Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com Influenza A H1N1 – “Gripe Suína” Vera Letticie de Azevedo Ruiz Em 2009 ocorreu um surto de gripe causado por um Influenzavírus A diferente do vírus sazonal que ocorre anualmente no mundo. A doença causada pelo Influenzavírus A H1N1, erroneamente chamada de “gripe suína”, aparentemente surgiu em La Glória, Perote, México, no mês de março de 2009. Para entendermos melhor essa nova gripe, é necessário entendermos o agente causal. A família Orthomyxoviridae possui cinco gêneros, sendo 3 deles Influenzavirus, tipos A, B e C. O gênero Influenzavirus A possui uma classificação baseada em duas proteínas importantes para infecção e disseminação, a hemaglutinina (H1-16) e neuraminidase (N1-9). Os Influenzavirus A possuem oito segmentos de RNA fita simples em seu genoma e em casos de um hospedeiro se infectar com duas cepas diferentes, esses vírus podem trocar material genético e gerar uma novidade variedade viral que não existia antes. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, Atlanta) pesquisou o genoma do novo vírus e chegou à conclusão que, provavelmente, 4 vírus diferentes trocaram material genético para que ocorresse o surgimento desse que circula atualmente (1 vírus humano, 1 vírus de suínos, 1 vírus de aves e 1 cepa não definida, mas com características euroasiáticas). A principal característica desta nova gripe foi a velocidade de disseminação do vírus por diferentes continentes em um curto espaço de tempo. Diante disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS – WHO) declarou, em junho de 2009, com 30.000 casos confirmados em 74 países, que estávamos entrando na fase 6 de pandemia. Essa informação impressionou muitas pessoas, porém, segundo a definição, a fase 6 se resume a vírus sendo transmitidos entre humanos e com casos confirmados em pelo menos três continentes. Portanto, não quer dizer que a infecção está ou estava gerando mais casos fatais que antes. O relatório nº 93 da OMS (26/03/2010) apontou 1.631.097 casos confirmados e 16.931 mortes em 213 países. A doença causada pelo Influenzavirus é bem comum em suínos, assim como em humanos. Poucos casos de influenza A H1N1 foram relatados em suínos, ocorrendo apenas no México, Canadá, Argentina e Austrália. No Brasil, não existem relatos de casos clínicos de influenza A H1N1 em suínos. Nos relatos apresentados em outros países, os sinais clínicos nos animais são os mesmos apresentados em gripes causadas por outras amostras de vírus comuns aos suínos, como febre repentina, dificuldade respiratória, tosse, prostração, perda de apetite, espirros, secreção nasal e/ou ocular. As principais epidemias em humanos foram causadas pelo Influenzavírus A de diferentes tipos (Tabela 1).
Na Tabela 1 podemos perceber que esta não é a primeira vez que um vírus do tipo H1N1 ocorre. A diferença entre as três ocorrências é que o vírus que ocorreu em 1918 tinha a propriedade de produzir uma proteína chamada PB1-F2, associada a altas taxas de mortalidade e o vírus de 1977 foi disseminado a partir de uma falha vacinal com vírus vivos (atenuados). O vírus de 2009 não produz a proteína PB1-F2 e a vacina utilizada atualmente apresenta o vírus morto (inativado). Quando comparamos os índices de casos fatais pelo Influenzavirus A H1N1 a outras enfermidades ou desastres, percebemos que não estamos diante de um vírus altamente letal (Tabela 2).
Outro ponto que podemos destacar é em relação aos fatores de risco para a infecção e morte por Influenzavirus A H1N1. Segundo o Ministério da Saúde, os principais fatores de risco são gestação, problemas cardíacos, doenças respiratórias pré-existentes, diabetes e imunodepressão. O consumo de carne suína, manuseada de acordo com as boas práticas de higiene, é seguro, pois a transmissão depende de contato direto com animais e principalmente pessoas infectadas. Além disso, o vírus é morto em temperaturas de cozimento acima de 70ºC. Medidas de proteção individual (luvas, máscara, óculos de proteção, entre outros) e higiene (lavar bem as mãos, álcool 70%) são necessárias para prevenir a infecção principalmente em funcionários de granjas e abatedouros, que estão em contato direto com os suínos. Para a população em geral, os conselhos para prevenir a infecção são as medidas básicas de higiene, evitar locais com muitas pessoas e pouca ventilação, tomar a vacina nas campanhas, ter alimentação balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade. Diante disso, é muito importante que a população participe da campanha de vacinação para prevenir a infecção e tentar diminuir o próximo pico epidêmico previsto para 2010. A vacina disponível no Brasil para humanos está sendo produzida pelo Instituto Butantan a partir de vírus cultivados em ovos embrionados e é considerada segura para uso em humanos, pois utiliza o vírus inativado (morto). Seus efeitos colaterais mais comuns são dor local, dor de cabeça e febre, assim como a vacina contra influenza sazonal. Origem: Instituto Biológico - www.biologico.sp.gov.br Vera
Letticie de Azevedo Ruiz é médica veterinária e concluiu a
residência médico-veterinária em 2001, o mestrado em Ciências
(Microbiologia) em 2004 e o doutorado em Medicina Veterinária
(Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses) em 2007 pela
Universidade de São Paulo. Realizou curso de especialização na Osaka
Prefecture University em 2007. Atualmente é Pesquisadora Científica
Nível 2 do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal
do Instituto Biológico.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): RUIZ, V.L.A. Influenza A H1N1 – “Gripe Suína”. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_2/GripeSuina/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 09/04/2010 |