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STIMULATE COMBINADO A DIFERENTES DOSES DE FÓSFORO E POTÁSSIO NA CULTURA DA SOJA

 STIMULATE WITH DIFERENT LEVELS OF POTASSIUM AND FOSFORUS ON THE SOYBEAN CROP

BRANCALIÃO, S.R.¹;
BÁRBARO, I.M.²;
CATO, S.C³;
LEONEL, C. L. ³;
TICELLI, M.² ;
MIGUEL, F.B.²

 Introdução

O manejo da adubação para a cultura da soja em solos argilosos sempre demandou muita atenção a mecanismos inerentes ao tipo de solo, cultivar adotada, época de semeadura e interação com demais produtos.

Depois do nitrogênio, o potássio é o segundo elemento absorvido em grandes quantidades pela planta da soja sendo que, em cada 1000 kg de sementes produzidas são extraídos 20 kg de K₂O(Woomer & Swift, 1997). Há relatos de uma deficiência generalizada desse elemento nas lavouras de soja no Estado de São Paulo em virtude da utilização, por cerca de 20 anos, de formulações de adubo inadequadas, com baixos teores de potássio: 0-20-10 na Alta e Média Mogianas e 4-30-10 no Vale do Paranapanema. Atualmente estão sendo utilizadas as formulações (0-20-20 e 4-20-20) para atendimento das necessidades nutricionais dessa leguminosa.

Com relação ao fósforo, é bem conhecido por técnicos e na literatura todo o mecanismo de adsorção pela fração argila, sendo necessária uma maior adubação fosfatada (Woomer & Swift, 1997).

Na literatura existem poucos trabalhos com resultado representativo que combinam o uso de adubo mineral e biorreguladores. Sendo assim, como justificativa para este trabalho objetivou-se estudar em preparo convencional do solo a interação entre um regulador vegetal “Stimulate” da Empresa Stoller do Brasil Ltda e diferentes doses de fósforo e potássio na cultura da soja, com o intuito de esclarecer qual a melhor interação entre adubação e a utilização do produto comercial Stimulate.

Material e métodos

O ensaio foi instalado no dia 30/11/2007, em condições de campo, em área experimental pertencente ao Centro Experimental Central – CEC - Santa Elisa, situado em Campinas-SP, em solo classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico com textura muito argilosa (65% de argila) apresentando as seguintes coordenadas geográficas de referência: Latitude 22^o 53’ Sul e Longitude 47^o 04’ Oeste. A altitude média é de 600 metros, a declividade de 6,5 % e o relevo é suavemente ondulado. O clima, de acordo com a classificação de Köppen (Critchfield, 1960), é do tipo Cfa, subtropical, com verões quentes e úmidos e invernos frios e secos.

Utilizou-se a cultivar de soja IAC-23 de grupo de maturação precoce segundo as recomendações da Embrapa (2005) para o estado de São Paulo. A escolha desta para compor o ensaio se fez em razão dos bons atributos agronômicos e pela presença da característica de precocidade, o que a torna interessante na região de Campinas-SP.

Na Tabela 1 constam os diferentes tratamentos utilizados no ensaio envolvendo interações entre o Stimulate e diferentes doses de fósforo e potássio.

            O solo foi preparado de maneira convencional e antes da última gradagem, efetuou-se a aplicação de trifluralin (produto comercial Trifluralina Goldâ), na dose recomendada, visando o controle de plantas daninhas de folhas estreitas infestantes da área. Posteriormente, a área foi sulcada e adubada com adubo de base 0-20-20. Todas as técnicas de cultivo da soja, como escolha de cultivar, época de semeadura, população de plantas, controle de plantas daninhas, insetos e doenças seguiram as recomendações técnicas para a cultura da soja da Embrapa (2005).

As dimensões das parcelas experimentais foram de 25 metros quadrados, com quatro repetições em delineamento em blocos ao acaso.

Foram feitas as seguintes avaliações: % de emergência, número de vagens/planta, peso de 100 sementes e altura de plantas na maturação. A partir dos valores médios referentes à produção das parcelas de cada tratamento, calculou-se a produtividade (PG), sendo expressa em kg/ha (valores corrigidos para 13% de umidade).

O teste de média utilizado para a análise estatística foi o Scott Knott, a 5%.

Resultados e Discussão

A estatística descritiva dos resultados encontrados evidenciou que os dados do ensaio refletem uma distribuição normal, o que sugere ótimo acompanhamento no campo e representatividade dos tratamentos.

Na Tabela 2, verificou-se que tratamento cinco (5) que envolveu a aplicação na semente do produto comercial Stimulate na dose de 500 mL/100 kg de sementes com a combinação da dose intermediária de P e K (300 kg/ha da fórmula 0-20-20) proporcionou o maior incremento para a produtividade de grãos na soja IAC 23, com valor médio de 2893,75 kg/ha, apesar do mesmo não diferir estatisticamente dos tratamentos 2, 6, 8 e 9, sendo portanto, recomendado como o melhor na combinação.

Para a altura de plantas na maturação formaram-se três agrupamentos pelo teste de Scott Knott sendo novamente o destaque o tratamento 5 que promoveu maior elongamento na soja IAC 23 devido provavelmente a utilização do biorregulador Stimulate. No segundo agrupamento ficaram os tratamentos 2 e 8 e ocupando o terceiro grupo os tratamentos 1,3,4,6 e 7 que mostraram menor eficiência em termos de acréscimos na estatura das plantas. De acordo com Sediyama et al. (2005) a altura mínima desejável para uma eficiente colheita mecanizada, é em torno de 50 a 60 cm. Ressalta-se ainda que, apesar do tratamento 7 promover uma redução na estatura das plantas, o valor médio obtido de 61 cm está dentro dos limites de recomendação propostos pelos referidos autores.

Semelhante ao ocorrido para altura de plantas na maturação, para a % de emergência o destaque foi novamente o tratamento 5. Entretanto, o tratamento que promoveu pior % de emergência foi o 1, fato já esperado, visto que o mesmo envolveu somente a adubação de 200 kg/ha e ausência da aplicação do produto Stimulate. Quando se considera o número de vagens/planta, nota-se que os tratamentos que proporcionaram maiores incrementos foram o 2, 5 e 8 com respectivamente 55, 54 e 55,5 vagens/planta. Já, o pior tratamento foi o 1 com 34,25 vagens que por sua vez não diferiu estatisticamente dos tratamentos 3, 4, 6, 7 e 9. Câmara (1998) relatou que uma planta de soja pode produzir até 400 vagens, mas em média as cultivares brasileiras produzem de 30 a 80 vagens/planta. Para o peso de 100 grãos os tratamentos que se destacaram foram o 2, 5 e 8, uma vez que os mesmos não diferiram entre si pelo teste de Scott Knott.

Conclusões

É recomendável a utilização de um regulador vegetal, mesmo na menor dose de adubo para este tipo de solo.

A aplicação via tratamento de sementes sugere maior benefício para a cultura da soja com ganhos expressivos em alguns componentes da produção.

Recomenda-se o tratamento 5 (Stimulate e adubação intermediária) para obtenção de maior produtividade da soja cultivar IAC-23.

Referências

CÂMARA, G.M.S. Soja: tecnologia e produção. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba: Publique, 1998. 293p.

EMBRAPA, 2005. Tecnologia de produção de soja – região central do Brasil- 2005. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste: Fundação Meridional, 2004. 239p.

SEDIYAMA, T.; TEIXEIRA, R.C.; REIS, M.S. Melhoramento da Soja. In: BOREM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, p.553 –602, 2005.

WOOMER, P. L.; SWIFT, M. J. The Biological Management of Tropical Soil Fertility.Editor: John Wiley& Sons, 1994. 243 p.

Resumo

Objetivou-se estudar a interação entre um regulador vegetal e diferentes doses de fósforo e potássio na cultura da soja, com o intuito de esclarecer qual a melhor interação entre adubação e a utilização do produto comercial Stimulate. Os tratamentos utilizados foram: 1 – 200 kg/ha de adubo 0-20-20; 2 – 500 mL de Stimulate no tratamento de sementes e 200 kg/ha de adubo; 3 – 250 mL de Stimulate via foliar em V5 e 200 kg/ha; 4- 300 kg/ha de adubo; 5 – 500 mL de Stimulate no tratamento de sementes e 300 kg/ha de adubo; 6- 250 mL de Stimulate via foliar e 300 kg/ha de adubo; 7- 400 kg/ha de adubo; 8- 500 mL de Stimulate no tratamento de sementes e 400 kg/ha de adubo e 9- 250 mL de Stimulate via foliar e 400 kg/ha de adubo. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 4 repetições. Foram avaliados os seguintes caracteres na soja IAC 23: % de emergência, altura de plantas na maturação, peso de 100 grãos, número de vagens/planta e produtividade de grãos em kg/ha. De modo geral, o tratamento 5 foi o que se destacou por incrementar a maioria dos caracteres avaliados.

Palavras-chave: Glycine max, fertilidade do solo, manejo do solo, biorregulador vegetal

¹IAC, Caixa Postal 28, CEP 13012-970 Campinas-SP,
²Apta Regional Alta Mogiana, Colina, SP,
³Stoller do Brasil Ltda, Cosmópolis, SP;
Contato: e-mail: brancaliao@iac.sp.gov.br