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HISTÓRICO DA INTRODUÇÃO DA CULTURA DA OLIVEIRA NO BRASIL

Juliana Rolim Salomé Teramoto1
Edna Ivani Bertoncini2
Angélica Prela Pantano
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          Mais do que qualquer outra árvore de fruta, a oliveira (Olea europaea L) desempenhou um papel vital na vida da espécie. A oliveira é uma planta funcional do sistema agrícola de muitos países e adquiriu uma grande importância sócio-económica ao longo dos séculos. A origem da oliveira está perdida no tempo, coincidindo e misturando-se com o desenvolvimento das civilizações do Mediterrâneo, que durante séculos governou o destino da humanidade e deixou sua marca na cultura ocidental (International Olive Council, 2010).

            Na mitologia especificamente na Grécia antiga já se falava das oliveiras. A lenda diz que no reinado de Cécrope, primeiro governante de uma das cidades gregas mais prósperas e ricas da Antiguidade, duas divindades disputavam a preferência e a adoração do povo: Poseidon, rei dos mares, e Atenas, deusa da sabedoria. Para que a decisão fosse justa, os outros deuses proclamaram que a cidade seria dada como prêmio àquele que oferecesse aos mortais o presente mais útil. Imediatamente, Poseidon fez sair das águas o cavalo. Atenas, por sua vez, ofereceu a oliveira. Capaz de produzir óleo para iluminar e suavizar a dor dos feridos, fornecendo alimento rico em sabor e energia. Os deuses decidiram que o segundo presente era mais útil. A cidade foi concedida a Atenas, que lhe deu seu nome, e até hoje a oliveira é conhecida como símbolo de vitória, paz e prosperidade. Na história também podemos verificar a presença da oliveira em vários fatos, como por exemplo o azeite de oliva era utilizado para acender a luminária chamada de Menorah no Hanukkah pelos judeus, na bíblia várias passagens cita a utilização  do azeite de oliva como medicamento, entre outros.

Historicamente acredita-se que a oliveira seja originária do sul do Cáucaso, das planícies altas do Irã e do litoral mediterrâneo da Síria e Palestina, tendo se expandido posteriormente para o restante do Mediterrâneo.

             No Egito foi encontrada a mais antiga referência à oliveira registrada num papiro do século 16 aC, no qual o faraó Ramsés III  exorta o deus Sol Rá com as palavras: “Dessas arvores pode ser extraído o óleo mais puro para manter acesas as lâmpadas de seu santuário”. Foi também durante o século 16 aC que os fenícios começaram a divulgar o azeite de oliva nas Ilhas Gregas, depois introduzi-lo ao continente grego entre os séculos 14 e 12 aC, onde seu cultivo aumentou e ganhou grande importância no século 4 aC, quando foi regulamentado o plantio de olivas nestas regiões (Bontempo, 2008) .  

Figura 1. Dispersão da oliveira pelo mundo. Os fenícios introduziram a cultura na Grécia, posteriormente gregos e fenícios a levam para outras regiões do Mediterrâneo (Itália, França, Espanha e África), chegando pelas mãos dos gregos e romanos à Portugal.

            Gregos e fenícios atravessaram o mar Mediterrâneo com as oliveiras e o azeite de oliva entre outros produtos, negociando principalmente com países como a Itália, França Espanha e África. Para os mercadores da época o azeite fazia parte do lote dos produtos levados para os portos que freqüentavam e era transportado em ânforas de barro. A escassez de terra cultivável fez com que estes povos emigrassem para vários pontos do Mediterrâneo criando uma rede de colônias, sendo célebres as do Sul da Itália e Sicília, fundadas no século VIII, conhecidas por Grande Grécia. A oliveira acompanhou-os nestas deslocações adaptando-se com facilidade às novas terras. E os múltiplos usos que o azeite tinha na Grécia se divulgaram: na gastronomia, na iluminação, na medicina, na massagem de atletas, nos cultos aos mortos e rituais sagrados (Veiga, 2009).

            A viagem da oliveira avançou pelo Mediterrâneo Ocidental por mão dos gregos e a disseminação atingiu a Península Ibérica, admitindo-se que o plantio assim entrasse em áreas que viria a ser Portugal, sendo a presença da oliveira atestada pelo ano de 2000 aC.

No entanto grandes agentes do plantio e extração do azeite foram também os Romanos, na seqüência da conquista da Península Ibérica (século II a.C) e domínio da província da Lusitania  (na parte que será Portugal) até o século V.

Com a ocupação da região norte de Portugal (Porto) a olivicultura e oleicultura nos moldes romanos mantiveram-se, embora os muçulmanos tenham depois valorizado estas práticas já antes assimiladas. Testemunho da importância do azeite entre a população do Alantejo, Portugal encontra-se na carta do cruzado normando que se assina por R. ao clérigo Osberto de bawdesey, que narra conquista de Lisboa em 1147, onde escreve: “Saqueada a cidade, foram encontradas em fossas cerca de oito mil cargas de trigoe de cevada, enquanto as azeite eram de uns doze mil sextarios”. Com a intensificação da exploração da terra, o impulso para novas zonas produtoras em Portugal começa no século XIII, mas é só na século seguinte que a mancha de olival se alarga (Veiga, 2009).

            A circulação do azeite em Portugal não se confinava ao mercado interno, pois cedo consta na lista dos gêneros levados para trocas no Norte Europeu (Inglaterra, Flandres e Alemanha). A expansão ultramarina nos séculos XV e XVI teve, entre outros significados, a abertura a uma vastidão de mercados em latitudes em que a oliveira não ainda dava, como a Índia e Brasil, razão propicia para o incremento da extensão da área de cultivo.

           Nesta época o azeite só entrava na mesa de gente rica, pelo seu elevado preço e também em templos, locais os quais o azeite concorria com as velas de cera. Em 1841 Lisboa era iluminada por 2.500 candeeiros a azeite de oliva que cedeu ao gás a partir de 1848, depois ao petróleo e a eletrecidade.

 A oliveira chegou ao Brasil há muitos séculos, trazida por imigrantes europeus. Pelo seu simbolismo, era muito comum encontra-las próximas a igrejas e capelas durante o período do Brasil Colônia. Quando o país começou a apresentar uma pequena produção, a família real, com medo de que o produto da colônia concorresse com o da metrópole portuguesa, ordenou o corte das árvores.

Este fato impediu que a olivicultura tomasse grande impulso, e mais, os negociantes importadores portugueses, fizeram os brasileiros acreditarem na impossibilidade de ter bons olivais e por muito tempo o país só conhecia azeites e azeitonas que vinham de Portugal. Assim passamos a desprezar a cultura por um longo período.

Novo crescimento da cultura só foi percebido após 1945, com o aumento das imigrações européias após a 2.ª Guerra Mundial. Foi mais ou menos nessa época que as primeiras oliveiras apareceram no Sul de Minas Gerais, pela iniciativa de pequenos produtores da região.

O Eng.agronomo Del Mazo, entre as décadas 50 e 60 (Gomes, 1979)  percorreu o Brasil a procura de oliveiras e  encontrou-as em vários estados entre eles São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Maranhão (algumas produzindo mais e outras produzindo menos).

  Felizmente a situação mudou no país e tivemos alguns pioneiros que contribuíram para o desenvolvimento da cultura. No Rio Grande do Sul o Embaixador Batista Luzardo plantou em Uruguaiana 72.000 plantas sendo este por um período o maior olival do Brasil. As mudas vieram da Argentina e técnicos brasileiros e argentinos dirigiam o plantio. A Secretaria da Agricultura Gaúcha passou a se interessar pela cultura.  Na época examinaram a azeitona e o azeite produzidos no Brasil, em laboratórios brasileiros e italianos e verificaram que não eram inferior aos italianos. A Secretaria da Agricultura gaúcha a partir disso iniciou o fomento à olivicultura, intensa e sistematicamente. Entre estes anos a situação no estado era: haviam 45.000 oliveiras a margem do Jacui, próximo à Porto Alegre, 200.000 oliveiras em Arroio Grande plantadas sob o comando do Conde Matarazzo e 500.000 oliveiras em Pelotas produzidas por Souza Coelho.

Em Santa Catarina nas decádas consideradas a Secretaria da Agricultura não apresentou grande esforço em prol da cultura, contudo alguns trabalhos realizados pelo Instituto de Fomentação do Ministério da Agricultura (MAPA) provaram que a cultura era promissora na região até mesmo no litoral.

No Paraná não havia muito esforço da Secretaria da Agricultura e nem do MAPA. Porém havia oliveiras frutificando em diversos municípios: Palmeira, Curitiba, Guarapuava, Rolândia. Entre os Particulares havia grande entusiasmo. A empresa Agrinco do Brasil S.A começou a investir na produção de mudas e no plantio tendo na época no município de Guaraniaçu 500.000 oliveiras. A exemplo da empresa  milhares de fazendeiros iniciaram o plantio. Como consequência a Secretaria da Agricultura e o MAPA começaram a amparar mais eficientemente os fazendeiros.

Em São Paulo na época constatou oliveiras frutificando em vários municípios: Campos do Jordão, São Bento do Sapucaí, Poá, Guaianases, São Roque, São José dos Campos, Campinas, Limeira, Mogi das Cruzes e outros. A Secretaria da Agricultura através do Instituto Agronômico de Campinas estava realizando experimentos em São Bento do Sapucaí com cerca de 16 variedades.  Havia neste período também a experiência de particulares: a empresa Agrinco estava plantando oliveiras em Guararema, o Conde Matarazzo tinha 3.500 oliveiras frutificando em Campos do Jordão e estava iniciando o plantio de 200.000 plantas em São José dos Campos, sendo que já possuia em frutificação 500 oliveiras.

Em Minas Gerais entre as décadas de 40 e 50, conforme relatado em Gomes 1979, foram encontradas oliveiras em frutificação em Sapucaí Mirim, Guaxupe, Caldas, Poços de Caldas, Virgínia, Três Corações, Maria da Fé, Viçosa, Ouro Preto, Caxambu, Diamantina, entre outras cidades. A Seção de Fomento do MAPA estava incentivando a cultura, preparando mudas, comprando mudas de viveiristas e fornecendo-as aos fazendeiros. A empresa Agrinco estava plantando olivais em CAETÉ e Três Corações. Em Uberaba o Dr. Abel Reis fomentava a olivicultura e trabalhava em conjunto com o Instituto Agronômico de Campinas.

No Nordeste em 1957 o Ministério da Agricultura importou 2 milhões de mudas de Portugal e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas enviou-as para as bacias de irrigação da zona semi-arida. Foram plantadas no município de Sobral, Pentecoste, Iço, Baturite, Sousa, Pombal, Açu, Mossoró, sendo estes dirigidos pelo engenheiro agronomo Raymundo Pimentel Gomes. Nos demais estados a cultura ainda era muito insignificante.

Com os anos por motivos políticos e por falta de técnicos especializados na cultura muitos destes plantios desapareceram. Porém atualmente ainda temos a continuidade do trabalho iniciado no passado e fundamentado agora por estudos e pesquisas, sendo que já foi possível a obtenção do primeiro azeite comercial brasileiro, ainda com volume pequeno, mais já disponivel em alguns pontos de venda regionais do Rio Grande do Sul.

            Atualmente em Minas Gerais com auxílio das pesquisas da EPAMIG – Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais há produção de azeitonas e azeite de oliva no estado. O cultivo está sendo conduzido em 400 ha, com 200.000 plantas cultivadas em 50 municípios em 70 propriedades rurais. A distribuição das cultivares é: 50% Arbequina; 20% Grapollo; 10% Maria da Fé; e outros 10% distribuídos entre Arbosana, Koroneikei e Ascolana (Vieira Neto, 2010).

            Os municípios mineiros que estão cultivando oliveiras no momento são: Aiuruoca, Alagoa, Alpinópolis, Andradas, Antônio Carlos, Araponga, Baependi, Barbacena, Bom Repouso, Botelhos, Brazópolis, Bueno Brandão, Caldas, Camanducaia, Cambuquira, Campestre, Catas Altas da Noruega, Caxambu, Cristina, Delfim Moreira, Divisa Nova, Espera Feliz, Extrema, Gonçalves, Guarda Mor, Itabirito, Itabiruçu, Itajubá, Itamonte, Juiz de Fora, Lavras, Maria da Fé, Montes Claros, Munhoz, Nova Ponte, Ouro Preto, Paraisópolis, Piedade do Rio Grande, Piranguçu, Poços de Caldas, Raul Soares, Sacramento, Santa Rita do Ibitipoca, São Lourenço, Senador Amaral, Três Corações, Tupaciguara, Uberaba. De acordo com  Oliveira (2010), a expectativa de produção mineira para o ano de 2015, é de 4.000 toneladas de azeitona, e 800 toneladas de azeite.

      A EPAMIG tem lançado publicações técnicas como o Informe Agropecuário, Circulares Técnicas e Boletins Técnicos abrangendo temas como plantio, tratos culturais, adubação, controle fitosanitário e colheita e processamento dos frutos. No ano de 2009 produziu 50.000 mudas de oliveiras, e adquiriu uma unidade piloto de extração de azeite com capacidade para 100 kg hora-1  para extração de azeite dos campos experimentais, e, também de olivicultores da região.

Em 2008, a EPAMIG registrou 33 cultivares junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, pedindo em 2009 o pedido de proteção a quatro delas junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares. Para certificar o banco de germoplasma, está realizando o mapeamento genético de 60 cultivares na Unidade de Biologia Molecular de Caldas Novas (Vieira Neto, 2010).

                Em Santa Catarina os estudos com oliveiras estão sendo conduzidos pela Epagri -Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. De acordo com daCroce (2010), durante 20 anos, foram enviados projetos para área de olivicultura aos órgãos de fomento e governamentais de SC, sem obtenção de financiamento para realização de projeto que pudesse favorecer produtores do estado. Em 2005, houve aprovação de projeto junto a FATESC para o projeto que se iniciou com a coleta de material genético já existente no estado e material genético comprado da empresa Agromillora. Iniciou-se um zoneamento climático para verificar as melhores áreas para cultivo das oliveiras, contudo, o estudo não foi concluído com sucesso, e resolveu-se implantar experimentos em 18 áreas do estado, de Lajes até o norte do estado, plantando-se as mesmas cultivares. Atualmente, apenas 08 áreas foram tidas como de sucesso para implantação da cultura, e estão situadas no oeste e extremo oeste de SC. Adquiriu-se uma pequena máquina extratora de azeite, com capacidade de 10 kg/hora, com rendimento baixo de 10-12%, e que apresenta problemas de manuseio. Além dos problemas de extração de azeite, a cultura enfrenta problemas com ventos fortes e chuvas de granizo em algumas regiões, e a poda da planta ainda é problema não resolvido (da Croce, 2010).

No estado do Rio Grande do Sul, em 2005, a Embrapa Clima Temperado aprovou o projeto de pesquisa e desenvolvimento denominado: Introdução e desempenho agronômico de cultivares de oliveira no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que implantou 25 unidades experimentais de observação no estado, sendo que cada unidade era composta pelo teste de 30 cultivares, com três repetições cada cultivar, totalizando 90 árvores. No projeto, também foram realizados o zoneamento climático para a cultura no estado do Rio Grande do Sul, assim como a implantação de um banco de germoplasma com 56 cultivares definidas e 10 acessos não definidos, além de identificar e monitorar as principais pragas e doenças que atacam a cultura naquela região. Atualmente, a Embrapa Clima Temperado concentra-se no projeto: Desenvolvimento e adequação de tecnologias à cultura da oliveira no Sul do Brasil, que visa dar suporte técnico aos olivais implantados e futuros empreendimentos, e melhorar a qualidade dos produtos colhidos. Atualmente, a área cultivada com oliveiras no estado é próxima a 400 ha, com propriedades variando de 3,0 a 15,0 ha, com principais plantios localizados nos municípios: Bagé, Dom Pedrito, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Alegrete, Rosário do Sul, Candiota, Cacequi e Santana do Livramento, São Gabriel, Uruguaiana, Candelária, Viamão, São Francisco de Paula, Rio Grande e Jaguarão. Os cultivares mais promissores para azeite são: Arbequina, Koroneiki, Arbosana e Picual; para azeitona de mesa: Manzanilla, Cordovil de Sêrpa e Carolea; e o cultivar Galega com dupla finalidade. Há produção de azeite virgem extra mononovarietais com os cultivares citados, inclusive com análise sensorial detectando os atributos positivos: frutado verde, amargo e picante. De acordo com Coutinho (2010) os principais problemas enfrentados nas condições gaúchas são: falta de linha de crédito à cultura; falta de registros de pesticidas para a cultura da oliveira no Brasil; falta de normas e padrões para produção e comercialização de mudas; falta de profissionais especializados para assistência técnica aos olivicultores.

            A área paulista de plantio de oliveiras esta sob a influência da EPAMIG e sob a coordenação da CATI de São Bento de Sapucaí abrange mais de 15 municípios, entre eles: São Bento do Sapucaí, Campos do Jordão, Silveiras, Lorena, Natividade da Serra, Espírito Santo do Pinhal, Águas da Prata, contando com 50.000 plantas de oliveiras. Tais municípios encontram-se na Serra da Mantiqueira, cadeia montanha com cerca de 500 km de extensão, com altitudes variando de 1000 a 2.798m, microclima que proporciona horas de frio necessárias para o florescimento das plantas de oliveiras. 60% da serra encontram-se no estado de Minas Gerais, 30% no estado de São Paulo e 10% no estado do Rio de Janeiro.

            No ano de 2009, a APTA-Agência Paulista de Tecnologia dos  Agronegócios, orgão de pesquisa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em função de inúmeras consultas recebidas de novos olivicultores e investidores no setor, solicitou levantamento de demanda de pesquisa para o setor. Neste mesmo ano, uma equipe formada por pesquisadores de diversos centros da Instituição elaboraram um projeto denominado Oliva SP para estudo de todas as etapas da cadeia produtiva da cultura. O projeto envolve pesquisadores das Instituições: Centro de Genética do IAC-Instituto Agronômico de Campinas; CATI-Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí; APTA-Pólo Centro Sul, Piracicaba, SP; IAC-Centro de Climatologia; IAC/Recursos Fitogenéticos- Quarentenário; ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos – Centro de Ciência e Qualidade dos Alimentos;  IEA Institutode Economia Agrícola; IAC-Plantas Aromáticas e Medicinais; e ASSAM – Agenzia Servizi Settore Agroalimentare Marche, Itália.

            O projeto está iniciando-se com o zoneamento climático para a cultura da oliveira no estado de São Paulo. Dados de temperatura mínima, máxima, média, e amplitude térmica de pontos do estado com estações meteorológicas   automatizadas gerenciadas pelo IAC serão avaliados, de modo a verificar áreas com condições climáticas ideais para os cultivares existentes no mercado, no momento. Posteriormente, pretende-se avaliar se tais áreas estão

livres ou encontram-se sob atividade econômica que possa competir com a cultura da oliveira, obtendo-se desta forma, valor de área com possibilidade de cultivo de oliveiras em SP. Na segunda fase do projeto pretende-se realizar ensaios de cultivares mais adaptados as condições climáticas visando o florescimento e frutificação das plantas, nas regiões escolhidas como aptas pelo zoneamento climático. A condução da cultura será efetuada com manejo desde o plantio das mudas e tratos culturais como calagem e adubação, poda, e controle fitosanitário, até a colheita, conservação e processamento dos frutos, e análise da qualidade final do azeite obtido. Serão conduzidos concomitantemente, estudos das propriedades medicinais das folhas e frutos de oliveira. A terceira fase do projeto tem pretensões mais ousadas como o melhoramento de cultivares com finalidade de redução de horas de frio necessárias para florescimento, para cultivo em áreas com condições climáticas menos favoráveis, ampliando assim a provável área de cultivo.

Apesar de certas regiões do país possuírem as condições ideais para o desenvolvimento da olivicultura, hoje o país é dependente da importação para abastecimento interno. Os azeites comprados nos supermercados, por exemplo, vêm de fora ou utilizam matéria-prima estrangeira. A pouca oferta do produto no mercado brasileiro tem levado várias indústrias de condimentos a misturarem óleo de soja no azeite vendido ao consumidor. O rótulo de algumas composições mostra que essa mistura pode apresentar até 85% de soja. O Ministério da Agricultura juntamente com pesquisadores, importadores, professores, consumidores, tem trabalhado de forma a regulamentar o mercado de azeites no Brasil e fruto deste esforço pode ser visto na Portaria n 419 que estará sob consulta pública até outubro de 2010.

BIBLIOGRAFIA:

BONTEMPO, M. Azeite de oliva: sabor, estética e saúde. Editora Alaúde, 2008,  148p.

COUTINHO, E. F. Situação e resultados de pesquisa com oliveira no estado do Rio Grande do Sul. In: 1º Simpósio Mineiro de Olivicultura, 04 a 07 de maio, Itajubá, MG. CD-ROM.

da Croce, D. M. Situação e resultados de pesquisa com oliveira no estado de Santa Catarina. In: 1º Simpósio Mineiro de Olivicultura, Itajubá, MG, 2010, CD-ROM.

GOMES, P. A olivicultura no Brasil. Edições melhoramentos, 1979, 208p.

INTERNATIONAL OLIVE COUNCIL, The origin and expansion of olive tree. Disponível em: www.internationaloliveoil.org. Acessado: maio de 2010.

OLIVEIRA, N.C. Aspectos técnicos, produção de mudas e área plantada da olivicultura em Minas Gerais. In: 1º Simpósio Mineiro de Olivicultura, Itajubá, MG, 2010, CD-ROM.

VEIGA, C. M. A epopéia do azeite. Revista da Casa do Azeite, 2009, 70-79p.

VIERA NETO, J. OLIVICULTURA: Situação e Resultados de Pesquisas em Minas Gerais. In: 1º Simpósio Mineiro de Olivicultura, Itajubá, MG, 2010, CD-ROM.


¹ Juliana Rolim Salomé Teramoto é Pesquisadora Científica do Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Horticultura, Seção de Plantas Aromáticas e Medicinais.

Contato: juliana@iac.sp.gov.br

² Edna Ivani Bertoncini é Pesquisadora Científica da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Pólo Centro Sul

³ Angélica Prela Pantano é Pesquisadora Científica do Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Ecofisiologia e Biofísica



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

TERAMOTO, J.R.S; BERTONCINI, E.I.; PRELA-PANTANO Histórico da introdução da cultura da oliveira no Brasil. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_4/HistoricoOliveira/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 01/10/2010