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O papel da
Bioinformática na pesquisa agropecuária
Podemos entender a
Bioinformática, de uma
maneira simplificada, como a aplicação de ciência da computação à
resolução de problemas das áreas biológicas. Ampliando um pouco, temos a
Bioinformática como uma área multidisciplinar da ciência, envolvendo
tecnologia da informação, biologia, matemática, estatística, química,
física e outras disciplinas visando resolver problemas das ciências da
vida, sendo principalmente aplicada a questões da biologia molecular.
Como ela surgiu? O conhecimento científico
aumenta em quantidade e qualidade a cada dia, e algumas épocas de
grandes descobertas se tornam marcos. A genômica surgiu num desses
momentos de mudança, e a geração de quantidades de dados biológicos cada
vez maiores levou ao desenvolvimento de uma área específica de
conhecimento, que permitisse manipulação confiável e rápida de grande
quantidade de dados e que viabilizasse e ampliasse o potencial das
pesquisas. Portanto, a bioinformática suporta e potencializa muitas das
tecnologias mais modernas na fronteira do conhecimento, como
sequenciamento e fenotipagem de alta quantidade de dados (“high
throughput”).
Se, do ponto de vista do bioinformata,
estamos falando de constante evolução e de integração de diferentes
áreas do conhecimento, do ponto de vista do usuário a bioinformática é
essencialmente uma importante ferramenta, em alguns casos
imprescindível. E se é uma ferramenta, é bom lembrar que para o melhor
resultado é preciso utilizar a ferramenta correta da maneira correta.
Como no exemplo da estatística, em que a
pesquisa deve incluir essa disciplina desde o planejamento do
experimento, o bioinformata deve estar presente nas discussões de todas
as fases dos projetos. Embora o estatístico e o bioinformata possam
extrair informações dos dados que tiverem em mãos, a falta de
planejamento correto pode prejudicar a otimização dos resultados,
podendo inclusive inviabilizar o cumprimento de metas. Como a
complexidade dos sistemas e processos estudados pela bioinformática gera
muitos comportamentos imprevistos e/ou não controláveis para ser
estudados nas pesquisas, podemos dispensar fatores adversos adicionais. Conceitos apresentados, vamos à prática. Como a bioinformática se insere no contexto da agropecuária? Ou, onde e como pode ser aplicada e qual sua importância? Utilizemos um exemplo da Embrapa Agroenergia, unidade da Embrapa que nasceu há poucos anos e que inclui o Laboratório de Análises de Bioinformática (LAB) no prédio que será sua base de atividades e que está em construção, com término previsto para o final deste ano.
A pesquisa em Agroenergia inclui diversos
aspectos (www.cnpae.embrapa.br),
e entre eles está conhecer e melhorar as espécies potencialmente
utilizáveis como fontes renováveis de energia. Muitas destas linhas de
pesquisa, como caracterização molecular, melhoramento genético,
engenharia genética ou mesmo conhecimento básico sobre mecanismos
moleculares das espécies, tem a alta produtividade e a obtenção de
resultados vinculadas à aplicação de novas tecnologias e de
bioinformática.
O sequenciamento de grande parte de um
genoma pode ser feito em poucos dias, e a estrutura e as análises de
bioinformática possibilitam que este tipo de informação seja organizado
e disponibilizado de forma a facilitar a interpretação dos resultados,
direcionando os próximos passos e auxiliando as conclusões no final da
pesquisa.
A Bioinformática não substitui a pesquisa de bancada e não cria informações do nada. Os bioinformatas utilizam o conhecimento prévio e fazem comparações e análises específicas através de ferramentas computacionais, com velocidade e capacidade muito superiores às análises feitas manualmente. Sendo assim, podemos dizer que a bioinformática reduz enormemente o trabalho manual, direcionando o mesmo para casos específicos em que ele seja realmente necessário e acelerando e facilitando tomadas de decisão. Em outras palavras, a genômica e a bioinformática, representando aqui tecnologias modernas de alta capacidade, direcionam as pesquisas para que os esforços fiquem concentrados nos casos em que seja mais provável encontrar as melhores soluções, potencializando o desenvolvimento.
O Brasil já é capaz de utilizar tecnologias
de ponta em pesquisas de interesse nacional e mundial, o que é motivo de
orgulho. Seja em culturas como pinhão manso, palma e cana-de-açúcar ou
em florestas energéticas e tratamento de resíduos, seja em outras
diversas áreas de pesquisa agropecuária, existem pesquisas em andamento
ou sendo planejadas onde a utilização correta da bioinformática é
imprescindível para a obtenção de bons resultados. Numa outra
oportunidade trataremos de exemplos específicos de aplicação.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): FORMIGHIERI, E.F.. O papel da Bioinformática na pesquisa agropecuária. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/bioinformatica/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 16/09/2010 |