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CASTANHA: DA EUROPA PARA O BRASIL E DO BRASIL PARA O MUNDO

Silvana Catarina Sales Bueno

Originária do hemisfério norte e introduzida no Brasil pelos colonizadores e pelos imigrantes das Penínsulas Ibérica e Itálica, além do Japão, onde é muito cultivada, a castanheira produz deliciosas amêndoas, de expressivo valor comercial. É tradicionalmente consumida e muito apreciada por europeus, orientais e seus descendentes, agradando também, a diversos outros povos. Quando comparada com outras fruteiras, apresenta diversas características favoráveis, dentre elas, podemos citar a variabilidade do uso das castanhas, a rusticidade, a precocidade para entrar em produção comercial, o baixo custo para manutenção do pomar e a pouca utilização de mão-de-obra, requerida apenas no período de colheita.

No Brasil, a planta adaptou-se bem aos climas de altitude dos planaltos e das serras do sul e sudeste do país. No momento, existe um grande interesse por parte de empresários, em implantar empreendimentos voltados ao cultivo e processamento de castanhas-portuguesas, visando ao mercado interno e externo, uma vez que a nossa colheita inicia-se quando acabam as castanhas frescas nos países consumidores.

Produção Mundial 

Na última década, o interesse pelo consumo e cultivo das castanhas-portuguesas gerou um incremento na pesquisa, visto que, em setembro de 2008, aconteceu na China o “4.º Simpósio Internacional sobre a Castanha”. Vale ressaltar que nesse evento foram divulgados dois trabalhos sobre a castanha no Brasil e, assim, apresentamos a “nossa” castanha para o mundo.

Todo esse trabalho, certamente, auxiliou no aumento mundial da produção de castanhas, que se expandiu de forma significativa, no período de 1995 a 2005, com aumento de 63% no total produzido, passando de 690 mil para 1,1 milhão de toneladas. A China é o maior produtor, que apresentou taxa de crescimento de 175% no período e cuja produção situou-se em 825 mil toneladas em 2005, cerca de 73% do total mundial. Nota-se que Portugal, Itália e Espanha, que são os nossos fornecedores de castanhas, não obtiveram aumento na produção. Em Portugal, a maioria dos cultivos é de pequenos produtores, que fornecem as amêndoas para grandes empresas exportadoras. Essas empresas são detentoras de equipamentos e mão-de-obra necessários, ao processamento das amêndoas para a comercialização.

Os países produtores são, ao mesmo tempo, os principais consumidores, sendo que o comércio internacional de castanhas é pequeno frente à produção mundial. Embora pertençam ao grupo dos principais produtores, França e Japão são importadores líquidos de castanhas, com 5.382 e 1.194 toneladas, respectivamente. 

Cultivo e consumo no Brasil 

No Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí, desde a década de 80, são produzidas mudas enxertadas de castanheiras híbridas, que apresentam ótima adaptação às condições tropicais e subtropicais, produzindo castanhas médias e grandes, de sabores variados. A colheita se estende de novembro a maio, dependendo do tipo do híbrido.

Atualmente em São Paulo, existem pomares comerciais, em Arapeí, Campinas, Campos do Jordão, Cunha, Itupeva, Itapecerica da Serra, Mogi Mirim, Piedade, Pindamonhangaba, Santo Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José dos Campos e Taubaté. Em Minas Gerais, os pomares comerciais estão localizados na região Sul do Estado.

As importações brasileiras de castanha provêm basicamente de Portugal (98,5%), cabendo apenas 1,5% à Espanha (dados de 2005, SECEX, 2007).

Conforme  as informações da CEAGESP em São Paulo, em 2005, 60% da castanha comercializada no entreposto foram oriundos de importações (representando 10% das importações brasileiras) e 23% referiram-se a transferências entre CEASAs.  O volume restante (17%) veio, basicamente, de produtores localizados em municípios paulistas, respondendo o Estado do Paraná por apenas 0,01% do total comercializado. 

Características da planta 

A planta apresenta alta longevidade, alcançando 150 anos ou mais, e possui um rápido crescimento nos primeiros dez anos. O tronco possui casca fissurada, de coloração castanho-escura. A casca pode ser usada para a produção de tanino e a madeira na construção de moradias, galpões, móveis ou na produção de cogumelos do tipo shitake.

O fruto da castanheira é formado, em média, por três sementes comestíveis, as amêndoas, de cor creme. Essas são revestidas por uma membrana de cor castanha. Quando o fruto amadurece, o “ouriço” cai e se abre no chão, expondo as castanhas, mas essas não se soltam sozinhas, demandando certo cuidado na sua manipulação.

Frutos de castanha, expondo as amêndoas, DSMM/CATI Núcleo de Produção de Mudas São Bento do Sapucaí, 2004.

     Em dezembro de 2004, na semana do natal, Na CEAGESP,  as castanhas-portuguesas alcançaram o preço de R$ 300,00 o saco com 30 kg. No varejo, a castanha importada chegou a ser vendida a R$ 40,00 o kg. As mais tardias prestam-se ao processamento, na forma de farinhas, desidratadas, doces, bolos, biscoitos e mesmo, frescas para a elaboração de diversas receitas com carnes branca e vermelha. Podem, também, ser armazenadas, acondicionadas em sacolas plásticas especiais, com pequenos furos, em câmaras frigoríficas de 0 a 2^oC e a 80% de umidade relativa.

Considerações Finais 

O potencial mercadológico da castanha deve ser percebido pelo empresário brasileiro das frutas como fonte rentável.

Além disso, a produção brasileira das principais espécies frutíferas de clima temperado é insuficiente para atender à demanda interna, gerando uma crescente necessidade de importação de frutas que podem ser produzidas no Brasil.

Origem: DSMM/CATI - www.cati.sp.gov.br

D^ra Silvana Catarina Sales Bueno - DSMM/CATI - São Bento do Sapucaí