Bioecologia de Tribolium castaneum (H.) (Coleoptera: Tenebrionidae)
Patrícia Menegaz de Farias
Faroni e Frabetti (2009) escrevem que: “a família Tenebrionidae, a qual pertence a espécie Tribolium castaneum (H.) (Fotografia 1) é uma família muito grande, com mais de 10.000 espécies de insetos conhecidos, dos quais 100 têm sido encontrados associados com produtos armazenados. Diversos deles estão entre as mais importantes pragas secundárias de produtos alimentícios armazenados. T. castaneum tem ocorrência mundial, sendo considerada uma praga secundária de importância aos cereais, tais como o arroz, o milho, o trigo (BERNANDO QUÍMICA, 2006).
As espécies T. castaneum e T. confunsum são muito semelhantes entre si. Apresentam coloração uniforme e pronoto com forma retangular. Porém, distinguem-se na prática pelas antenas. Em T. confunsum os artículos antenais aumentam de tamanho gradualmente da base para a ponta e os adultos não voam, enquanto em T. castaneum os artículos antenais são do mesmo tamanho e o adulto é bom voador (GALLO et al, 2002).
Em relação aos ovos de T. castaneum, estes são pequenos medindo aproximadamente 0,6 x 0,3 mm de comprimento, claros e recobertos por substância viscosa, postos aleatoriamente, sendo que o período de incubação é de sete dias. Cada fêmea pode ovipositar até 450 ovos, sob condições ótimas para o desenvolvimento da espécie que são: 32ºC e 70% de umidade relativa (PUZZI, 1977). Já para Booth et al (1990, apud Elias et al, 2008), a duração de uma geração pode ser inferior a 20 dias, em condições favoráveis. Para Bernardo Química (2006) o ciclo de vida de T. castaneum é de 30 a 40 dias em condições ótimas de temperatura a 35 ºC e umidade relativa a 70%.
As fases de ovos e pupas (estado intermediário entre larvas e fase adulta) apresentam maior resistência à ação dos inseticidas, sendo uma das primeiras espécies a reinfestar os grãos após o tratamento. A oviposição é efetuada fora dos grãos é em média de duas a três vezes ao dia em sacarias, fendas ou alimentos (BELCHOL; TEIXEIRA, 2007). Em média são 2 a 3 oviposição ao dia em sacarias, fendas ou alimentos. As fêmeas depositam de 400 a 500 ovos (BIOCONTROLE, 2009).
De acordo com Gallo et al (2002) as larvas (Fotografia 2) são branco-amareladas, cilíndricas, medindo 7mm de comprimento, estas larvas apresentam o aspecto típico de larva-arame, além de não possuir mandíbulas muito resistentes. As larvas passam por 6 a 8 instares e possuem o último segmento abdominal bifurcado (BIOCONTROLE, 2009). As pupas estão localizadas na parte superficial do local atacado, sendo que a espécie T. castaneum possui um período pupal de 7 a 8 dias.
Corrêa (2008) e Elias et al (2008) descrevem que na fase adulta pode atingir de 3 a 4 mm de comprimento, possuem coloração marrom avermelhada, sendo praga secundária. Possuem corpo achatado, com duas depressões transversais na cabeça.
No que se refere à mobilidade da espécie, Bernardo química (2006) escreve que: “movimentam-se rapidamente por toda a massa de grãos, sendo encontrados principalmente onde houver concentração de impurezas, pontos aquecidos, pó, produtos em decomposição.
Segundo Lazzari e Lazzari (2009) T. castaneum tem preferência por farinhas e farelos, mas pode atacar grande variedade de grãos de cereais e rações animais, especialmente quando estes produtos estiverem com elevado conteúdo de umidade e/ou quando deterioram pela presença de fungos.
De acordo com Gallo et al (2002) este inseto ataca todos os topos de grãos moídos, como farelos, grãos quebrados, defeituosos ou já atacados por outras pragas. Sua presença é sinal de que os grãos estão infestados por pragas primárias.
Por ser uma praga secundária os danos ocasionados por T. castaneum segundo Santos (2008) são indiretos como o odor e sabor desagradável do produto, além de serem contaminantes (Fotografia 3).
Referências
BELCHOL, F.S.; TEIXEIRA, I.R.V. Preferência alimentar, performance e aceitabilidade de Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae) na farinha de soja integral. 2007. Disponível em: http://www.revistaanalytica.com.br/analytica/ed_anteriores/28/art01.pdf Acesso em: 09 Out. 2009.
BERNARDO QUÍMICA. Manual de identificação de pragas de produtos armazenados. 3 Ed. São Vicente, 2006.
BIOCONTROLE. Tribolium castaneum. 2009. Disponível em: http://www.biocontrole.com.br/?area=pragas&id=19 Acesso em: 09 Out. 2009.
CORRÊA, G.M. Tecnigran: controle integrado de pragas. Material didático. Maringá: Tecnigran, 2008.
ELIAS, M.C.; LORINI, I.; OLIVEIRA, M.; MORÁS, A.; SCHIAVON, R.A. Pragas e microorganismos no armazenamento de grãos e derivados. In: ELIAS, Moacir Cardoso. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Ed. Santa Cruz. Pelotas, 2008.
FARONI, L.R.D.; FRABETTI, D.R. Principais pragas de grãos armazenados. 2009. Disponível em: http://www.centreinar.org.br/pragas/index.html Acesso em: 02 Out. 2009.
GALLO, D.; et al. Entomologia agrícola. Piracicaba, SP: FEALQ, 2002. 920 p.
LAZZARI, S.M.N; LAZZARI, F.A. Insetos-praga de grãos armazenados. In: PANIZZI, A.R; PARRA, J.R. Biecologia e nutrição de insetos: Base para o manejo integrado de pragas. 1.ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p.667 – 721.
PUZZI, D. Manual de Armazenamento de Grãos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977.
SANTOS, J.P. Pragas de grãos armazenados do milho. 2003. Disponível em: http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23008 Acesso em: 20 Set. 2009.
Patrícia Menegaz de Farias possui graduação em Agronomia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2009). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Entomologia Agrícola. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/8299431329034885 Contato: patricia_menegaz@yahoo.com.br
Dados para citação bibliográfica(ABNT): FARIAS, P.M. de Bioecologia de Tribolium castaneum (H.) (Coleoptera: Tenebrionidae). 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/tribolium/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 04/02/2010 |