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Pesquisa com o dendê para a produção de biodiesel

 

 Irene Lôbo e Daniela Collares

 

O óleo do dendê é muito conhecido por ser amplamente utilizado na culinária brasileira, em especial na culinária baiana. Mas outras aplicações, com a transformação do óleo da planta em biodiesel, também já se mostraram possíveis e estão sendo pesquisadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

 

Para impulsionar o desenvolvimento desta cultura, foi lançado no último dia 22 de abril o projeto “Dinamização do banco ativo de germoplasma de dendê (Elaies guineensis) da Embrapa e apoio ao melhoramento genético – PRODENDÊ”, do qual participam pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Amazônia Ocidental, e ainda as universidades Católica e Federal de Brasília e o Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp). O projeto foi financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia.

 

Frutos do dendê. Crédito: Embrapa Agroenergia

Durante os três anos de execução (2009 – 2011), serão desenvolvidas ações relacionadas ao melhoramento genético do dendezeiro e caiaué, genômica, biologia celular e etiologia do amarelecimento fatal (AF), nas regiões norte e centro-oeste do país.

O pesquisador Jonny Everson Scherwinski-Pereira, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica que o PRODENDÊ tem duas finalidades principais: auxiliar o programa de melhoramento genético dessa cultura, visando aumento de produtividade de óleo por planta e por área de plantio e ainda clonar o maior número possível de plantas que já foram identificadas como “elites”, ou seja, que no campo são altamente produtivas em óleo e resistentes a doenças.

“Fazendo a clonagem de plantas será possível obter cópias idênticas à planta-mãe e com isso teremos certeza de que possuem a mesma informação genética de qualidade. Uma vez clonadas, essas plantas serão distribuídas ao setor produtivo, na esperança de tornar o Brasil um grande produtor de óleo combustível”, explica.

O desenvolvimento de tecnologias a partir dos resultados obtidos neste projeto poderá manter o Brasil em posição de destaque no agronegócio do dendê. “O PRODENDÊ poderá impulsionar o desenvolvimento desta oleaginosa no país. Além disso, irá gerar produtos que deverão beneficiar diretamente a indústria e sistemas de produção associado ao setor”, assegura o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães.

Conservação de Germoplasma in vitro.

A Embrapa desenvolve também o trabalho de conservação de germoplasma (material genético) vegetal in vitro (sob regime de crescimento mínimo, em baixas temperaturas), que tem como objetivo manter as espécies de plantas úteis aos homens em condições seguras. Segundo Luciene Cardoso, supervisora do laboratório do pesquisador Jonny Scherwinski-Pereira, a conservação in vitro permite que as plantas sejam utilizadas em pesquisas, no desenvolvimento de novas variedades genéticas e na recuperação das espécies caso alguma catástrofe ocasione o desaparecimento das variedades cultivadas. 

A conservação in vitro baseia-se na técnica da cultura de tecidos em frascos para plantas de propagação vegetativa, ou seja, aquelas que se multiplicam por partes da planta, como por exemplo a batata-doce, o cará e a mandioca. Através da cultura de tecidos vegetais, segmentos das plantas são desenvolvidos, transformando-se em novas plantas em meios de cultura apropriados em ambientes limpos e controlados.

“No processo de conservação in vitro, partes de uma planta podem se regenerar em uma nova planta, desde que sejam cultivadas sobre meio de cultura com os nutrientes necessários”, explica Luciene.

Já as plantas obtidas pela cultura de tecidos, denominadas clones, são geneticamente iguais às plantas que forneceram os segmentos cultivados in vitro. “O explante ou segmento da planta mais utilizado em cultura de tecidos é denominado de meristema, que é a extremidade da planta. É esse tecido que dá origem aos galhos, folhas e flores”, diz Luciene.

O meristema é muito pequeno e para sua extração há necessidade da utilização de microscópio, pinça e bisturí, em um ambiente totalmente estéril. Depois de extraído ele é transferido para o meio de cultura dentro de um tubo de ensaio ou outro frasco, onde se desenvolve formando nova planta. Após o desenvolvimento da planta e para maior segurança, é feita a multiplicação para atingir um número maior de plantas da mesma variedade. A isto se chama clonagem vegetal.

Os tubos com plantas são então armazenados em câmaras de crescimento com iluminação artificial (lâmpadas fluorescêntes do tipo luz do dia) e temperatura mais baixa do que o normal para que as plantas cresçam mais lentamente. Com isso, a necessidade de transferência para um meio de cultura fresco em curtos espaços de tempo fica menor. Dependendo do tipo de planta, a temperatura deve ser de 20^oC (para plantas de clima quente ) ou 10^oC (para plantas de clima frio).

Todos os meses as plantas são examinadas, sendo separadas aquelas que precisam ser transferidas para um meio de cultura fresco para continuarem vivas.

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia faz conservação in vitro de diversas espécies de grande importância para a alimentação e a economia brasileira, tais como: mandioca, abacaxi, banana, bromélia, batata, batata-doce, morango, amora, uva e ainda espécies consideradas medicinais, tais como hortelã, lípia e fáfia (ou ginseng).

Contato: E-mail: irenelobo@cenargen.embrapa.br e Telefone (61) 3448-4768