ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO HUMANO EM BARRACAS DE LONA DOS DESABRIGADOS PELA CHUVA EM ALAGOAS. Porf. Dr. Manoel da Rocha Toledo Filho A Biometeorologia consiste no estudo dos efeitos do tempo e do clima nos organismos vivos, plantas, animais e o homem. Sendo uma ciência relativamente nova, as pesquisas interdisciplinares são comuns. Os estudos de conforto térmico visam estabelecer métodos de avaliação das condições necessárias para um ambiente térmico adequado às atividades e ocupação humanas, baseados principalmente na busca da satisfação térmica do homem com o ambiente, na saúde dos usuários, no aumento de sua performance e na conservação de energia. O motivo principal da busca por condições de conforto térmico é o "desejo de o homem sentir-se termicamente confortável". Os resultados de inúmeras investigações mostram uma clara tendência de que o desconforto causado por calor ou frio, reduz a performance humana. A sensação de conforto está relacionada a quatro fatores físicos: temperatura do ar, umidade do ar, campo de radiação e ventilação. A análise desses fatores permitiu uma conclusão mais precisa, que de certa forma pode justificar o desconforto sentido pelos moradores das barracas de lona, que segundo relatos citam alguns problemas de saúde adquiridos por permanecerem a maioria de seus tempos nestes insalubres abrigos. Sendo a alta taxa de temperatura responsável pela freqüência de problemas tais como dores de cabeça, má circulação sanguínea, dores de barriga, desidratação, queda de cabelos, inquietação, dificuldades de concentração, enjôos, problemas respiratórios, entre outros. Com relação aos alimentos armazenados, segundo moradores, sua vida útil é diminuída. Citam também que o alto índice de crianças que permanecem longos intervalos de tempo fora de seus espaços de habitação se justifica devido aos cenários não convidativos que tais habitações oportunizam. Portanto, diante do exposto, foi desenvolvida uma pesquisa no acampamento dos desabrigados pela chuva em Branquinha, Alagoas para avaliar, através de Índice de Conforto Humano o perfil microclimático do interior e exterior das barracas, o grau de conforto no interior e os possíveis sintomas de calor sentido pelos moradores.
Foram medidas temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar (%), utilizando Termohigrógrafos, termômetros de temperatura máxima e mínima e termômetro de infravermelho para realizar medidas de temperaturas em superfícies. Foi calculado o Índice de Calor – IC, Steadman, (1979), e com os resultados foi possível avaliar o conforto térmico humano, os níveis de alerta e alguns possíveis sintomas associado à saúde e no bem estar sentido pelos desabrigados moradores das barracas de lona. As amostragens iniciaram as 08h50min e nesta primeira medição o índice já indicou "muito cuidado" com possibilidade de cãibras, esgotamento e insolação para exposições prolongadas e atividade física. A partir das 09h30min, o índice já indicou "perigo" com possibilidade de dano cerebral (AVC) para exposições prolongadas. As 11h00min o ambiente interno das barracas estava com nível de alerta de "extremo perigo" com possibilidade de Insolação e Acidente Vascular Cerebral (AVC) iminente. (Tabela 1).
Outras medidas foram efetuadas e os valores encontrados ultrapassam os limites suportáveis. A temperatura do solo externo, por exemplo, chegou a 58,0°C, levando em consideração a camada de brita fina colocada no solo onde as barracas estão instaladas. A temperatura do teto da barraca chegou a 47,0°C e a da cama, 44,0°C. Como resultado, as barracas de lona habitadas pelos desabrigados da cheia em Branquinha, no tocante ao conforto, mostraram-se fora do padrão de conforto e termicamente insalubre. O índice apresentou características de ambiente destituído de conforto térmico, provocando seqüelas no organismo dos seres ali viventes, principalmente idosos e crianças que são mais meteoro sensíveis, prejudicando o seu funcionamento visto que certas enzimas morrem se submetidos a altos índices de temperaturas.
Manoel da Rocha Toledo Filho
possui graduação em Meteorologia pela Universidade Federal de
Alagoas (1985) , especialização em Modelagem Climática Para Produçao
de Alimentos pelo Serviço Meteorológico de Israel (1994) , mestrado
em Agronomia (Física do Ambiente Agrícola) pela Universidade de São
Paulo (1989) , doutorado em Fitotecnia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (2001) , curso-tecnico-profissionalizante em
Treinamento Técnico pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(1991) e curso-tecnico-profissionalizante em Treinamento Técnico
pelo Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (1991) .
Atualmente é Professor Adjunto I do Instituto de Ciências
Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas. Tem experiência na
área de Geociências , com ênfase em Meteorologia. Atuando
principalmente nos seguintes temas: Cana-de-açúcar,
MICROMETEOROLOGIA, BALANÇO DE ENERGIA, ALAGOAS.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): TOLEDO FILHO, M.R. Análise das condições de conforto térmico humano em barracas de lona dos desabrigados pela chuva em Alagoas. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/ConfortoTermico/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 10/05/2011 |