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Você conhece a batata que come? 

Ana Cristina Krolow

A batata é um dos alimentos mais versáteis, sendo usada como prato principal ou complemento de pratos. Por apresentar um sabor não acentuado, este tubérculo é muito apreciado para acompanhar pratos diversos.

A história conta que o uso da batata como alimento foi introduzido pelo povo inca do Peru. Apesar de a região andina apresentar mais de 200 espécies silvestres tuberíferas e mais de 10 espécies cultivadas, em 1570, os conquistadores espanhóis invadiram o Império Inca em busca de riquezas, levando uma única espécie de batata: Solanum tuberosum ssp. andigena para a Europa e o restante do mundo. Esta espécie foi disseminada pelos navegadores espanhóis e ingleses para as colônias – origem da denominação de “batata inglesa”. Entretanto, foram os incas e outros povos indígenas que, durante oito milênios, desenvolveram a bataticultura, utilizando espécies andinas. Recente pesquisa, baseada no DNA, comprovou que todas as variedades da batata descendem de uma única variedade de planta originária do sul do Peru.

Credito das Fotos: Arione da Silva Pereira

 

Segundo a ABBA – Associação Brasileira da Batata, em 2006 (dados publicados no Agrianual 2008), a produção mundial de batata foi de 315.100.319 ton., sendo que a produção brasileira representou apenas 1,0% deste total (3.465.066 ton.). Somente as regiões sul e sudeste contribuíram com 2.987.604 ton. da produção total.

Percebe-se, pelas estatísticas apresentadas pela ABBA, que a produção mundial total  de batatas apresentou pequeno aumento desde 1999 até 2006 (4,0%). No Brasil, este aumento representou 32% da produção total, sendo que na região sul houve um pequeno decréscimo (5,0%). Países desenvolvidos são os maiores consumidores: o consumo médio anual de batata na Europa é de 96,15kg/pessoa e, na América do Norte, esta média é de 57,94kg/pessoa. No Brasil, este consumo é de 14,23kg, segundo dados da FAO.

Pode-se dizer que o consumo de batata vem logo depois do consumo de arroz, trigo e milho, sendo esta uma importante fonte alimentar do ser humano. Diz-se que a batata é um alimento calórico por ser rico em carboidrato (amido), mas, resultados científicos confirmam que a batata é um alimento rico em nutrientes. Observando uma tabela de composição nutricional, verifica-se que a batata consumida diariamente, quando cozida com casca, apresenta uma quantidade apreciável de fibra, vitaminas A, B1, B2, B3 e C (13,1mg) e minerais, tais como cobre, magnésio, manganês, zinco e potássio (407mg). Além destes nutrientes, a batata também apresenta outros compostos que tem ação antioxidante como a patatina e a quercitina, os quais anulam a ação dos radicais livres. Segundo o Dr. Douglas Carignani Jr., cirurgião e membro da Associação Brasileira de Nutrologia, “a batata apresenta quantidades apreciáveis de triptofano e lítio, que agem nos quadros de depressão”.

Mas você sabe reconhecer uma cultivar de batata exposta à venda no mercado e, ainda, sabe qual sua melhor forma de preparo? Geralmente, nos pontos de venda, a batata é classificada como “batata rosa” ou “batata branca”; mas, quantas cultivares apresentam casca “rosa” e têm aptidões culinárias diferentes?

Você sabe quais as batatas cultivadas no sul do Brasil mais adequadas para fritura? Para cozimento? Para assar

Você sabia que:

·  Para assar, a melhor batata é cv. Agata!

·  Para fritura (batata palito ou chips), as melhores batatas são as cvs. Asterix e Ana!

·  Para purê, a melhor cultivar de batata é a Macaca!

·  Para salada, a mais indicada é a cv. Baronesa, embora as cvs. Ana e Ágata também possam ser usadas para esta finalidade!

Agora que as cultivares de batata foram apresentadas, bem como a aptidão de cada uma, fica a sugestão de que o consumidor exija que os distribuidores e o comércio em geral identifiquem as cultivares pelos seus devidos nomes e não somente as classifiquem como “BRANCA” ou “ROSA”.

Ana Cristina Krolow possui graduação em Farmácia Bioquímica Hab Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (1985), mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas (1996) e doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas (2007). Atualmente é pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Clima Temperado. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Tecnologia de Produtos de Origem Animal e Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: processamento de leite e derivados lácteos, frutas e hortaliças e agricultura familiar.
Contato: ackrolow@cpact.embrapa.br