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São Paulo no Brasil e agronegócios na economia: as participações na balança comercial no período 1997-2010

 

José Sidnei Gonçalves
José Roberto Vicente

A visão global do período 1997-2010 revela que o Estado de São Paulo consiste na mais importante plataforma de comércio exterior do Brasil, com percentuais significativos das vendas externas e ainda mais expressivos de importações.  Em linhas gerais, portanto, pela corrente de comércio realizada, a economia paulista configura a face competitiva e moderna da brasileira. Isso também se verifica nos agronegócios. Nas exportações paulistas dos agronegócios prevalecem os produtos com agregação de valor e, nas importações a aquisição de elementos que movem a moderna agroindústria estadual de bens de capital e insumos, que abastece a moderna agricultura brasileira.

 

A participação das exportações paulistas no total brasileiro apresentou tendência de reduzida mas persistente de queda no período 1997-2007. Nesse processo, passa de 34,14% em 1997 para 32,20% em 2007, movimento que se acelera nos anos seguintes alcançando 25,70% em 2010 (Figura 1).

 

A participação das importações paulistas também sofreu significativa diminuição no período 1997-2010, iniciando o período com percentual de 47,74% e terminando com 37,31%. (Figura 2).

As exportações dos agronegócios paulistas, que respondiam por 25,47% das exportações dos agronegócios brasileiros em 1997, aumentaram em participação até 1999, quando se iniciou tendência de queda que se estendeu até 2003, e voltaram a crescer proporcionalmente desse ano em diante, atingindo 2006 com o percentual de 28,34%, mas mostra novo recuo alcançando 22,39% em 2008. Novo ciclo de crescimento vem a seguir alcançando 25,26% em 2010, fruto da recuperação no mercado internacional do açúcar (Figura 3).

A participação das importações dos agronegócios paulistas nas importações dos agronegócios brasileiros apresentou forte redução, caindo de 44,08% em 1997 para 29,51% em 2008, com acentuado decréscimo entre 2006 e 2006. Em 2009 e 2010, verifica-se crescimento da representatividade das aquisições setoriais paulistas no exterior, indo para 33,97%(Figura 4).

A participação das exportações dos agronegócios brasileiros nas exportações nacionais, no período de 1997-2000, também se reduziu de 47,11% para 39,54%. Na fase seguinte até  2003, quando experimentou  recuperação atingindo 44,38. Retorna a apresentar queda para alcançar 27,76% em 2007. Em seqüencia, após manter-se no biênio 2008-2009 totalizando 38,47% neste último ano, salta para 44,16% em 2009, pois as vendas externas dos demais setores sofreram maior impacto da crise econômica de 2008. Em 2010 torna recuar para 39,80% (Figura 5).

Com exceção do período 2002-2003, a participação das importações dos agronegócios brasileiros nas importações nacionais sofreu acentuada queda, de 21,24% em 1997, para 15,40% em 2001. Há novo incremento alcançando 17,62% em 2003, mas revertido para 12,98% em 2006. Ressurge o movimento de alta atingindo 15,22% em 2008, o que reverte para nova queda até os 13,06% de 2010 (Figura 6).

Em relação às exportações estaduais, em linhas gerais a participação das exportações dos agronegócios paulistas reduziu-se de patamar da ordem de 35% no período 1997-1999, para patamar na casa dos 32% em 2002-2006, com resultados mais modestos em 2000 e em 2001 e que, em 2007 tenha ficado abaixo de 30%. A crise internacional de 2008 e os preços favoráveis do açúcar recolocam a representatividade dos agronegócios nas exportações estaduais no biênio 2009-2010, levando à representatividade de 38,62% em 2010 (Figura 7).

A nítida tendência de queda na participação das importações dos agronegócios paulistas no total de importações estaduais observada de 1997 a 2001, voltou a ser perceptível a partir de 2003, após certo crescimento em 2002 e 2003. Comparando-se inicia-se  com 19,61% em 1997 e finaliza com 11,22% em 2007.Segue-se nova fase de alta que atinge 12,47% em 2009, patamar que recua para 11,89% em 2010 (Figura 8).

Nas outras Unidades da Federação, a participação das exportações dos agronegócios nas exportações totais também diminuiu no período de 1997-2006, exceto ente 2001 e 2003, de 53,31% em 1997 para 40,68% em 2006. Em 2007 há novo incremento alcançando 42,56%. Indicador que se mantém em 42,14% em 2008 para saltar para 46,66% em 2009. Em 2010 verifica-se recuo para 39,94%  pela retomada das vendas de minério  (Figura 9).

O mesmo comportamento foi exibido pelas importações dos agronegócios das outras Unidades da Federação, cuja participação no tal nacional diminuiu de 22,72% em 1997 para 13,57% em 2006.  Em 2007 há significativo aumento para 16,16% , ritmo que se mantêm para alcançar 17,39% em 2008. Na fase seguinte verifica-se queda abrupta para atingir 13,76% em 2010 (Figura 10).

 
 

As participações estaduais e/ou setoriais no comércio exterior associam-se a elementos que formam o ambiente macroeconômico que condicionam as transações entre nações. Desde logo o cambio, que apresentou desvalorização da moeda nacional entre 1997-2004, acabou por estimular exportações e tornam as importações menos atrativas. Com a valorização pós 2004, tem-se o movimento reverso (Tabelas 1 e 2). Assim, ocorrem impactos nas participações setoriais e estaduais em função desse movimento cambial. Essa condição manifesta-se na presença de outro determinante, qual seja o patamar de preços internacionais, uma vez que preços internacionais crescentes com câmbio em valorização podem levar aos incrementos de exportação.     

Tabela 1 - Participação dos  Agronegócios nas respectivas balanças comerciais, Brasil, São Paulo e demais Unidades da

Federação,  1997-2010

 

 

 

 

 

(em %)

 

Brasil

 

 

São Paulo

 

 

Outras Unidades da Federação

Ano

Exportação

Importação

 

Exportação

Importação

 

Exportação

Importação

1997

47,11

21,24

 

35,15

19,61

 

53,31

22,72

1998

45,08

21,27

 

34,04

18,76

 

51,19

23,63

1999

45,12

18,51

 

35,39

16,61

 

50,73

20,22

2000

39,54

16,98

 

27,60

15,03

 

46,23

18,63

2001

42,95

15,40

 

30,04

14,34

 

50,03

16,26

2002

43,18

16,26

 

32,53

15,23

 

48,50

17,01

2003

44,38

17,62

 

33,25

15,59

 

49,51

19,09

2004

43,03

16,23

 

32,35

13,87

 

48,10

18,03

2005

39,13

13,68

 

30,91

12,39

 

43,03

14,59

2006

37,76

12,98

 

31,96

12,12

 

40,68

13,57

2007

38,52

14,27

 

30,00

11,42

 

42,56

16,18

2008

38,47

15,22

 

29,55

11,73

 

42,14

17,39

2009

44,16

14,52

 

37,64

12,47

 

46,66

15,85

2010

39,60

13,06

 

38,62

11,89

 

39,94

13,76

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA/SAAESP a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

Mas isso não se dá de forma uniforme em todo Brasil, dada a especialização regional em alguns produtos, caso por exemplo dos agronegócios paulistas que tendo como principal mercadoria exportada o açúcar, face a preços internacionais cadentes em 2007, perdem participação nacional, uma vez que as demais unidades da federação foram favorecidas com os maiores preços de seu principal produto em 2007, qual seja a soja e derivados. Nos anos seguintes ocorre o inverso com os maiores preços do açúcar, levando ao crescimento da participação paulista (Tabelas 1 e 2).

Tabela 2 - Participação do Estado de São Paulo na Balança Comercial Nacional, 1997-2010

 

 

 

 

 

(em %)

 

Total

 

Agronegócio

Ano

Exportação

Importação

 

Exportação

Importação

1997

34,14

47,74

 

25,47

44,08

1998

35,64

48,40

 

26,92

42,67

1999

36,54

47,37

 

28,65

42,50

2000

35,92

45,85

 

25,07

40,58

2001

35,42

44,59

 

24,78

41,51

2002

33,31

41,99

 

25,09

39,31

2003

31,57

42,09

 

23,65

37,25

2004

32,18

43,15

 

24,19

36,86

2005

32,13

41,43

 

25,38

37,54

2006

33,49

40,56

 

28,34

37,86

2007

32,20

40,14

 

25,08

32,13

2008

29,15

38,30

 

22,39

29,51

2009

27,76

39,55

 

23,66

33,97

2010

25,90

37,31

 

25,26

33,97

Fonte:Elaborada pelo IEA/APTA/SAAESP a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

Palavras-chave: agronegócios, balança comercial, exportações, importações


José Sidnei Gonçalves possui graduação em Engenharia Agronômica pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal (FCAJ) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP (1983) e Doutorado em Ciências Econômicas pelo Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP (1992). Defendeu a Tese de Dotoramento "Mudar para Manter: Pseudomorfose da Agricultura Brasileira" (1997). Atualmente é Pesquisador Científico VI em regime de tempo integral do INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA (IEA) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Foca a pesquisa & desenvolvimento na área de Economia Aplicada à Agricultura, com ênfase na Análise do Desempenho Setorial e Políticas Públicas à luz da Teoria Econômica e da História Econômica, abarcando, principalmente, os temas: desenvolvimento economico, orçamento público, instrumentos de políticas governamentais, competitividade setorial, progresso técnico e estrutura de mercado e formação de preços.
Contato:
sydy@iea.sp.gov.br

 

José Roberto Vicente possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1976), mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (1997). Atualmente é pesquisador científico nível 6 do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Agrária e Métodos Quantitativos Aplicados, atuando principalmente nos seguintes temas: balança comercial do agronegócio, evolução e determinantes da produtividade agrícola, avaliação de impactos da pesquisa agropecuária.
Contato:
jrvicente@iea.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

GONÇALVES J.S.; VICENTE, J.R. São Paulo no Brasil e agronegócios na economia: as participações na balança comercial no período 1997-2010. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_2/BalancaComercial/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 16/05/2011