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Uma nova chance para a agricultura de precisão:
a variabilidade espacial
O projeto AP2 representa um grande desafio, por isso, integra uma rede de mais de 100 pesquisadores, 20 centros da Embrapa, 15 unidades piloto, universidades e empresas parceiras. As unidades piloto são as principais áreas direcionadas para experimentação, envolvendo grãos, frutas, pastagens e florestas. Na década de Essa discussão faz parte do Projeto AP2, liderado pelo Dr. Ricardo Inamasu (Embrapa Instrumentação Agropecuária), que define a Agricultura de Precisão como a postura gerencial que considera o manejo da lavoura com base na variabilidade espacial. Mas, o que é a variabilidade espacial? Na década de 60, um cientista francês, George
Matheron, desenvolveu a teoria das variáveis regionalizadas conforme os
trabalhos de Daniel Krige, engenheiro de minas sul-africano, que
aplicava o processo em jazidas auríferas de maneira empírica. Matheron
denominou a teoria como Geoestatística por se tratar de uma contribuição
que a Geologia forneceu para a Estatística. O princípio fundamental da
Geoestatística é que a variabilidade de um atributo está associada ao
espaço físico. Assim, considerando dois pontos genéricos e um dado
atributo, por exemplo, textura do solo, existirá maior semelhança da
textura do solo de um ponto em relação ao outro, quanto menor a
distância entre eles. No caso das jazidas minerais, é comum realizar uma
malha regular de pontos na superfície da jazida, onde são efetuadas
sondagens, de maneira a avaliar o teor do minério no depósito, isto é,
em três dimensões. Observa-se que as sondagens são realizadas
espaçadamente, por exemplo, cada Agora, nos temos uma nova pergunta: Como o conceito de variabilidade espacial, com origem na Engenharia de Minas e na Geologia, se relaciona com a agricultura? Inicialmente, podemos apelar ao conceito inicial, “a Geoestatística é a contribuição da Geologia para a Estatística”, assim, sua aplicação se justifica em qualquer setor da Ciência. No entanto, imagine a lavoura como uma jazida mineral, considerando atributos relacionados com agricultura, por exemplo, textura/umidade do solo, fertilidade, controle de pragas e produtividade. Todos esses atributos possuem variabilidade espacial, isto é, apresentam valores diferentes nos diversos pontos da lavoura, dependendo das dimensões, relevo, material de origem, clima local, profundidade, entre outros. Se a variabilidade espacial dos atributos for inexistente ou muito pequena, o manejo da lavoura poderá ser pela média, executando de maneira uniforme as diversas ações. No entanto, podem ocorrer valores diferentes de fertilidade ou existir pragas que atacam um setor específico. Nesse caso, a aplicação de fertilizantes e agrotóxicos deverá ser realizada de maneira variável (taxa variável), envolvendo sítios específicos ou zonas de manejo. Assim, poderá acontecer uma redução de custo em insumos ou aprimoramento da produtividade, envolvendo ganho econômico para os produtores e redução de impactos ambientais. O uso de máquinas para aplicação à taxa variável já existe no mercado, procedimento utilizado por alguns produtores brasileiros. Porém, há um custo associado, um investimento inicial. O mapa da variabilidade espacial da lavoura pode ser inserido a um processador a bordo que deriva na aplicação à taxa variável ou em ocasiões, sensores específicos controlam o processo, sem necessidade do mapa. A produção do mapa implica em conhecimentos adicionais, como manuseio de softwares e imagens de satélite, de difícil aceitação para a agricultura convencional, provocando uma nova revolução tecnológica, que seguramente, não será acompanhada por todos os produtores. Assim, surgem diversos desafios para o projeto AP2, que aposta na infraestrutura da Embrapa, na capacidade técnica da rede de pesquisa associada e no poder da transferência de tecnologias e da inovação, focando diversas culturas, com potencial para ser trabalhadas no contexto da agricultura de precisão. No caso da Embrapa Clima Temperado, as culturas
escolhidas foram arroz irrigado e pêssego, sendo que, no contexto do
AP2, se está trabalhando de maneira artesanal, sem a utilização de
equipamentos sofisticados, mas considerando o manejo da lavoura segundo
uma malha regular ou
tratando cada planta de maneira específica. Espera-se que por meio do
uso de sistemas de informação geográfica, imagens de satélite e sistemas
de navegação guiados por satélites seja possível estabelecer
procedimentos de baixo custo, que representem uma otimização produtiva
ou o aprimoramento da qualidade ambiental, envolvendo também lavouras de
pequeno e médio porte. Informações sobre o projeto AP2 podem ser
adquiridas no site:
www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/redeap2 José
Maria Filippini Alba é
Dados para citação bibliográfica(ABNT): ALBA, J.M.F. Uma nova chance para a agricultura de precisão: a variabilidade espacial. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/AgriculturaPrecisao/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 04/08/2010 |