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Desafios no consórcio milho safrinha e braquiária

Gessi Ceccon

A soja e o milho são as duas principais culturas produtoras de grãos no Brasil. A soja predomina nos cultivos de verão e o milho safrinha durante o outono-inverno, principalmente na região Centro-oeste e parte das regiões Sul e Sudeste. O plantio direto é o sistema predominante de cultivo, porém esta sucessão de culturas apresenta baixos índices de cobertura do solo com palha, favorecendo a degradação do solo e redução na produtividade das culturas.

O cultivo consorciado de milho safrinha com braquiária pode proporcionar quantidade e qualidade ideais de palha para cobertura do solo, proporcionando benefícios às culturas cultivadas em sucessão, em especial a soja. A semeadura simultânea com linhas alternadas de milho e braquiária, desenvolvida pela Embrapa Agropecuária Oeste, é uma tecnologia reconhecida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA, através do Zoneamento de Riscos Climáticos para os Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná.

Contudo, para obter os benefícios do cultivo consorciado é importante seguir critérios técnicos indicados pela pesquisa, a fim de evitar a interferência de uma no crescimento da outra durante o cultivo e maximizar seus benefícios à cultura em sucessão, sendo fundamental a superação de dois principais desafios.

O primeiro desafio do consórcio é produzir grãos de milho na presença da braquiária e possibilitar o maior crescimento dela após a colheita do milho. Neste sentido, é necessário ajustar a população de braquiária à população do milho; porém se isso não for conseguido, a utilização de herbicidas específicos pode ser uma opção importante, a fim de evitar o crescimento excessivo da forrageira durante o desenvolvimento do milho safrinha.

O segundo desafio é mais complexo, pois envolve condições climáticas da região e operacionais na propriedade agrícola, de modo que para a dessecação da braquiária deve-se levar em conta a época de semeadura da soja, a quantidade de palha produzida pelo consórcio e o período de tempo entre a dessecação e a semeadura da soja. Em Mato Grosso do Sul, as condições climáticas de outubro são preferidas em relação às de setembro, tendo em vista as melhores condições de temperatura e umidade relativa do ar, e principalmente pela melhor atividade fisiológica e crescimento da braquiária. Salienta-se que em trabalho desenvolvido em Dourados, MS, os maiores rendimentos de grãos de soja foram obtidos nas semeaduras realizadas em novembro, aos 11 dias após a dessecação da Brachiaria ruziziensis.

Consorcio de Milho Safrinha com Brachiaria ruziziensis, em Dourados, MS.

Assim, ajustar o melhor tempo entre a dessecação da braquiária e a semeadura da soja é outro importante desafio a ser superado, à fim de proporcionar a maximização dos benefícios do consórcio.


Gessi Ceccon possui graduação em Agronomia pela Universidade de Passo Fundo (1995), mestrado (2000) e doutorado em Agricultura (2003), pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e doutorado sanduíche (2003) em Conservação do Solo e Água - na Albert-Ludwigs, Freiburg, Alemanha. Trabalhou no programa de melhoramento de Triticale na Embrapa Trigo, no programa de melhoramento de Aveia na Universidade de Passo Fundo, em Passo Fundo, RS, e em projetos de manejo e conservação de solo, no Instituto Agronômico - IAC, em Assis, SP. Analista na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS, desde 2002. Professor na disciplina Milho e Soja, no curso de Mestrado, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, campus Aquidauana. Revisor da Revista Brasileira de Ciência do Solo. Desenvolveu o consórcio de milho safrinha com Brachiaria ruziziensis. Tem experiência e desenvolve trabalhos de pesquisa e transferência de tecnologia sobre consórcio de culturas, integração lavoura-pastagem e sucessão soja-milho safrinha em plantio direto.
Contato:
gessi@cpao.embrapa.br



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Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CECCON, G. Desafios no consórcio milho safrinha e braquiária. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/consorcio/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 22/03/2010