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Uso do rolo-faca para o preparo antecipado do solo em área de cultivo de arroz irrigado

Júlio José Centeno da Silva

No dia 06 de setembro, foi abordada, por um jornal, a dificuldade de preparo do solo para o arroz, em decorrência do clima chuvoso dos últimos dias. Na mesma reportagem, o gerente regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Marcos de Souza Fernandes afirmou que é imperativo que o produtor otimize todas as maneiras no preparo do solo, a fim de garantir a semeadura na época correta. Os produtores estão conscientes de que a semeadura do arroz dentro da época recomendada é uma das principais razões do ganho de produtividade que a cultura vem experimentando nos últimos anos, sendo que alguns estão com praticamente toda a área destinada a cultura do arroz já preparada para a semeadura.

Diversas são as opções de preparo antecipado do solo que o produtor pode empregar, variando a época e o equipamento utilizado. O tradicional preparo de verão emprega as operações, também tradicionais, de lavração, gradagem, nivelamento e entaipamento. Ultimamente, em decorrência da antecipação da colheita, alguns produtores estão começando o preparo do solo, também de forma tradicional, a partir de abril, caracterizando um preparo de outono.

Nesta linha, produtores e pesquisadores estão aperfeiçoando o uso do rolo-faca como outra opção de preparo antecipado do solo.

Foto 1. Uso do rolo-faca após a colheita do arroz em Rio Grande, RS, março de 2010. Crédito:  Júlio José Centeno da Silva

Sem dúvida alguma, as maiores vantagens no uso do rolo-faca são a eficiência e economia na incorporação da palha da resteva e na regularização do microrrelevo do solo, facilitando a drenagem e possibilitando inclusive um melhor estabelecimento de pastagens de inverno.

Hoje, os indicadores apontam para um consumo médio de 60 litros/ha de diesel para o preparo de verão com aração, gradagem e nivelamento. Com o uso do rolo-faca, o consumo fica em torno de 30 litros/ha, pois elimina a aração e reduz as gradagens. A operação com rolo-faca pode ser feita durante dias de chuva, quando o emprego de outros equipamentos não é viável.

O emprego do rolo-faca apresenta também as vantagens de reduzir a erosão eólica, viabilizar a emergência de plantas invasoras a serem combatidas, desde que feita logo a seguir da colheita, facilitar a drenagem e permitir melhor estabelecimento de pastagens de inverno na integração lavoura-pecuária.

Para a utilização desse equipamento, é necessário que o solo tenha uma lâmina mínima de água, decorrente da colheita com água ou do preparo  após período chuvoso, comum no inverno.

O emprego do rolo-faca também pode ser uma alternativa em sistemas de arrendamento/parceria, quando as áreas geralmente são liberadas ao preparo após o pastejo da resteva, restando para a primavera as operações de nivelamento e entaipamento.

Foto 2. Pastagem de azevém, trevo branco e cornichão semeada em área de resteva de arroz irrigado rolada com rolo-faca. Colheita do arroz no início de abril e início do pastejo. Dia 30 de junho de 2010. Granja Cariola, Camaquã, RS. Crédito:  Jamir  Luis Silva da Silva

Júlio José Centeno da Silva possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (1980), mestrado em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (1991), doutorado em Agroecologia - Wageningen Agricultural University, Holanda (1999) e pós-doutorado em extensão rural - Yanco Agricultural Institute, NSW, Austrália (2006). Atualmente é pesquisador III da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Clima Temperado. Tem experiência em agro-ecossistemas complexos, ação participativa e desenvolvimento regional sustentável da planície costeira do Rio Grande do Sul.