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Evolução do desempenho do comércio exterior paulista e brasileiro no período 1997-2010

 

José Sidnei Gonçalves

José Roberto Vicente

As exportações paulistas avançaram no período 1997-2009, de US$ 18,09 bilhões para US$ 42,48 bilhões. Esse movimento se deu em três fases, a primeira com ritmo reduzido, no decorrer dos seis primeiros anos analisados (1997-2002) quando evoluíram de US$18,09 bilhões para US$ 20,11 bilhões. Na segunda fase, as exportações paulistas obtiveram crescimento significativo saindo de US$ 20,11 bilhões em 2002 para atingir US$ 57,33 bilhões em 2008. Em 2009, os impactos da crise econômica mundial produziram queda nas exportações atingindo US$ 42,46 bilhões. A superação da mesma promoveu o aumento para US$ 52,29 bilhões em 2010 (Figura 1).

 

 

Nas importações paulistas houve oscilações entre os anos de 1997 e 2002, com leve tendência de queda, saindo de US$ 28,53 bilhões para US$ 19,84 bilhões. Porém, após esse período c ocorre acréscimo, avançando em ritmo acelerado para atingir US$ 66,35 bilhões em 2008. Com a crise internacional da metade de 2008 em diante, a desvalorização da moeda brasileira ocorrida num primeiro momento cujos efeitos perduraram em grande parte de 2009, provocou a redução das aquisições externas que somaram US$ 50,48 bilhões. A volta da valorização cambial elevou as aquisições externas para US$ 67,77 bilhões em 2010 (Figura 2).

 

Os saldos da balança comercial paulista mostraram notável reversão de resultados no período 1997-2007. De uma realidade de déficit no período 1997-2001 - embora recuando de US$ 10,43 bilhões negativos em 1997 para US$ 4,15 bilhões negativos em 2001 - em 2002 a balança comercial paulista mostrou saldos positivos atingindo US$ 0,27 bilhão. Esse superavit ampliou-se nos anos seguintes para alcançar a expressiva soma de US$ 8,66 bilhões em 2006. Entretanto, em 2007 reverte-se a tendência, com queda do saldo comercial para US$ 3,33 bilhões. Essa reversão levou a déficits a partir de 2008, atingindo US$ 8,02 bilhões em 2009 e saltando para US$ 15,48 bilhões em 2010 (Figura 3 e Tabela 1).

 

As exportações das outras Unidades da Federação apresentaram queda entre 1997-1999, saindo de US$ 34,90 bilhões para US$ 30,47 bilhões. Após esse período elas se mostraram crescentes, tendo acelerado esse ritmo a partir de 2002, alcançando o valor de US$ 140,61 bilhões em 2008. Em 2009 a realidade de crise mundial produziu a queda das vendas externas desse conjunto de unidades da federação, cujo valor atingiu US$ 110,53 bilhões. Em 2010, reverte-se a realidade comercial com novo avanço para R$ 149,52 bilhões de vendas externas (Figura 4).

O valor das importações das outras Unidades da Federação entre os anos de 1997 e 2002 mostra variações com leve tendência de queda, iniciando o período com US$ 31,22 bilhões e fechando com US$ 27,41 bilhões. Após este momento seu valor elevou-se de forma significativa chegando a quantia de US$ 106,6 bilhões em 2008, recuando na conjuntura da crise mundial para US$ 77,16 bilhões em 2009, mas com câmbio valorizado alcançou nova alta para US$ 113,88 bilhões (Figura 5).

O saldo da balança comercial das outras Unidades da Federação foi positivo em todos os anos, iniciando o período com US$ 3,68 bilhões em 1997 e fechando com US$ 36,70 bilhões em 2007. A partir de 2001 os valores começaram movimento mais consistente de  aceleração, embora a partir de 2005 nota-se uma perda de dinamismo refreando a expansão do período 2000-2005, ao mostrar persistente recuo para atingir US$ 33,37 bilhões em 2009. Em 2010 há reversão da queda do saldo comercial com crescimento para US$ 35,75 bilhões (Figura 6).

As exportações brasileiras iniciaram 1997 com US$ 52,99 bilhões e caíram nos dois anos seguintes, atingindo US$ 48,01 bilhões em 1999. Porém, a partir de 2000, as vendas externas cresceram, com notória aceleração a partir de 2002, atingindo o pico em 2008 com US$ 197,94 bilhões. Em 2009 com o cenário da crise internacional as exportações revertem a tendência diminuindo para US$ 152,99 bilhões, mas em 2010 verifica-se forte incremento das vendas externas alcançando US$ 201,92 bilhões, o maior patamar histórico (Figura 7).

Entre os anos de 1997 e 2002 as importações brasileiras exibiram comportamento instável; a partir do ano de 2002 é que se iniciou uma fase de crescimento. O valor em 1997 era de US$ 59,75 bilhões e o de 2008 alcançou o pico de US$ 172,9 bilhões. Em 2009, a desvalorização da moeda brasileira no segundo semestre e a crise internacional levaram a queda das aquisições externas para US$ 127, 65. Em 2010, verifica-se nova reversão com aumento para US$ 181,65, na esteira de nova intensificação da apreciação cambial (Figura 8).

O saldo da balança comercial brasileira apresentou déficits entre 1997 e 2000, iniciando esse período com US$ 6,75 bilhões negativos e conseguindo reverter essa situação somente no ano de 2001, quando o saldo atingiu patamar de US$ 2,65 bilhões positivos. A partir de então se realiza intensa aceleração dos superávits, com seu valor fechando o período 1997-2006 em US$ 46,07 bilhões. Em 2007 essa tendência reverte-se com obtenção de saldo comercial menor - ainda que positivo - e atingindo US$ 40,03 bilhões, processo aprofundado no biênio seguinte com os US$ 24,95 bilhões obtidos em 2008 e US$ 25,95 bilhões de 2009. Em 2010, nova queda reduziu o saldo comercial para R$ 20,27 bilhões, o menor desde 2003 (Figura 9).

 

O comportamento da balança comercial, tanto no caso paulista como no brasileiro, revela a resposta às medidas de mudança no regime cambial, com a adição do câmbio flutuante ao invés do câmbio fixo, com o que, num primeiro momento, ocorreu significativa desvalorização da moeda brasileira na mesma época em que as compras internacionais elevaram-se. Com isso, a estrutura produtiva brasileira aproveitou as condições favoráveis ampliando mercados. Com a crise internacional de 2009, ocorre desempenho inferior aos dos anos anteriores, revertido em 2010 com novo aumento das exportações, mas nessa retomada numa realidade de apreciação cambial, as compras externas avançam em ritmo mais alto (Tabela 1).

 

Tabela 1 – Balança Comercial do  Brasil, Outras Unidades da Federação e São Paulo no Período 1997 – 2010

(US$ bilhões)

 

Brasil

Outras Unidades

São Paulo.

Ano

Export.

Import.

Saldo

Export.

Import.

 Saldo

Export.

Import.

 Saldo

1997

52,99

59,75

-6,75

34,90

31,22

3,68

18,09

28,53

-10,43

1998

51,14

57,71

-6,57

32,91

29,78

3,13

18,23

27,93

-9,71

1999

48,01

49,21

-1,20

30,47

25,90

4,57

17,54

23,31

-5,77

2000

55,09

55,78

-0,70

35,30

30,21

5,09

19,79

25,58

-5,79

2001

58,22

55,57

2,65

37,60

30,79

6,81

20,62

24,78

-4,15

2002

60,36

47,24

13,12

40,26

27,41

12,85

20,11

19,84

0,27

2003

73,08

48,30

24,78

50,01

27,97

22,04

23,07

20,33

2,74

2004

96,47

62,83

33,64

65,43

35,72

29,71

31,04

27,11

3,93

2005

118,31

73,61

44,70

80,30

43,11

37,19

38,01

30,50

7,51

2006

137,81

91,35

46,46

91,66

54,30

37,36

46,15

37,05

9,10

2007

160,65

120,62

40,03

108,92

72,20

36,72

51,73

48,42

3,31

2008

197,94

172,98

24,96

140,24

106,86

33,38

57,70

66,34

-8,64

2009

152,99

127,65

25,35

110,53

77,16

33,37

42,46

50,48

-8,02

2010

201,92

181,65

20,27

149,62

113,88

35,75

52,29

67,77

-15,48

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA/SAAESP a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

 

O desempenho da fase de saldos positivos tem relação direta com as mudanças na política cambial brasileira, executadas em janeiro de 1999, passando do regime de câmbio fixo para o regime de câmbio flutuante. Num primeiro momento houve desvalorização da moeda nacional até maio de 2004 produzindo saldos crescentes. No segundo momento a apreciação recente frente ao dólar produziu o recuo do saldo comercial que persiste até 2010, sendo que, no caso paulista, passou a ser novamente a ser negativo nos últimos três anos (Tabela 1). A valorização da moeda brasileira representa um elemento fundamental para a economia brasileira, que não apenas perde competitividade externa de relevantes segmentos produtivos como verfica-se queda livre dos saldos comerciais com a elevação das importações em ritmo mais acelarado que as exportações.

 

Palavras-chave: balança comercial brasileira, balança comercial paulista, exportações, importações.



José Sidnei Gonçalves possui graduação em Engenharia Agronômica pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal (FCAJ) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP (1983) e Doutorado em Ciências Econômicas pelo Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP (1992). Defendeu a Tese de Dotoramento "Mudar para Manter: Pseudomorfose da Agricultura Brasileira" (1997). Atualmente é Pesquisador Científico VI em regime de tempo integral do INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA (IEA) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Foca a pesquisa & desenvolvimento na área de Economia Aplicada à Agricultura, com ênfase na Análise do Desempenho Setorial e Políticas Públicas à luz da Teoria Econômica e da História Econômica, abarcando, principalmente, os temas: desenvolvimento economico, orçamento público, instrumentos de políticas governamentais, competitividade setorial, progresso técnico e estrutura de mercado e formação de preços.
Contato:
sydy@iea.sp.gov.br

 

José Roberto Vicente possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1976), mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (1997). Atualmente é pesquisador científico nível 6 do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Agrária e Métodos Quantitativos Aplicados, atuando principalmente nos seguintes temas: balança comercial do agronegócio, evolução e determinantes da produtividade agrícola, avaliação de impactos da pesquisa agropecuária.
Contato:
jrvicente@iea.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

GONÇALVES< J.S.; VICENTE, J.R. Evolução do desempenho do comércio exterior paulista e brasileiro no período 1997-2010. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/ComercioExterior/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 31/05/2011