENTA, 2007).
Se a expressão corrosão se limita para metais, ela pode ser
definida como o inverso do processo metalúrgico, em que o metal retorna
ao seu estado original, ou seja, ao minério do qual foi extraído
(COUTINHO, 1992; FONTANA, 1986; PANOSSIAN, 1993). Assim, o processo
metalúrgico visa à extração do metal a partir de seus minérios ou de
outros compostos, enquanto a corrosão tende a oxidar o metal.
Os processos de corrosão são considerados também reações químicas
heterogêneas ou reações eletroquímicas que se passam geralmente na
superfície de separação entre o metal e o meio corrosivo. Dessa forma,
os processos de corrosão se referem às reações de oxidação dos metais,
isto é, o metal age como redutor, cedendo elétrons que são recebidos
pelo agente oxidante existente no meio corrosivo (RAJA & SETHURAMAN,
2008). A corrosão pode, então, ser tratada como um modo de destruição ou
inutilização para uso do metal, que ocorre em sua superfície (PANOSSIAN,
1993). Atualmente, o processo de corrosão não se limita apenas aos materiais
metálicos, sendo considerada também a corrosão em materiais
não-metálicos, como por exemplo, concreto, borracha, madeira, polímeros.
Existe também a corrosão que é induzida por microorganismos (GENTIL,
1996).
4.2. Impactos ambientais potenciais de
exploração e produção de petróleo on shore: A tabela abaixo
apresenta um sumário dos impactos potenciais sobre o meio ambiente,
desde a etapa de exploração até o descomissionamento das instalações de
produção on shore.
Fonte: Adaptado de MARIANO & ROVERE, 2006.
5.
Metodologia
O
processo de obtenção das ligas pode ser dividido em quatro etapas: 5.1. Preparação do banho
eletrolítico; 5.2. Preparação do
substrato; 5.3. Planejamento
experimental; 5.4. Eletrodeposição. As
ligas também serão estudadas através de parâmetros físico-químicos da
literatura pelas técnicas, com o intuito de atenuar os efeitos
corrosivos provenientes das atividades petrolíferas on shore e suas
relações com o licenciamento ambiental: 5.5. Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV); 5.6. Energia Dispersiva de
Raios-X (EDX). Além dessas etapas será realizada a etapa de estudo da corrosão, a qual
consistirá nos seguintes ensaios de corrosão: 5.7. Potencial de Circuito
Aberto (PCA) e Polarização Potenciodinâmica Linear (PPL); 5.8. Espectroscopia de
Impedância Eletroquímica (EIE).
6.
Considerações finais
Visto como um processo destrutivo, a corrosão pode trazer
conseqüências de ordem econômica, assim como pode ocasionar graves
acidentes com conseqüências sérias, tanto para a preservação da natureza,
quanto do homem (PANOSSIAN, 1993).
Pode-se citar como perdas econômicas associadas ao processo de
corrosão (GENTIL, 1996):
ü
Os custos de substituição das peças ou
equipamentos que sofreram corrosão, incluindo-se energia e mão-de-obra;
ü
Os custos e a manutenção dos processos de
proteção;
ü
Paralisações acidentais para, por exemplo,
limpeza de trocadores de calor, substituição de um tubo corroído;
ü
Perda de produto, como perdas de óleo,
soluções, gás ou água através de tubulações corroídas;
ü
Perda de eficiência;
ü
Contaminação de produtos;
ü
Superdimensionamento nos projetos.
RESUMO
O respeito e a preservação
ao meio ambiente devem ser elementos decisivos no desenvolvimento das
atividades econômicas. Mesmo assim, o impasse reside ainda nos
interesses econômicos de alguns em detrimento à preservação do meio
ambiente, apesar da mudança de cenário em função da crescente pressão
mundial em direção a adoção de medidas e de empresas “verdes” ou
sustentáveis.
Palavras-chave: licenciamento ambiental;
corrosão; crimes ambientais.
ABSTRACT
The respect and the
preservation to the environment must be decisive elements in the
development of the economic activities. Exactly thus, the impasse still
inhabits in the economic interests of some in detriment to the
preservation of the environment, although the change of scene in
function of the increasing world-wide pressure in direction the adoption
of measures and green” or sustainable companies.
Key words: ambient licensing; corrosion; ambient crimes.
Referências
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360-365. THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Ed. 2. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001.
Moura, Johnson Pontes de
possui graduação em
ENGENHARIA QUÍMICA pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (2000) e mestrado em Engenharia Química pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (Outubro de 2007). , atuando
principalmente nos seguintes temas: Modelagem de transmissão de
calor em alimentos submetidos a protótipos de energia
alternativa(fogões solares); Estudo comparativo entre as formas
de energias convencionais e não convencionais; Secadores
solares. Cursei algumas disciplinas de Doutorado em Engenharia
Química pela Universidade Federal de Campina Grande e também de
pós-graduação no Curso de Licenciamento Ambiental on shore(PROMINP-PETROBRÁS).
Lecionei na função de Professor Adjunto dos Departamentos de
Engenharias Química e Mecânica da Faculdade de Aracruz e nesta
instituição, participei da elaboração do projeto do curso de
Pós-graduação Lato sensu em Gestão Ambiental(2008-2009). Também
lecionei em Cursos de Pós-Graduação disciplinas na Área de
Gestão da Produção em Petróleo e Gás (FACULDADE UNISAM-ES),
Módulo de Geologia e Geofísica do Petróleo(FACULDADE UNISAM-ES)
e de Didática do Ensino Superior (Curso de Pós-Graduação em
Direito Processual Civil-FACULDADE DO VALE DO CRICARÉ-UNIVC-ES)
e Módulo Metodologia do Trabalho Científico para os cursos de
Pós em MBA em Gestão Empresarial Contemporânea e Gestão
Ambiental(FACULDADE DO VALE DO CRICARÉ). Atuei como professor
Substituto da Universidade Federal do Espírito Santo, lecionando
as disciplinas de Química Instrumental e Química Geral para os
cursos de Agronomia e Farmácia no CEUNES, em São Mateus/ES.
Cursei as disciplinas de Doutorado como Aluno Regular na
UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas: CONDUÇÃO TÉRMICA,
ENGENHARIA DE FLUIDIZAÇÃO E TÓPICOS EM TERMODINÂMICA
APLICADA-SISTEMAS TÉRMICOS DE POTÊNCIA.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): MOURA, J.P. de; URTIGA FILHO, S.L. Análise de crimes ambientais provenientes de derramamentos por corrosão em dutos e sua relação com o licenciamento ambiental nas atividades de exploração e produção de petróleo on shore. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/CrimesAmbientais/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 28/05/2011 |