BAUNILHA
(Vanilla
planifolia
Jacks ex Andrews)
André
May;
Andrea Rocha Almeida de Moraes;
Carlos Eduardo Ferreira de Castro;
João Paulo Furlan de Jesus
A baunilha
é uma planta herbácea, perene e com hábito trepador. Pertence a
família Orchidaceae, subfamília Epidendroideae, tribo Vanillinae e
gênero Vanilla. As espécies que compõem o gênero são
originárias do sudeste do México, da Guatemala e outras regiões das
Américas Central e do Sul, incluindo o Brasil.
Ela é
considerada um aromatizante por interferir de forma benéfica no
sabor final da comida, além de permitir a conservação dos alimentos.
É usada largamente na aromatização de sorvetes, chocolate, bebidas e
produtos de confeitaria, além de ser também utilizada em perfumaria
e, em pequena escala, como planta medicinal (TODAFRUTA, 2006).
A
Vanilla planifolia é a principal fonte natural de baunilha sendo
também a Vanilla trigonocarpa uma das melhores produtoras de
baunilha. A essência de baunilha é extraída dos frutos de algumas
espécies de baunilha (não de todas), fazendo dela a única orquídea
que possuí interesse comercial fora do contexto ornamental
(DELFINADEARAUJO, 2006).
A espécie
mais cultivada no México e América Central é a V. planifolia
sendo uma espécie de orquídea com hábito de trepadeira, nativa do
próprio México. De seus frutos secos extrai-se a vanilina,
responsável pelo tão conhecido sabor e aroma de “baunilha”. Embora
V. planifolia seja a principal espécie produtora de vanilina,
V. tahitiensis e
V. pompona também são cultivadas para este fim (SHEEHAN &
FARACE, 2003). Desde o México até as Guianas e Trinidad e Tobago
encontramos a V. pompona, com frutos menores, mais grossos e
carnudos. São pesados e com maior dificuldade na sua secagem. É
também consumida fresca, em pequenas embalagens – conhecidos
popularmente como baunilhão. A V. gardneri, que se assemelha
à V. pompona, vegeta no Brasil (WIKIPEDIA, 2006).
Para o
Brasil estão listadas ao redor de 31 espécies, mas nenhuma delas
explorada comercialmente, pois seu sabor é muito diferente
(ERVAS & PLANTAS, 2006).
A história
da baunilha começou a ser registrada na Europa a partir da
descoberta da América (DELFINADEARAUJO, 2006). Quando os e espanhóis
entraram em contato com os antigos senhores do México, os Aztecas
surpreenderam-se com seu adiantado grau de civilização. Em suas
observações sobre os costumes desses habitantes, notaram que, na
confecção de chocolate, juntavam determinada espécie de favas
aromáticas que o impregnavam de um odor muito agradável. Tais favas
– que tinham também variado emprego na culinária, no preparo de
certas iguarias, assim como na elaboração dos primitivos, cosméticos
que as mulheres usavam, principalmente, em ocasiões de festas e de
certos rituais religiosos – eram cápsulas colhidas em determinado
ponto de maturação de
Vanilla planifolia, planta nativa e abundante nas florestas
daquele país, sobretudo na região sul, vertente para o golfo do
México. Desde as primeiras referências literárias do século XVI
sobre os costumes astecas, fala-se do uso do “tlilxochitl” (flor
preta) como um dos aromatizantes adicionados à bebida, que era feita
a partir do cacau (COE & COE, 2000). Na verdade, “flor preta” é como
os Totonacs chamavam o fruto da vanila, que depois de seco assume
uma tonalidade escura. Os Totonacs, já habitavam a região
antes do domínio Asteca (1200 – 1500 d.C.), e vinham praticando a
agricultura e o cultivo da baunilha há vários séculos
(DELFINADEARAUJO, 2006).
A essência
usada antigamente era obtida através da fermentação dos frutos da
orquídea (vanilla). Ao terem seu primeiro contato com a vanilla, na
costa sudoeste do México, os espanhóis chamaram de “vainilla”
(vagens pequenas) por que seus frutos alongados, contendo as
sementes, lembravam-lhes as “vainas” (vagens) de certas plantas
leguminosas. “Vaina” é também o diminutivo da palavra latino vagina,
significando “bainha”. Até hoje não se sabe se o botânico sueco,
Olof Schwartz, pensava no formato da vagem (bainha) ou em suas
propriedades ditas afrodisíacas quando ele deu o nome à orquídea de
vanilla (DELFINADEARAUJO, 2006).
Hoje o
México não ocupa mais a posição de maior produtor e poucas famílias
ainda vivem exclusivamente do cultivo da baunilha. Hoje a ilha de
Madagascar é responsável por 90% da produção mundial, que é
calculada em cerca de 1200 toneladas por ano (TODAFRUTA, 2006;
DELFINADEARAUJO, 2006).
Características Botânicas
A baunilha
somente é cultivada pelo valor comercial de seus frutos, pois suas
flores não são muito atrativas, comparando-se com a beleza de outras
orquídeas. Ela é uma planta trepadeira, com caules cilíndricos, de 2
centímetros de espessura e coloração verde, que se apóiam através de
raízes adventícias de comprimento variável, para o seu
desenvolvimento. Estes, na plenitude do desenvolvimento podem
atingir 1,5 – 2,0 metros. Estes órgãos de fixação são chamados de
caulinares, por aderirem aos troncos e galhos das árvores, mantendo
a planta segura. Devido ao seu tipo de crescimento, todas as
espécies precisam de um suporte onde o caule possa se prender, como
ocorre nas condições no onde aderem suas raízes as árvores. Quando
elevadas, elas deixam seus ramos pendentes e assim florescem. Suas
folhas são curtopecioladas, ovais e lanceoladas, apresentando sulcos
no sentido vertical de coloração verde mais escuro, de pecíolo
curto, mais ou menos suculento, coriácea, verde-escuros, alternadas,
algumas vezes reduzidas simplesmente a vestígios e ocasionalmente
ausentes. Tem conforme a espécie, um comprimento de 15 a 24
centímetros e 3 a 4 centímetros de largura. Opostas as folhas, em
cada nó, nascem uma ou mais raízes aéreas, razoavelmente grossas
(TODAFRUTA, 2006, WIKIPEDIA, 2006, DELFINADEARAUJO, 2006).
Suas
flores são produzidas a partir das axilas das folhas ou dos
vestígios delas e são de coloração amarelo-canário, com labelo cor
mais intensa e com cerca de 15 centímetros de diâmetro. São flores
vistosas que se encontram ordenadas em cachos, mas, em quase todas
as espécies, são de curta duração e produzidas em sucessão. As
pétalas e as sépalas são livres e iguais. O labelo é unido na base e
uma coluna longa e estreita encoberta. Em todas as espécies o pólen
é macio e farinhento e não é dividido em políneas distintas. Suas
sementes são muito diferentes das sementes de outras orquídeas, pois
apresentam um tegumento (epiderme) muito duro e opaco e externamente
desenhada (esculpida). O fruto é uma cápsula alongada medindo cerca
de 20 a 25 centímetros de comprimento e 3 centímetros de espessura
(chamada de vagem ou fava) e constitui seu verdadeiro valor
econômico, pois é justamente dele que se extrai baunilha
(GUIAPRÁTICO, 2001; TODAFRUTA, 2006; WIKIPEDIA, 2006;
DELFINADEARAUJO, 2006).
Constituintes químicos
A baunilha
contem em sua composição os ácidos acéticos, ácidos vanilil etílico,
açucares, álcool etílico, ceras, cinamato, eugenol, fermentos,
furfurol, gorduras, mucilagens, resinas, taninos e a vanilina
(PLANTAMED, 2006).
É do
interior da fava da baunilha que saem os minúsculos grãos que exalam
um cheiro perfumado, doce e delicado da baunilha autêntica. A
substância química que dá o aroma da baunilha é a vanilina, que está
presente nas essências em torno de 1,5% (TODAFRUTA, 2006).
A vanilina
(4-hidroxi-3-metoxibenzaldeido) é um dos compostos aromáticos mais
apreciados no mundo e um importante flavorizante para alimentos,
bebidas e é usada também em produtos farmacêuticos.
Ela possui
vários efeitos como prevenção de doenças, antimutagênico,
antioxidante, conservante e antimicrobiano. O aroma da baunilha, ou
seja, a vanilina, é obtida da planta Vanilla planifolia na
forma de gluco-vanilina, na proporção de 2% em peso. A fonte natural
da gluco-vanilina (a vagem da baunilha) pode fornecer apenas 20 t
métricas das 12000 t métricas consumidas anualmente (cerca de 0,2%)
(DAUGSCH & PASTORE, 2005).
Para se
obter a vanilina, as vagens da baunilha precisam passar por um
processo bastante longo. Primeiro devem ficar amadurecendo durante
muitos meses antes de serem colhidas. O processo, propriamente dito
para ressaltar o seu odor envolve muitas manipulações: calor
inicial, secagem ao sol, ser curada na sombra, seleção e
empacotamento. A titulo de curiosidade, numa das antigas maneiras de
se obter a vanilina, as vagens eram curadas mergulhando-as em água
quase fervente por 25 segundos. Depois as vagens eram colocadas
entre tecidos para absorção da umidade e colocadas ao sol para
secar. Elas então eram enroladas em outro tecido e colocadas em uma
caixa fechada, depois retiradas todos os dias e espalhadas ao sol
por uma ou duas horas. Este processo prosseguia por 2 ou 3 semanas
até que se as vagens se tornassem escuras e macias (DELFINADEARAUJO,
2006).
O processo
de cura das favas deve iniciar imediatamente após a colheita das
mesmas, sendo este um processo lento, difícil, cheio de segredos,
mas é o que determinará a qualidade da baunilha. O processo de cura
é extremamente complicado e exige um grande conhecimento e paciência
para obter os melhores resultados. Existem vários métodos utilizados
hoje em dia, mas o princípio básico é tratar inicialmente as favas
com calor e deixá-las posteriormente em processo de transpiração ou
“deixar suar”. Desta forma as favas vão perdendo água e inicia-se
todo um processo de transformação química nos aromas,
intensificando-os ainda mais (TODAFRUTA, 2006).
Espécies
A espécie
mais plantada comercialmente e a que fornece produto de melhor
qualidade é a Vanilla planifolia, originaria do México. As
duas outras espécies mais conhecidas, Vanilla pompona e
Vanilla tahitiensis, são pouco cultivadas e fornecem um produto
de qualidade inferior (CEPLAC, 2006).
Cultivo
A
baunilha, para bom desenvolvimento e frutificação abundante, precisa
ser plantada em ambiente meio sombrio, onde a luz solar direta deve
penetrar na proporção ideal de 50%. Para atender a essa proporção, o
plantio é feito comumente dentro de bosques, capoeiras rareadas, sob
plantas cultivadas especialmente para o fim em vista ou dentro de
ripado. Uma plantação é relativamente fácil e barata para se
organizar. Deve-se apenas atender o fato que são plantas que
precisam de luminosidade moderada, umidade constante e freqüentes
doses de fertilizantes. A rega deve ser regularmente mantida durante
o ano todo, não havendo período de repouso marcado. Em razão de seu
hábito de trepadeira, precisa de muito espaço para expandir e
precisa de um suporte para se prender (DELFINADEARAUJO, 2006).
A época de
plantio tem início em setembro e pode ser prolongada até dezembro e
janeiro.
Primeiramente, deve-se construir uma cobertura de madeira de 10
metros de largura por 30 metros de comprimento e 2 metros de altura,
em terreno fresco e abundante de húmus, sombreado e protegido de
ventos fortes. Em cada esteio plantam-se pedaços hastes que tenham
mais ou menos 1 metro de comprimento. Enterram-se 10 a 15
centímetros e amarrase onde a planta deva crescer. A plantação deve
ser feita no inverno, nos meses mais úmidos, para que as mudas não
desidratem com o calor (WIKIPEDIA, 2006).
Das axilas
das folhas irão surgir raízes ou gavinhas que vão se agarrar a
madeira. Não se deve plantá-las na encosta de grandes árvores, como
mangueiras ou jaqueiras.
Por ser
uma planta trepadeira, alcançando até 20 metros de altura, ao se
ramificar pelos galhos das árvores fica difícil, na época da
floração, a polinização de suas flores e a colheita de seus frutos.
Após dois ou três anos, essas coberturas estarão entrelaçadas de
racimos e apresentarão as primeiras florações nos meses de outubro e
novembro (WIKIPEDIA, 2006).
No México,
a floração acontece normalmente entre abril e maio e, para aumentar
a eficiência, hoje às flores são manualmente autofecundadas. Em
geral, de 12 flores fecundadas/inflorescência, selecionam-se apenas
seis cápsulas para que se desenvolvam melhor. As cápsulas crescem
até um comprimento de 18 a 22 cm e são colhidas em dezembro, no
inicio do inverno mexicano. De sete quilos de cápsulas colhidas,
após a secagem obtêm-se um quilo de cápsulas secas, que serão
empacotadas e estarão prontas para serem exportadas. A partir daí
inicia-se o período de beneficiamento, que se prolongará por três
meses, quando milhares de cápsulas serão espalhadas diariamente ao
ar livre, para secarem ao sol e têm que ser recolhidas todas as
tardes. Durante as noites as cápsulas são abafadas por cobertores e
são armazenadas em grandes caixotes de madeira. Após este período as
cápsulas são anualmente selecionadas e minuciosamente limpas
(DELFINADEARAUJO, 2006).
O preço da
baunilha no mercado internacional varia muito, de acordo com a
oferta e a qualidade do produto. Em 2003 e 2004 tem oscilado entre
U$ 95 e U$ 475 o quilo (DELFINADEARAUJO, 2006).
Clima e
Solo
A baunilha
é uma planta tipicamente de clima tropical quente e úmido, vegetando
bem em regiões que apresentam temperatura média superior à 21ºC e
com precipitação anual mínima de 1800 mm. Um período seco de
aproximadamente dois meses é fundamental para induzir um bom
florescimento. É uma cultura que não se desenvolve em campo aberto,
pois as plantas necessitam de um pouco de sombra nos períodos mais
quentes e secos, além de proteção contra o vento direto. É uma
cultura normalmente consorciada com frutíferas perenes, como por
exemplo o cajueiro, na região nordestina do Brasil (AGROV, 2006). O
solo deve ser fresco, solto, profundo, fértil e rico em matéria
orgânica (CEPLAC, 2006; ERVAS E PLANTAS, 2006).
Propagação e plantio
É feito
por meio de enraizamento de estacas, cujo comprimento tem influência
direta ao tempo necessário à iniciação do florescimento e
frutificação. As estacas podem ser plantadas diretamente no campo e
devem ter, no mínimo, 40 a 80 cm de comprimento.
Remover de
duas a três folhas na extremidade a ser plantada na cova de plantio,
deixando para fora pelo menos dois nós. Amarrar a porção das hastes
acima do solo a suportes, até as raízes aéreas terem bom agarramento
ao suporte ou tutor. As estacas podem ser armazenadas ou
transportadas por até duas semanas. Esse plantio deve ser feito em
local sombreado, entre os meses de setembro a outubro (AGROV, 2006;
CEPLAC, 2006).
Para o
plantio de um hectare serão necessárias de 1000 a 2000 mudas (AGROV,
2006; CEPLAC, 2006). As estacas são plantadas em covas de 30 x 30 x
30 cm, ao lado de tutores vivos (árvores) ou mortos (estacas com 1,5
m de altura). O espaçamento entre árvores de sombra deve ser de 6 x
4 m, plantando-se de duas a quatro estacas por árvore suporte
(AGROV, 2006).
Planta-se
de duas a três estacas, que são inclinadas em direção ao tutor, e
das quais se retiram apenas às folhas que ficarão embaixo da terra.
A medida que as plantas crescem, é preciso utilizar, por exemplo,
varas horizontais entre os tutores, para conduzir o crescimento para
elas e garantir que a cultura não cresça alem de 1,5 m de altura
(AGROV, 2006).
Quando o
plantio é feito cedo, durante o primeiro ano, o comprimento das
plantas pode atingir dois, três ou mais metros, aproximadamente.
Sendo assim, as flores das baunilheiras precisam estar à altura
conveniente, para que o serviço de polinização possa ser executado
livremente, sem que se torne necessário subir às árvores-suporte ou
usar escadas.
Os
restantes tratos culturais dispensados são simples, constituindo em
roçadas no mato que surgir prejudicando ou fazendo concorrência às
baunilheiras. As capinas não são muito aconselháveis, pois há o
perigo de cortar grande número de raízes, que são muito
superficiais. É recomendável acumular, periodicamente, detritos
vegetais sobre o local onde estão as baunilheiras. O resultado dessa
operação é de efeito surpreendente.
A adubação
é feita de matéria orgânica em cobertura (CEPLAC, 2006).
Florescimento e polinização
O
florescimento ocorre a partir do segundo ano de plantio, mas só a
partir do terceiro ano é que a planta produz maiores cargas de
frutos. A polinização praticamente não ocorre por dois meios
naturais, tendo que ser feita manualmente. As flores surgem por
inflorescência nas axilas das folhas, formando cachos com 15 a 20
flores cada, que não florescem por inteiro.
Por dia,
abre-se de 1 a 2 flores, que permanecem abertas por 24 horas,
aproveitando-se este período para realizar a polinização manual. A
polinização manual é feita, pois a flor possui uma membrana que
separa o órgão reprodutor masculino do feminino o que dificulta a
polinização natural realizada pelos insetos (AGROV, 2006). Além
disso, nos plantios comerciais, recomenda-se à polinização
artificial a fim de aumentar a produção (CEPLAC, 2006).
A
polinização manual consiste em localizar a coluna, parte da flor
onde se localizam o estigma e os estames, e com um estilete
pontiagudo de madeira retira-se a polínea, uma massa onde os grãos
de pólen estão agregados. A polínea é então levada até a entrada do
estigma para a fecundação (AGROV, 2006).
Na Bahia a
floração ocorre entre os meses de setembro a outubro. Geralmente, em
plantas vigorosas, são polinizadas de 8 a 10 flores em cada
inflorescência e 10 a 20 inflorescências em cada planta. O
rendimento médio dessa prática varia de 800 a 900 polinizações
diárias. (CEPLAC, 2006).
Tratos
culturais
As raízes
da baunilha são superficiais, por isso não se recomenda fazer
capinas após o plantio. Para o controle de plantas invasoras, é
recomendado somente realizar roçadas, sempre que necessário,
podendo-se inclusive acumular o material cortado próximo a
baunilheira, que além de ajudar a manter a umidade do solo, é também
boa fonte de matéria orgânica para a cultura, exigente neste
material (AGROV, 2006).
A prática
da poda é bastante utilizada, cortando a extremidade da planta a
cerca de 10 cm de comprimento entre janeiro e março para estimular a
produção de inflorescências nas axilas das folhas dos ramos
pendentes. Após a colheita, deve-se também podar as hastes velhas e
fracas (CEPLAC, 2006).
Por
tratar-se de uma planta que necessita de sombreamento em torno de 50
a 70%, recomenda-se o consórcio com frutífera perenes de valor
econômico. É necessário conduzir a planta a uma altura conveniente
para facilitar as polinizações e colheitas. Deve-se enrolar as
hastes em torno dos galhos baixos das árvores que servem de suporte
ou sobre tutores inertes de forma que fiquem pendentes (CEPLAC,
2006).
Os
produtores mexicanos fertilizam o solo, onde está plantada a
baunilha, apensa com adubo orgânico (DELFINADEARAUJO, 2006). Mas é
importante realizar manualmente uma adubação de cobertura do solo
com matéria orgânica (AGROV, 2006; CEPLAC, 2006).
Os
inseticidas mais utilizados contra as eventuais pragas é uma mistura
de extrato papaia e sabão. Bactérias podem necrosar parte do tecido
e são consideradas somo sendo o maior perigo para o cultivo
(DELFINADEARAUJO, 2006).
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Figura 1. Aspecto da planta
Vanilla planifolia
Jacks ex
Andrews, Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2006.
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Preparo
dos frutos e colheita
A colheita
normalmente ocorre de julho a agosto, quando as cápsulas estão
maduras com colorações mais claras, sem brilho (começam a amarelar).
Isto ocorre cerca de 8 a 10 meses após a polinização. A planta
inicia o florescimento no terceiro ano após o plantio, dependendo do
tamanho da estaca usada, e a máxima produção de flores é alcançada
com sete anos após o plantio. A produção média normalmente varia de
200 a 400 quilos de favas por hectare, quando a planta atinge os
sete anos de idade (AGROV, 2006; CEPLAC, 2006; ERVAS & PLANTAS,
2006).
Na época da
colheita dos frutos há vários processos para prepará-los,
conservando e mantendo o aroma inalterado (“cura”). No México
adota-se o sistema de secagem ao sol e a sombra. Estende-se panos de
lã, de cor escura, bem exposta ao sol, onde se coloca os frutos por
alguma horas. Depois são envolvidos e deixados em local sombrio. No
mesmo dia repetese o processo (os frutos são colocados novamente ao
sol e, durante a noite, envolvidos no pano de lã e, assim, secam
totalmente). É um moroso processo de até 2 meses, se não ocorrerem
dias ensolarados seguidos (WIKIPEDIA, 2006).
Outro
processo bastante usado é reunir algumas vagens, amarrando-as em
pacotes e mergulhando-os por espaços de 20 e 30 segundos em água
fervente (em torno de 70ºC) – isso para inibir o poder germinativo
de suas sementes. Espalham-se ou as penduram depois sobre esteiras
para secar.
Nos dias
consecutivos, colocá-las ao sol e à sombra, por volta de 4 a 6 dias.
A secagem em estufa dura em média 14 dias, enquanto a secagem ao sol
é de 50 dias (WIKIPEDIA, 2006; CEPLAC, 2006).
Depois de
mergulhadas em água fervente, as vagens liberam substâncias
viscosas, que devem ser separadas com cuidado para não romper as
cápsulas. Para isso não acontecer, elas devem ser amarradas com fio
de algodão, envolvendo-as, em seguida, em um pano de lã, para
transpirarem até o dia seguinte. Devem ser colocadas à sombra
durante algumas horas para uma perfeita aeração, antes de irem
novamente ao sol para secar (WIKIPEDIA, 2006).
Existe,
ainda, um outro processo: untar as vagens com óleo de castanha de
caju sem densa aplicação para evitar o ranço dos frutos. Esse óleo é
aplicado com pincel e não como banho (óleo em excesso prejudica o
aroma). Este processo é empregado após o banho na água fervente e
após as frutas começarem a enrugar. Na ilha de Madagascar a secagem
é feita com cloreto de cálcio (WIKIPEDIA, 2006).
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Figura
2.
Frutos de Vanilla planifolia
Jacks ex Andrews após a cura,
Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2006.
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Comercialização
A produção
de baunilha é um processo trabalhoso e de alto custo (a vanilina de
extrato natural rende US$ 4000 por kg). Existe também a vanilina
artificial, comumente derivada de liquores de sulfito, produzidos
durante o processamento da polpa de madeira para a fabricação de
papel. Porem, o extrato sintético de vanilina fornece apenas a nota
sensorial principal do “flavour” (aroma) de baunilha. Além disso,
esse tipo de produção rende somente US$ 12 por kg para a indústria.
Esses números demonstram o interesse industrial em encontrar novas
alternativas para a produção de vanilina natural, que poderiam
fornecer um preço significativamente maior quando comparado à
produção sintética de vanilina (DAUGSCH & PASTORE, 2005).
O principal
mercado comprador da produção de baunilha do Sul ba Bahia é o estado
de São Paulo, sendo comercializado a um preço médio de US$ 250,00
por quilo (CEPLAC, 2006).
Usos
A baunilha
é usada largamente na aromatização de sorvetes, chocolates, bebidas
e produtos de confeitaria, alem de ser também utilizada na
perfumaria para a produção de essências para a fabricação de
perfumes, sabonetes, talcos, cremes, etc. e, em pequena escala como
medicinal. Alem de seu uso na culinária, os frutos de baunilha
também são utilizados na confecção de artigos de artesanato no
México (CEPLAC, 2006; WIKIPEDIA, 2006).
Na parte
medicinal, a baunilha tem propriedades excitantes. Estudos têm
indicado que a baunilha vem tendo certo sucesso no favorecimento da
digestão, no combate de afecções uterinas nervosas, diarréias,
espasmos, esterilidade, flatulência, impotência, melancolia
histérica, reumatismo crônico e admiti-se ser uma planta
afrodisíaca, anti-séptica, digestiva, estimulante, anti-espasmódica
e emenegoga (WIKIPEDIA, 2006).
Literatura citada
AGROV,
2006. Disponível em Acessado em 21 de junho de 2006.
CEPLAC,
2006. Disponível em Acessado em 15 de junho de 2006.
COE, S. D.
& COE, M. D. The True History of Chocolate. London, Thames & Hudson
Ltd. Ed. 2, 280p, 2000.
DELFINADEARAUJO, 2006. Disponível em Acessado em 16 de junho de
2006.
ERVAS &
PLANTAS. Revista geração Saúde, n.19, p.26-27, 2006.
GUIAPRÁTICO. Guia Prático: Ervas Aromáticas e Plantas Medicinais,
Ed. Impala, p.26, 2001.
TODAFRUTA,
2006. Disponível em Acessado em 15 de junho de 2006.
PLANTAMED,
2006. Disponível em Acessado em 15 de junho de 2006.
SHEEHAN,
T.J. ; FARACE, N. Vanilla: the most versatile orchid. Orchids, n.
72, v.12, p.936-939, 2003.
WIKIPEDIA,
2006. Disponível em Acessado em 15 de junho de 2006.
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Origem: Instituto Agronômico -
www.iac.sp.gov.br
André
May
possui graduação em Engenharia
Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(1997), mestrado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001) e doutorado em
Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (2006). Tem experiência na área de
Agronomia/Fitotecnia, com ênfase em Manejo e Tratos Culturais de
plantas.
Andrea Rocha Almeida de
Moraes possui
graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (1998) e mestrado em Agricultura Tropical e
Subtropical pelo Instituto Agronômico de Campinas (2005). Atualmente
é Pesquisadora Científica Nível I do Instituto Agronômico de
Campinas, atuando no Programa Milho do IAC e tendo como ramo de
atividade específico a cultura do milho-verde. Tem experiência na
área de agronomia, com ênfase em tecnologia de produção e
melhoramento vegetal, atuando principalmente nas seguintes culturas:
amendoim, milho e sorgo.
Contato:
andrea@iac.sp.gov.br
Carlos Eduardo Ferreira de Castro
concluiu o doutorado em Engenharia Agronômica pela Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiróz em 1993. Publicou 40 artigos em
periódicos especializados e 96 trabalhos em anais de eventos. Possui
33 capítulos de livros e 18 livros publicados. Possui 15 produtos
tecnológicos. Participou de 101 eventos no Brasil. Co-orientou 2
dissertações de mestrado, além de ter orientado 3 trabalhos de
iniciação científica na área de Agronomia. Recebeu 6 prêmios e/ou
homenagens. Atua na área de Agronomia, com ênfase em Fisiologia de
Plantas Cultivadas e Recursos Genéticos. Em suas atividades
profissionais interagiu com 102 colaboradores em co-autorias de
trabalhos científicos. Em seu currículo Lattes os termos mais
freqüentes na contextualização da produção científica, tecnológica e
artístico-cultural são: floricultura, pós-colheita, qualidade,
produção, conservação, flor de corte, Micropropagação, Antúrio,
cultivo e cultivo in vitro. Bolsista de Produtividade do CNPq.
Contato:
ccastro@iac.sp.gov.br
João Paulo Furlan de Jesus
possui bacharelado e licenciatura em
Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (2007). Desenvolveu o trabalho de conclusão direcionado
para o cultivo de cogumelos comestíveis. Desde então, vem se
especializando nesta área, e atualmente é aluno de pós-graduação da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Reprodução autorizada desde
que citado a autoria e a fonte
Dados para citação
bibliográfica(ABNT):
May, A.; MORAES, A.R.A. de; CASTRO, C.E.F. de;
JESUS, J.P.F. de.
Baunilha (Vanilla planifolia
Jacks ex Andrews).
2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/baunilha/index.htm>.
Acesso em:
Publicado no Infobibos
em 23/08/2010
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