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PINHÃO-MANSO: SELETIVIDADE DE HERBICIDAS VISANDO A PRODUÇÃO DE AGROENERGIA
Lília Sichmann Heiffig-del Aguila1
A utilização do pinhão-manso, como matéria-prima para a produção de biodiesel, vem sendo amplamente discutida e avaliada, uma vez que esta é uma promissora cultura a ser implantada em áreas que não apresentem características edafoclimáticas favoráveis, favorecendo a distribuição do cultivo por todas as regiões brasileiras de diferentes matérias-primas, permitindo a melhor execução do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB (Heiffig & Câmara, 2006).
Pertencente à família Euphorbiacea, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta com muitos atributos, usos múltiplos e potencial considerável, podendo ser usada para prevenir e controlar a erosão; em reformas de terra; como cerca viva, especialmente na contenção de animais; sua torta tratada pode ser utilizada na alimentação animal; várias partes da planta têm valor medicinal; suas flores atraem abelhas, assim apresentando potencial de produção de mel; além disso, contém óleo que pode ser usado na fabricação de sabão, na indústria de cosméticos e na produção de biodiesel. Entretanto, o potencial desta cultura ainda não é explorado por falta de pesquisa (Openshaw, 2000).
Apesar de se tratar de uma planta rústica, deve-se manter o terreno sempre livre de plantas daninhas, principalmente em volta das plantas, pois a concorrência daquelas em água, ar, luz e nutrientes pode prejudicar e atrasar o desenvolvimento do pinhão, além de abrigar pragas e/ou insetos transmissores de doenças (Arruda et al, 2004).
O uso de agrotóxicos tem sido uma prática indispensável, pois pragas, doenças e plantas daninhas continuam a causar grandes perdas à agricultura. Embora os herbicidas visem o controle de plantas daninhas, eles podem afetar certas propriedades do solo, microrganismos e mesmo a planta cultivada. Como a seletividade de um tratamento herbicida decorre de complexa interação entre o herbicida, a planta e o ambiente (Klingman & Ashton, 1975), o conhecimento dos fatores que regulam essa seletividade pode melhorar a eficiência no uso dessas substâncias, tanto no controle das plantas daninhas quanto na segurança para as culturas.
É de suma importância o controle de plantas daninhas durante a fase de estabelecimento da cultura do pinhão-manso, entretanto não se conhece nenhum herbicida de pós-emergência registrado para aplicação sobre as mudas do pinhão-manso que sejam parcial ou totalmente seletivos para o mesmo.
Em face às considerações expostas, elaborou-se um trabalho com a finalidade de pesquisar a cultura do pinhão-manso, como uma cultura estratégica e promissora para a agricultura brasileira e para a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, gerando informações baseadas em experimentação científica, ainda escassas no Brasil, sobre a cultura, visando avaliar a tolerância das mudas de pinhão-manso a diferentes herbicidas, com a finalidade de se conhecer princípios ativos passíveis de serem recomendados quando do cultivo a campo.
Em condições de estufa, foram produzidas mudas de pinhão-manso em sacolas plásticas de 1,7 L, usando como substrato solo argiloso + esterco na proporção 1:1, que foram conduzidas até os 60 dias, quando estas receberam, conforme o tratamento, aplicação pós-emergente dos herbicidas de diferentes mecanismos de ação: chlorimuron-ethyl, trifloxusulfuron-sodium, lactofen, carfentrazone-ethyl, mesotrione, bentazon, flazasulfuron, clethodim+fenoxaprop-p-ethyl, haloxyfop-methyl.
Avaliando-se, visualmente, as plantas de pinhão-manso 7 (A e B) e 30 (C) dias após a aplicação dos herbicidas pós-emergentes, observa-se que para alguns tratamentos a fitotoxicidade causada pela aplicação do herbicida foi mínima com queima e a queda de algumas folhas, até mesmo, inobservável visualmente, o que é comprovado pela recuperação e pelo desenvolvimento das plantas de pinhão-manso (bentazon e haloxyfop-methyl). Já, para outros tratamentos a fitotoxicidade foi imediata e progressiva alterando o desenvolvimento normal das plantas de pinhão-manso, em alguns casos levando-as à morte (lactofen, carfentrazone-ethyl, mesotrione e flazasulfuron).
Mediante ao observado e aos dados obtidos nas avaliações realizadas, conclui-se preliminarmente, que a cultura do pinhão-manso não é tolerante a aplicação em pós-emergência dos herbicidas flazasulfuron e mesotrione, apresentando elevados níveis de fitotoxidez a aplicação em pós-emergência dos herbicidas carfentrazone-ethyl e lactofen. Agradecimentos À FAPESP – Projetos n° 2008/04943-9 e 2008/09645-6 e às empresas que forneceram os produtos comerciais que continham como ingrediente ativo aqueles testados no presente trabalho.
Referências Bibliográficas ARRUDA, F.P.; BELTRÃO, N.E.M.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S. Cultivo de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v. 8, p. 789-799, 2004. HEIFFIG, L.S.; CÂMARA, G.M.S. Potencial da cultura do pinhão-manso como fonte de matéria-prima para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. In: CÂMARA, G.M.S.; HEIFFIG, L.S. (Coord.) Agronegócio de Plantas Oleaginosas: matérias-primas para biodiesel. Piracicaba: ESALQ/USP/LPV, 2006. p. 105 – 121. KLINGMAN, G.C.; ASHTON, F.M. Weed Science: principles and practices. New York: JohnWiley, 1975. 431p. OPENSHAW, K. A review of Jatropha curcas: an oil plant of unfulfilled promise. Biomass and Bioenergy, n. 19, p. 1-15, 2000. Origem: Instituto Agronômico - www.iac.sp.gov.br
1Centro
de Grãos e Fibras - Instituto Agronômico de Campinas, Av. Dr.
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lilia@iac.sp.gov.br;
Dados para citação bibliográfica(ABNT): AGUILA, L.S.H del; AGUILA, J.S. del; LOPES, L.C.; SUGAWARA, G.S.A.; MACIEL, C.D.G. Pinhão-manso: seletividade de herbicidas visando a produção de agroenergia. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/seletividade/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 27/02/2010 |