Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com Buscando maior sustentabilidade na agricultura com silicatos
por Oscar Fontão de Lima Filho*
A agricultura brasileira tem se caracterizado por
aumentos da produção, área plantada, exportação e quantidade de
tecnologias aplicadas. Mas ao produzir alimentos, o agricultor deve
levar em conta a sustentabilidade, tanto econômica como ambiental.
Desse modo, o objetivo da agricultura moderna deve ser orientado
pela produção de alimentos sem impactos negativos ao meio ambiente e
no custo de produção, sem contaminar o trabalhador rural e com
segurança alimentar ao consumidor. Uma tecnologia útil é a
utilização de silicatos no manejo nutricional das lavouras. O seu
uso está regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), que considera o silício um micronutriente.
O silício, de modo geral, é absorvido pelas plantas
em grandes quantidades. Em muitas espécies, por exemplo, os teores
nos tecidos superam aqueles encontrados para nitrogênio e potássio,
nutrientes majoritários em plantas. Mas para que isso ocorra é
necessário que o solo tenha quantidades adequadas desse elemento em
forma assimilável pelas plantas, ou seja, como ácido silícico. Solos
que em sua origem são inférteis, mesmo corrigidos e adubados
posteriormente, e os mais arenosos, normalmente possuem baixos
níveis de silício que possa ser aproveitado pelas culturas.
O silício, por meio de uma série de ações no
metabolismo da planta, tanto do ponto de vista químico como físico,
pode contribuir para que haja aumento no crescimento e na
produtividade. A palavra-chave para este elemento é antiestressante,
pois ele tem um papel importante nas relações planta-ambiente,
fornecendo à cultura melhores condições para suportar adversidades
climáticas, biológicas e do solo, tendo como resultado final um
aumento e maior qualidade de produção. Os efeitos do silício nas
plantas são mais evidentes quando elas são submetidas a algum tipo
de estresse, seja ele de natureza química, física ou biológica.
Maior rigidez estrutural, menor transpiração, maior tolerância a
doenças e pragas, maior resistência ao acamamento, encharcamento,
veranicos e geadas, bem como neutralização ou diminuição dos efeitos
tóxicos de metais pesados, como manganês e alumínio, são alguns dos
importantes benefícios que a adubação silicatada pode proporcionar
para as plantas cultivadas. A
aplicação no solo de silicatos de cálcio ou silicatos de cálcio e
magnésio, os quais passam por um tratamento térmico a altas
temperaturas, pode trazer inúmeros benefícios para as culturas, como
cereais, frutíferas, hortaliças, cana-de-açúcar, etc. Pesquisas
também têm demonstrado que a adubação foliar com silicato de
potássio pode ser uma boa estratégia para diminuir o uso de
agrotóxicos no combate a doenças e pragas, principalmente. O
silicato de potássio não é um fungicida e nem substitui esse tipo de
produto, mas pode ser usado como um complemento para aumentar a
resistência das plantas a várias doenças, propiciando a diminuição
no uso de agrotóxicos nas culturas. Vale lembrar, também, que este
fertilizante é uma eficiente fonte de potássio para aplicação
foliar. Nesse sentido, a Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados,
está conduzindo estudos com o silicato de potássio para prover o
agricultor de informações e subsídios mais concretos sobre o uso
desse fertilizante na cultura da soja. A tecnologia baseada no uso do silício é limpa e sustentável, com potencial para diminuir o uso de agrotóxicos e aumentar a produtividade por meio de uma nutrição mais equilibrada e fisiologicamente mais eficiente.
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Oscar Fontão de Lima Filho é
Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados,
MS)
Dados para citação bibliográfica(ABNT): LIMA FILHO, O.F de Buscando maior sustentabilidade na agricultura com silicatos. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/Silicatos/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 12/02/2009 |