Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com
Eventos extremos de precipitação ocorridos no estado de São Paulo,
Rosana G. Suraci,
O Estado de São Paulo está localizado entre 44º e 53º S de longitude e 19º e 25º W, latitude. Possui clima tropical, com verão quente e úmido e inverno frio e seco.
Durante o verão a temperatura torna-se mais elevada, sendo amenizadas por precipitações, que podem ocorrer de variadas formas, desde chuvas frontais, pouco comuns, as resultantes dos movimentos convectivos ou chuvas intensas. A precipitação intensa, ou máxima, é entendida como chuva extrema, com duração, distribuição espacial e temporal crítica para uma área ou bacia hidrográfica. (FILHO e MARCELLINI, 1995).
A importância das medições dá-se pela quantidade de informações sobre sua severidade e freqüência, pois com esse conhecimento podem-se evitar problemas como: erosão do solo, inundações em áreas rurais, prejuízo na agricultura e em projetos de obras hidráulicas, danos nos sistemas de drenagem, dentre outros. Por isso, o conhecimento prévio sobre as condições climáticas de uma região, bem como as exigências de água de cada espécie e cultivares, tornam-se importantes para que o agricultor programe suas atividades.
A intensidade da precipitação exibe uma enorme flutuação em espaço e tempo que são altamente variáveis numa escala espacial de alguns metros a centenas de quilômetros.
A chuva média em área, mesmo para as redes pluviométricas bem projetadas, não depende apenas da densidade de distribuição dos pluviômetros, mas também das características da área e do mecanismo de produção da chuva. (Trovati e Antonio 2007).
O presente trabalho visa o estudo da ocorrência e avaliação de chuvas extremas, ocorridas no estado de São Paulo nos meses de dezembro de 2008, janeiro e fevereiro de 2009.
Para tal estudo, foram separados os eventos de chuva com precipitação observada acima de 80 mm em 24 horas. Após identificação as localidades com tal ocorrência, estas foram separados em dois grupos: um entre 80 e 100 mm e outro acima de 100 mm. Esses valores foram comparados com o banco de dados do CIIAGRO, e verificou-se a ocorrência desses mesmos volumes em anos anteriores, de acordo com o banco de dados existente.
Os volumes observados foram comparados com a série histórica (1941 a 1970) existente no banco de dados do Centro de Ciências Exatas da Esalq-USP, Piracicaba-SP, para correlacionar com volume observado ao volume esperado durante o mês, de acordo com a média histórica do local, quando existente. (www.esalq.usp.br, acesso em 13 de Abril de 2009).
Foram analisados dados de chuva diários no período de 1/12/2008 a 28/02/2009, de estações meteorológicas (convencionais e automáticas) do estado de São Paulo, gerenciadas e disponíveis no banco de dados do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO) pertencentes ao Instituto Agronômico de Campinas (Figura 1).
Na figura 2 são apresentados os volumes de chuva, entre 80 e 100 mm, observados em dezembro de 2008. Observou-se que os maiores índices de precipitação foram observados nos municípios de Ilha Solteira (93,5 mm) e Ubatuba (94,7 mm). Esse índice considerável para Ubatuba pode ser explicado por estar localizada em região com alta incidência de chuvas orográficas. Taubaté apresentou duas chuvas, sendo 81,2 mm e 87,4 mm registradas em dias seguidos. Esses volumes somados representam 80% do correspondente ao valor médio mensal de dezembro, de acordo com média histórica (Tabela1).
Em janeiro, observou-se um aumento do número de localidades, comparado com o mês de dezembro (figura 3). Foi observada uma maior freqüência de volumes de precipitação entre 81 a 96 mm, sendo que em Paraguaçu Paulista, o volume registrado de 81 mm, corresponde a um terço do valor médio mensal que é de 195 mm (Tabela1).
Outras localidades também apresentaram volumes considerados expressivos nesse mês. É o caso de Bauru (92,0 mm), Mirante do Paranapanema (95,4 mm), Piacatu e Pindamonhangaba (96,0 mm). Esses volumes são considerados altos e por ocorrerem em um período de 24 horas, provocam diversos transtornos, tanto para áreas urbanas (enxurradas, entupimento das galerias pluviais devido ao arraste de sedimentos) quanto para áreas rurais (erosão laminar, de arraste e danos nas estradas).
Analisando a ocorrência de chuvas em fevereiro, observaram-se, ainda diversas localidades onde foram registradas chuvas entre 80 e 100 mm como: Campos do Jordão, Capão Bonito, José Bonifácio, Lins, Marília, São Sebastião, Tarumã, Tupi Paulista, Vargem Grande do Sul. Em Marília a chuva de 99,5 mm, corresponde a quase metade da média mensal histórica esperada pra esse mês, que é de 216 mm (Tabela1).
Em relação aos eventos registrados com volumes acima de 100 mm, foi observado apenas um evento no mês de dezembro, em Jaú, diferente dos meses subseqüentes em número de ocorrências. Em janeiro os maiores volumes foram observados na região noroeste do estado, em Adamantina, Dracena, Duartina, Presidente Prudente e Tupi Paulista.
Conforme análise dos períodos disponíveis no Ciiagro, observou se outros registros de chuvas acima de 100 mm no município de Tupi Paulista, nos ano de 1993, 1995, 1998, 2001 e 2004. Em Adamantina, apenas uma ocorrência foi constatada, em 2004, quando foi registrado um volume de 102 mm em 24 horas. Em Dracena foi registrado um volume de 167,5 mm, valor esse próximo da média histórica esperada para todo o mês (197 mm).
Em fevereiro diversas localidades tiveram ocorrências de chuvas acima de 100 mm em menos de 24 horas. Vale ressaltar que boa parte dessas estão localizadas no vale do Ribeira (Itariri, Juquiá , Miracatu, Peruíbe, Jacupiranga e Iguape) sendo que nas três últimas localidades, houve mais de um evento de precipitação acima de 100 mm e em Peruíbe foi observada o maior volume de chuva concentrado em 24 horas de todo o estado para o trimestre avaliado (228,8 mm).
CONCLUSÕES - Dentre os valores analisados, a maior ocorrência registrada foi no intervalo de 80 e 100 mm; - Em Ubatuba foram registrados os maiores volumes de precipitação, no mês de dezembro; - Em janeiro e fevereiro foi observada com maior freqüência a ocorrência de chuvas com volume acima de 100 mm. - Em fevereiro, a maior parte dos locais com registros de chuva acima de 100 mm, foi na região do Vale do Ribeira.
Referências
Bibliográficas:
CIIAGRO/IAC – Centro Integrado de
Informações Agrometeorológicas/ Instituto Agronômico de Campinas.
(disponível em
http://www.ciiagro.sp.gov.br, acesso em 16 de Março de 2009)
ESALQ/USP - Universidade São Paulo,
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. (disponível
em
http://www.esalq.usp.br/serviços/dados
meteorológicos/ serviço/nurma-bhbrasil/download de
balanços hídricos acesso em 13 de Abril de 2009).
FILHO, K.Z., MARCELLINI, S.S.
Precipitações Máximas. In: TUCCI C.E.M., PORTO R.L., BARROS, M.T.
Drenagem Urbana. Porto Alegre: UFRGS, 1995. 428p
SILVA, B. C.; CLARKE,T. C. Análise
Estatística de chuvas intensas na bacia do Rio São Francisco.
Revista Brasileira de Meteorologia, Porto Alegre, RS 2004. TROVATI, L. R.; ANTONIO, M. A.; A influência da variabilidade e a incerteza na medida da chuva por radar e pluviômetro na água disponível no solo. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, 2007.
Rosana G. Suraci
é estudante de Eng. Ambiental PUC - Campinas. Giselli A. C. Lima é estudante de Ciências Biológicas UNIP - Campinas.
Contato:
giselilimah@hotmail.com
Alan Gomes
é estudante
de Ciências Biológicas UNIP - Campinas.
Angelica Prela-Pantano
é
Pesquisadora Cientifica APTA/IAC/SAA – Campinas,
SP.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): SURACI, R.; LIMA, G.A.C.; GOMES, A.; PRELA-PANTANO, A. Eventos extremos de precipitação ocorridos no estado de São Paulo, no verão 2008/09. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_2/ClimaSP/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 07/06/2009 |