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RISCOS DE INCÊNDIO NO USO DE MÁQUINAS
AGRÍCOLAS
Ila Maria Corrêa A ocorrência de incêndio em propriedades rurais é
geralmente associada às queimadas agrícolas que são praticadas para
limpeza do terreno e que fogem de controle. As condições climáticas
(clima seco, ventos, raios) potencializam a inflamação de resíduos
da cultura e a proliferação do fogo, cuja fumaça pode causar
problemas à saúde dos moradores locais e reduzir a visibilidade em
rodovias, Embora os acidentes de origem mecânica sejam os mais comuns em máquinas mal projetadas ou mal conservadas, os riscos de incêndio no uso de máquinas agrícolas não são tão incomuns e geralmente não são levados em consideração em cursos de treinamentos e ao tomar medidas de prevenção de acidentes na atividade agrícola. Tratores agrícolas, colhedoras de grãos e enfardadoras podem apresentar algum tipo de risco de fogo, causando grandes estragos e prejuízos econômicos. Causas No caso de tratores agrícolas os maiores riscos de incêndio estão relacionados ao abastecimento de combustível e ao sistema elétrico. Derramamento ou vazamento de combustível sobre partes quentes do trator podem gerar fogo quando da realização de serviço de manutenção ou vistoria do sistema de combustível. O diesel é altamente inflamável. O abastecimento do tanque próximo de faíscas ou chamas descobertas ou enquanto estiver fumando podem causar fogo. (Um exemplo de acidente: o operador acendeu o isqueiro perto da boca do tanque de combustível para verificar o nível de óleo, provocando uma explosão que lhe queimou o rosto. Provavelmente isto aconteceu por causa da formação de gases no interior do tanque). A montagem de escapamentos com defeito ou de
forma incorreta permitindo a passagem de faíscas, a existência de
cabos elétricos desprotegidos em contato abrasivo com superfícies
metálicas ou em contato com lubrificantes, combustíveis e calor são
potenciais fontes de risco de incêndio. Os gases despreendidos pela solução da bateria
pegam fogo com facilidade. A colocação de objetos metálicos sobre a
bateria pode provocar curto circuito e/ou explosão. No caso de colhedoras e enfardadoras os
principais fatores que contribuem para o risco de incêndio são:
-acúmulo de resíduos da colheita (material combustível) em torno do
motor e do sistema de exaustão, que são fontes de calor; -acúmulo de
resíduos de colheita entre polias e correias que podem sobreaquecer
devido ao atrito; -fiação elétrica e conexões que podem se desgastar
e provocar faíscas em contato com poeira de grãos ou vapores de
combustível. Por conta destes riscos, a Secretaria do Meio Ambiente do município de Lucas do Rio Verde /MT protocolou um acordo com o Sindicato Rural Patronal onde foi estabelecido que a colheita do milho não poderia ser feita no período entre as 10 e 14 horas. O expediente evitaria os horários mais quentes do dia, diminuindo riscos. Os produtores estão sendo comunicados e um trabalho em conjunto com o Corpo de Bombeiros está sendo desenvolvido no intuito de que a recomendação chegue até as propriedades rurais. Prevenção é a solução
Para diminuir a possibilidade de incêndio com máquinas agrícolas a regra geral é fazer a manutenção preventiva, que além de reduzir o risco de incêndio, prolonga a vida útil da máquina. As práticas mais recomendadas são: -checar a fiação elétrica substituindo os fios
descascados;
-manter a área em torno do motor e de partes quentes da máquina livre do acúmulo de palha e de combustível derramado; -observar se há vazamento nas mangueiras de combustível, reparando-os; -reabastecer a máquina com cuidado, com o motor desligado; -checar e manter limpos os elevadores e transportadores de grãos, eixos sem-fim, correias e polias de colhedoras automotrizes evitando o acúmulo de palha; -não fumar em locais de abrigo de máquinas
agrícolas ou nas proximidades de depósitos de combustível;
-reparar ou substituir componentes do sistema de
exaustão de gases de escape que estejam danificados ou desgastados;
-verificar semanalmente a carga dos extintores de incêndio presentes na máquina agrícola; -verificar o nível da solução da bateria com o motor frio e manter o terminal positivo sempre protegido. -não estacionar veículo próximo à vegetação alta, o alto calor do sistema de exaustão pode inflamá-la.
IIla
Maria Corrêa,
engenheira agrícola formada na Universidade Federal de Pelotas, concluiu
o doutorado em agronomia (Energia na Agricultura Botucatu, SP) pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho em 2000.
Atualmente é Pesquisadora Científica VI do Instituto Agronômico.
Publicou 37 artigos em periódicos especializados e 56 trabalhos em anais
de eventos. Possui 81 itens de produção técnica. Participou de 58
eventos no Brasil. Recebeu 1 premio e/ou homenagem. Atua na área de
engenharia agrícola, com ênfase em máquinas e implementos agrícolas, nas
seguintes linhas de pesquisa: utilização de biocombustíveis, desempenho
e segurança em máquinas agrícolas. Em suas atividades profissionais
interagiu com 72 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.
Em seu currículo Lattes os termos mais representativos na
contextualização da produção científica, tecnológica e
artístico-cultural são: desempenho de trator, pneu agrícola, pneus
diagonais, pneus radiais, segurança no meio rural, segurança em máquinas
agrícolas, biocombustíveis, ensaio de tratores e pulverizador agrícola.
Roberto da Cunha Mello,
Dados para citação bibliográfica(ABNT): CORREA, I.M.; MELLO, RC. Riscos de incêndio no uso de máquinas agrícolas. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/RiscoMaquinas/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 09/08/2010 |