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VANTAGENS DA ORDENHA COM HIGIENE
 

Karina Neoob de Carvalho Castro

 

O leite de vaca é considerado um dos alimentos mais completos. Em sua composição encontramos proteínas, gordura,  lactose, cálcio e fósforo, entre outros, que compõem os sólidos totais (ST=13%, água=87%). Na ocorrência de mastite bovina (inflamação da glândula mamária), observamos alteração nesta composição, com redução dos sólidos totais, tornando o leite mais fluido e comprometendo a qualidade da matéria-prima.
 

Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação de queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó. Um outro fato que compromete o beneficiamento na indústria é a presença de antibióticos no leite. Isso ocorre quando o produtor trata a vaca e entrega o leite sem respeitar o período de carência, o que possibilita a inibição da flora bacteriana utilizada no fabrico de produtos como o iogurte, leites fermentados, manteiga e queijos. Algumas usinas de leite podem detectar a presença de contaminantes, pagar menos ou até recusar esse leite.
 

O leite que contém resíduos de antibióticos é considerado adulterado, sendo impróprio para o consumo por representar risco para a saúde pública. O consumidor, ao ingerir leite com estes resíduos pode desenvolver reações alérgicas ou mesmo resistência bacteriana. A pasteurização do leite não destrói os resíduos de antibióticos, sendo importante que o produtor descarte o leite durante o período de carência.
 

Em 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) implantou no Brasil o programa de análise de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal (PAMvet), visando o controle destes resíduos nos alimentos. O leite é um dos principais alimentos pesquisados, devido à sua grande importância na alimentação da população brasileira. A ação da Anvisa vem ampliando-se a cada dia, sendo imperativa a observação dos prazos de carência no uso de antibióticos ou melhor, a prevenção das mastites para minimização da utilização destes medicamentos.
 

A mastite bovina determina importantes perdas econômicas, principalmente devido à redução da produção leiteira, bem como pelos custos com assistência veterinária e medicamentos,  maior necessidade de mão-de-obra durante o manejo e substituição dos animais cronicamente infectados.
 

            A porta de entrada para os microorganismos causadores da mastite geralmente é o canal da teta, portanto, devemos fortalecer as barreiras que dificultam a penetração destes microorganismos. Para sucesso desta medida, é imprescindível a participação e o empenho do ordenhador, que muitas vezes precisa receber treinamento para cumprir seu papel de forma eficiente. A seguir listamos características interessantes que o ordenhador deve possuir:

1. Conhece o seu valor e busca aprimorar-se, pois trabalha na produção de alimento nobre.

2. Cultiva bons hábitos de higiene pessoal, mantendo unhas sempre aparadas, usando roupas limpas, gorros ou bonés e lavando sempre as mãos antes de tocar nas tetas, pois muitos microorganismos podem ser transmitidos do homem para as vacas.

3. Não fuma, ao menos durante a ordenha.

4. Mantém o material da ordenha sempre limpo. Peneiras, baldes e latões devem ser lavados após cada ordenha com água e detergente, sendo bem enxaguados e emborcados em local seco e limpo.

5. Limpa o local de ordenha ao fim da mesma, diariamente, minimizando a possibilidade de contaminação dos animais.

6. Ausenta-se da função de ordenha quando enfermo, pois algumas bactérias da mastite podem ser originadas de infecções respiratórias do homem.

7. Conduz a ordenha de forma tranquila e organizada, mantendo registro individual e  atualizado das vacas, para acompanhamento da produção e saúde das mesmas.

 

A maior atenção ao momento da ordenha sempre indicará que um dos principais fatores relacionados à ocorrência de mastite bovina é a falta de higiene. Medidas simples adotadas como rotina, como a retirada dos primeiros jatos de leite na caneca de fundo escuro, a lavagem, desinfecção e secagem dos tetos com papel toalha antes da ordenha, bem como, a desinfecção dos tetos pós-ordenha com iodo glicerinado, podem gerar ótimos resultados na prevenção da mastite.

 

Cuidados tomados ao fim da ordenha são igualmente importantes, pois a limpeza dos utensílios e da sala de ordenha, reduzem a contaminação dos animais. Assim também, o fornecimento de alimento às vacas, imediatamente após a ordenha, evita que estes animais deitem-se, quando os canais das tetas ainda encontram-se abertos e mais sujeitos à entrada de microorganismos.

 

Quanto maior a adoção destas medidas, maior será o controle da mastite e, consequentemente, melhores os resultados de produção do seu rebanho.


Karina Neoob de Carvalho Castro possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1992), mestrado em Medicina Veterinária (Patologia Animal) [Jaboticabal] pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e doutorado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2002). Atualmente é pesquisador nível II - Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS. Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Sanidade Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: ruminantes, medicina veterinária preventiva e plantas medicinais.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0930562757416142

contato: karina@cpao.embrapa.br


 
Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CASTRO, K.N.C.  Vantagens da ordenha com higiene. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/Ordenha/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 19/032009

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