Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com A cultura do milho verde
Andrea Rocha Almeida de Moraes
O
A partir de 2003, a
Hoje, o milho verde é considerado, por nutricionistas, um excelente alimento e, pela sua composição, pode ser consumido por todas as pessoas e em qualquer idade. Possui cerca de 1.290 calorias por kg; 3,3% de proteínas; 27,8% de glicídios e somente 0,8% de gordura. Além dos minerais, o milho verde é rico em vitaminas, em especial as do complexo B, muito importante para o bom funcionamento do sistema nervoso.
Estudos realizados na Espanha revelaram que o consumo de milho, associado a cerejas, aveia e vinho tinto, retarda os efeitos da idade no organismo. A razão seria que esses alimentos apresentam alto teor de melatonina, substancia produzida em pequenas quantidades pelo corpo, que tem propriedades antioxidantes e atrasa a degeneração. Além disso, o grão também contribui para adiar os processos inflamatórios naturais do envelhecimento, portanto, ajuda a manter o corpo jovem por mais tempo.
A cultura do milho verde
A exploração da cultura
pode ser realizada durante o ano todo, utilizando-se irrigação. O
escalonamento da produção, aliado a
A planta de milho pode ser aproveitada
praticamente em sua totalidade. Após a
O mercado consumidor de milho verde
tem se tornado cada vez mais exigente com relação à qualidade do
produto. A
Características comumente usadas para descrever a qualidade do milho verde in natura incluem sanidade, aparência, como também sua composição, que confere ao milho sabor e aroma característicos. Dentre estas, destacam-se concentração de amido, polissacarídeos solúveis em água, açúcares redutores e sacarose. Estas variam de acordo com o tipo de semente, condições climáticas e intimamente com o estágio de maturação, devendo ser investigadas, com umidade variando de 70 a 80%, para melhor recomendação ao produtor e aceitação do consumidor.
Atualmente, as principais
características exigidas pelo mercado brasileiro para o milho verde
são: grãos dentados amarelos, grãos uniformes,
Produção milho verde
Para a produção comercial de milho
verde, são utilizadas práticas culturais normalmente adotadas na
cultura do milho para a produção de grãos maduros (Figura 1).
Sabe-se, entretanto, que quando a finalidade é a produção de milho
verde, certas características devem ser consideradas. As espigas
devem ser bem formadas, bem granadas e com boa condição sanitária
(Figura 2).
Preparo do solo e
semeadura
O preparo do solo pode ser
convencional, ou no sistema de plantio direto. A época adequada de
semeadura varia com a região por causa das exigências climáticas da
cultura, objetivando um maior rendimento agrícola. Em São Paulo
planta-se principalmente em 2 épocas: fevereiro/março e
agosto/novembro. Mas com irrigação, alguns produtores fazem
escalonamento para se ter produção o ano todo, desse modo, planta-se
nos meses de: março, agosto, setembro e outubro.
A semeadura pode ser manual, com
matraca ou com diversos tipos de plantadeiras, mantendo sempre uma
população final de plantas ideal, de forma a ser plantada com
profundidade de 3 a 5 cm e o adubo a uma profundidade de 10 a 15 cm,
sempre ao lado da semente e mais profundo que ela. Associado à densidade de plantio está o espaçamento entre as fileiras de milho. No Brasil, este espaçamento é muito variável, mas o mais comum é de 0,8 e 0,9 m com 55 e 44 plantas por 10 m lineares, com uma população de 55.000 plantas/ha. Essa densidade de plantas é indicada principalmente quando a comercialização for realizada em bandejas de isopor seladas com plástico transparente. Todavia, é importante ressaltar que quando o objetivo da produção for a comercialização de espigas individuais, empalhadas ou não, a densidade poderá ser menor, em torno de 40 a 45 mil plantas/ha, o que proporcionará a formação de espigas maiores (Figura 1).
Em condições de temperatura e umidade
adequada, a planta emerge dentro de 4 a 5 dias, porém, em condições
de baixa temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até
duas semanas ou mais.
Na fase de emergência deve-se fazer
avaliação e controle se necessário de pragas desfolhantes, como a
lagarta-do-cartucho.
Adubação
A adubação utilizada para o milho
verde tem sido a mesma recomendada para o milho para produção de
grãos.
No planejamento da adubação, o
primeiro passo é a amostragem de solo para análise química e
correção da acidez, se houver necessidade. De acordo com o Boletim
100 do IAC, temos as seguintes indicações para correção do solo e
adubação de híbridos para a meta de 4 a 6 t/ha:
- Calagem: deve ser feita com
base na análise química do solo, aplicando-se calcário antes da
safra de verão, para elevar a saturação por bases a 70% e o Mg a um
mínimo de 5 mmolc/dm3. Em solos com mais de 50 g dm-3
de matéria orgânica, basta elevar a saturação por bases a 50%. O
calcário deve ser uniformemente distribuído sobre a superfície do
solo aos 2-3 meses antes do plantio e incorporado até a profundidade
de 20 cm.
- Adubação de plantio: aplicar
de 20 a 30 kg/ha de nitrogênio. Com base nos teores muito baixo,
baixo, médio e alto de fósforo e potássio, recomendam-se,
respectivamente: 80, 60, 40 e 30 kg/ha de P2O5,
e 50, 50, 40 e 20 kg/ha de K2O. Para cultivares do tipo
variedade, deve-se escolher uma formulação que atenda uma aplicação
de 20 kg/ha de S ou uso de sulfato de amônio em cobertura. Em solos
deficientes em zinco e boro, recomendam-se 2 a 4 kg/ha de zinco e
0,5 a 1,0 kg/ha de boro.
- Adubação de cobertura: para
os solos de alta, média e baixa resposta ao nitrogênio, aplicar
respectivamente 100, 70 e 40 kg/ha de N e, para solos com teor muito
baixo de potássio, aplicar em cobertura 40 kg/ha de K2O,
trinta dias após a germinação.
Doses iguais ou maiores que 60 kg/ha
de N devem ser parceladas em duas vezes, principalmente em solos
arenosos, aplicando-se a primeira no estádio de 2 a 3 folhas
completamente estendidas, e a segunda, na fase de 6-7 folhas.
Sugere-se o uso de sulfato de amônio na primeira aplicação e uréia
na segunda cobertura.
Água
O milho é cultivado em regiões cuja
precipitação varia de 300 a 5.000 mm anuais, sendo que a quantidade
de água consumida por uma planta de milho durante o seu ciclo está
em torno de 600 mm. Dois dias de estresse hídrico no florescimento
diminuem o rendimento em mais de 20%, quatro a oito dias diminuem em
mais de 50%. O efeito da falta de água, associado à produção de
grãos, é particularmente importante em três estádios de
desenvolvimento da planta: a) iniciação floral e desenvolvimento da
inflorescência, quando o número potencial de grãos é determinado; b)
período de fertilização, quando o potencial de produção é fixado;
nesta fase, a presença da água também é importante para evitar a
desidratação do grão de pólen e garantir o desenvolvimento e a
penetração do tubo polínico; c) enchimento de grãos, quando ocorre o
aumento na deposição de matéria seca, o qual está intimamente
relacionado à fotossíntese, desde que o estresse vai resultar na
menor produção de carboidratos, o que implicaria menor volume de
matéria seca nos grãos.
Pragas
O controle de pragas deve ser feito
quando o nível de praga passar o nível de controle dela, ou seja,
10% de plantas atacadas com lagartas diminuem em 10% a produção
total da área, portanto deve-se tratar a semente.
As principais pragas para a cultura do
milho, atualmente são: lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus),
lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), lagarta-do-cartucho (Spodoptera
frugiperda), larva-alfinete ou vaquinha (Diabrotica speciosa),
lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), cigarrinha-do-mi1lho (Dalbulus
maidis), percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus).
Doenças
São três os fatores necessários para
ocorrer uma doença: patógeno,
hospedeiro e condição ambiente. A incidência e a severidade dessas
doenças dependem de fatores predisponentes da planta, da presença de
inóculo, da raça ou da agressividade do patógeno e de condições
favoráveis do ambiente, proporcionadas pelo clima, pelo solo, pelo
sistema de cultivo ou pelo manejo da cultura. Sob condições
favoráveis, diferentes doenças podem ocorrer em alta severidade. As principais doenças na cultura do milho são:
Antracnose-do-colmo (Colletotrichum
graminicola), Enfezamento-pálido (Spiroplasma kunkelli),
Enfezamento-vermelho (fitoplasma), Ferrugem-branca ou tropical (Physopella
zeae), Ferrugem-comum (Puccinia sorghi),
Ferrugem-polissora (Puccinia polysora),
Helmintosporiose-comum ou mancha-de-turcicum (Exserohilum
turcicum = Helminthosporium turcicum),
mancha-de-cercospora (Cercospora zeae-maydis), Pinta-braca ou
feosféria (Phaeosphaeria maydis), Podridão-branca-da-espiga (Diplodia
maydis e D. macospora), Podridão-da-espiga (Fusarium
moniliforme).
Para o controle dessas doenças, podem
ser adotadas medidas de manejo da cultura,
além do uso de cultivares resistentes e controle químico.
Colheita e
Pós-colheita
Essa cultura exige precisão do
produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho verde é
mais precoce que o seco (milho normal), sendo colhido na fase
chamada de grão leitoso e pastoso (fase iniciada normalmente entre
20 e 25 dias após a polinização), podendo ser colhido aos 90 dias,
enquanto que o outro só fica no ponto aos 150 dias, no cultivo de
verão. Por esse motivo, ele se torna um produto altamente perecível
devido ao seu elevado teor de água (70% a 80% de umidade), fazendo
com que seu período de comercialização seja bastante restrito.
No ponto de milho verde, o grão
apresenta-se com uma aparência amarela e no seu interior um fluido
de cor leitosa, o qual representa o início da transformação dos
açúcares em amido, contribuindo para o incremento de seu peso seco.
No campo, o milho híbrido passa do
ponto muito rapidamente, apresentando um período útil de colheita
(tempo de permanência em fase de milho verde) de aproximadamente
quatro a cinco dias, exigindo precisão do produtor na colheita e
rapidez na comercialização. Alguns estudos apontam que as espigas de milho verde colhidas e armazenadas sob temperatura ambiente, sem palha, duram de dois a cinco dias, já as espigas conservadas com palha tendem a ter melhor proteção contra a perda de água. Normalmente, o tempo de comercialização das espigas verdes empalhadas é de 3 a 5 dias quando mantidas em temperatura ambiente.
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Origem: Instituto Agronômico - www.iac.sp.gov.br Andrea Rocha Almeida de Moraes possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998) e mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical pelo Instituto Agronômico de Campinas (2005). Atualmente é Pesquisadora Científica do Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Grãos e Fibras, atuando no Programa Milho do IAC e tendo como ramo de atividade específico a cultura do milho-verde. Tem experiência na área de agronomia, com ênfase em tecnologia de produção e melhoramento vegetal, atuando principalmente nas seguintes culturas: amendoim, milho e sorgo. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2987992211229254 Contato: andrea@iac.sp.gov.br
Dados para citação bibliográfica(ABNT): MORAES, A.R.A. de A cultura do milho verde. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_2/MilhoVerde/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 24/06/2009 |