Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com Horticultura Sustentável - Parte II
Paulo Espíndola Trani
Sebastião Wilson Tivelli Francisco Antonio Passos
Recomendações de práticas e técnicas para implantação da
Horticultura Sustentável
Existem diversas práticas que podem ser adotadas para evitar-se a ação da erosão nas lavouras. Uma das mais tradicionais é a construção de canteiros em nível, com terraceamento ou não dependendo do declive e do tipo de solo. Outra ação mais recente consiste na ocupação da área total com as hortaliças, através do plantio adensado e uso de cobertura morta (“mulching”) diminuindo a exposição do solo ao efeito da água das chuvas.
2. Sistema
de plantio direto (SPD) ou semeadura direta
No caso de hortaliças cultivadas em áreas mais
extensas como é o caso da cenoura e cebola, a irrigação com o uso do
pivô central e o mini-pivô são indicadas para um uso adequado da
água. Entretanto,
devem ser tomados cuidados como:
evitar o excesso de água de irrigação para não haver risco da
disseminação de
Sclerotium
(mofo branco), de bacterioses e nematóides.
3. Monitoramento da água de irrigação quanto à qualidade
O pH da água de irrigação não deve ser inferior a 5,0-5,5 e nem superior 7,0-7,5. A condutividade elétrica da água (C.E. ou E.C.) era expressa em mmhos.cm-1, ou em dS m-1 e conforme a atual Legislação é apresentada em mS cm-1. Deve-se observar que 1 mS cm-1, corresponde a aproximadamente 640 mg de sal por litro de água. O termo RAS significa relação de adsorção de sódio, sendo dado pela equação: RAS = Na / [(Ca+Mg)/2]1/2
A literatura internacional mostra que há
comportamentos distintos das diferentes hortaliças com relação à
tolerância ao eventual excesso de elementos como o boro, sódio,
cloro, tanto na água de irrigação como no solo.
A beterraba e a cebola, por exemplo,
toleram até 4 mg L-1
de boro na água de irrigação enquanto quantidades em torno de
Na tabela 1 são apresentadas as faixas de valores máximos ou níveis críticos de diferentes parâmetros visando proporcionar uma avaliação da qualidade da água de irrigação para hortaliças. Valores acima das faixas apresentadas poderão acarretar danos ao desenvolvimento das hortaliças, ou indicar a possibilidade de formação de resíduos causando problemas nos sistemas de irrigação, ou ainda, possibilidade de reações químicas, afetando a disponibilidade de elementos minerais, entre outras consequências.
4. Escolha
correta de cultivares e de épocas de plantio
Vantagens ou benefícios da produção de mudas em
bandejas: a) Melhor equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular das mudas. b) Economia de sementes, defensivos (agrotóxicos) e irrigação. c) Redução do estresse no transplante. d) Maior rendimento e aproveitamento de mão-de-obra. e) Redução do ciclo da cultura. f) Maior uniformidade da lavoura e aproveitamento da área de cultivo.
6. Uso de
cobertura morta (“mulching”)
A
cobertura morta (“mulching”) de origem orgânica sempre que possível
deve ser utilizada na produção sustentável de hortaliças. Citam-se
como principais benefícios:
a) propiciar
menos aquecimento da superfície do solo o que poderia prejudicar a
germinação de sementes e o crescimento das mudas. b) proporciona
a proteção do solo contra respingos da água de chuva e da irrigação,
o que jogaria a terra sobre as folhas das plantas. c) Acarreta
menor crescimento de plantas daninhas concorrentes das hortaliças.
Dentre os materiais orgânicos que
servem de “mulching” destacam-se o bagacilho de cana pré fermentado;
a casca de arroz curtida; a serragem pré fermentada; grama batatais
picada e seca, camas de animais como frango, eqüinos, etc.
A cobertura morta pode ser obtida pelo
dessecamento e posterior incorporação do mato nos canteiros que
serão utilizados para plantio das hortaliças.
No caso de se trazer materiais de
outros locais, recomenda-se realizar a cura ou compostagem dos
mesmos para não correr o risco de se introduzir sementes de plantas
daninhas e de microorganismos nocivos às plantas tais como o
Verticillium.
7. Espaçamento adequado entre-linhas e entre-plantas. Atualmente é preconizado o adensamento das hortaliças e outras culturas visando-se um máximo aproveitamento da área. O adensamento proporciona melhores produtividades (produções por área), menor concorrência do mato, economia na irrigação, melhor aproveitamento da mão de obra. Por outro lado, deve-se tomar o cuidado de não se “apertar” muito o espaçamento entre-linhas e entre-plantas, para não propiciar a formação de um microclima que poderá favorecer a ocorrência de doenças da parte aérea das plantas como fungos e bactérias. Tem-se atualmente como exemplo negativo o aumento da incidência de mofo branco (Albugo candida) em folhas de rúcula devido à exageros nos espaçamentos “adensados” dessa espécie de hortaliça, além do plantio da mesma em épocas muito quentes do ano.
Obs. O canteiro à esquerda contendo plantas
daninhas de folhas largas junto com restos de plantas de alface será
pulverizado com herbicida de baixo impacto ambiental (dessecamento)
e posteriormente as plantas secas serão incorporadas ao solo.
A incorporação de plantas daninhas
imaturas, nesse caso, poderia acarretar desenvolvimento de fungos de
solo.
8.
Adoção do sistema de cultivo protegido para algumas espécies
hortícolas.
O cultivo de hortaliças, condimentares e
medicinais em estufas plásticas tem se mostrado uma prática atual
sendo uma maneira sustentável de se conseguir aumentos de
produtividade com mínima agressão ao meio ambiente. De uma maneira
geral se adaptaram melhor a esse sistema de produção o pimentão,
pepino, tomate e diversas hortaliças folhosas.
Recomenda-se
ao produtor especializado em cultivo protegido realizar algumas
práticas como: utilização de fertilizantes orgânicos em pré-plantio;
escolha das espécies e cultivares de hortaliças conforme o clima
local e o retorno econômico, evitando-se porém, a monocultura;
escolher um sistema de irrigação e fertirrigação ajustados ao ciclo
da planta.
A foto a seguir mostra estufa do tipo Capela em Campinas, onde se adotou a mini-aspersão para hortaliças folhosas como alface, almeirão, salsa, cebolinha e espinafre. O produtor utiliza para adubação de cobertura fertilizantes pouco solúveis diretamente no solo e após isso irriga o local. Isso possibilita boa economia quanto ao emprego de fertilizantes de alta solubilidade em fertirrigação, mais caros que os demais adubos.
.No sudoeste do Estado de São Paulo, prevalecem as estufas cobertas com plástico nas suas laterais (foto a seguir) devido a incidência de ventos frios no outono / inverno. Em outras regiões, parte das laterais é coberta com telas do tipo “sombrite” ou clarite”. Deve-se preferir aquelas de malha bem fina para se evitar a entrada de pulgões e outros insetos. Isso possibilita uma economia no uso de agrotóxicos.
Agradecimentos
Os
autores agradecem a André Luis Trani e Pedro L. G. Abramides pelo
incentivo, correções, sugestões, digitação e editoração deste trabalho
técnico- científico.
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Dados para citação bibliográfica(ABNT) TRANI, P.E.; TIVELLI, S.W.; PASSOS, F.A. Horticultura Sustentável - Parte II. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/HorticulturaSustentavel2/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 20/09/2010 |