Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com NOVO MAPA DA LARANJA NO ESTADO DE SÃO PAULO Maria Carlota Meloni Vicente Celma da Silva Lago Baptistella Denise Viani Caser Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco José Venâncio de Resende O Estado de São Paulo é o principal produtor nacional de laranja, com 691,26 mil hectares e produção de 368,2 milhões de caixas de 40,8kg, em 2007. Na atualidade, a atividade encontra-se distribuída de forma marcante em duas regiões: a tradicional, constituída pelos EDRs (Escritórios Regionais de Desenvolvimento Rural) de Araraquara, Barretos, Catanduva, Fernandópolis, General Salgado, Jaboticabal, Limeira, Mogi-Mirim, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Votuporanga; e a região nova, constituída por Avaré, Bauru, Botucatu, Itapetininga, Itapeva, Jales, Jaú, Lins, Piracicaba e Sorocaba. Ressalte-se que esta última tem contribuído para a instalação do parque citrícola, por reunir condições adequadas à atividade quanto aos aspectos edafo-climáticos e por ainda ser pouco susceptível às novas doenças (figura 1)1.
Os impactos do avanço da cana-de-açúcar sobre as principais atividades agrícolas do Estado de São Paulo no período de 2001-2006 mostram que, da região tradicional de produção de laranja, os EDRs que mais perderam área para a cana foram Barretos, Catanduva, General Salgado, Jaboticabal e Limeira.2 Incorporaram área somente os EDRs de Araraquara, Ribeirão Preto e São João da Boa Vista, permanecendo praticamente inalteradas as áreas cultivadas em Fernandópolis, Mogi-Mirim e Votuporanga. Na região nova, observa-se a mesma tendência de incremento das áreas cultivadas de cana, principalmente sobre as pastagens. Somente os EDRs da região sudoeste do Estado, Itapetininga e Sorocaba, não sofreram oscilações significativas nas áreas cultivadas.
Esta atividade citrícola destaca-se tanto no aspecto econômico quanto no social, ao se apresentar como importante empregadora de mão-de-obra, notadamente na colheita das frutas que se concentra no período de setembro a novembro. Além da atividade agrícola, espera-se que ocorra maior dinamismo nos demais elos da cadeia produtiva.
Este artigo procura avaliar a ocupação de mão-de-obra na colheita, fase mais empregadora, e a evolução da produtividade dos laranjais paulistas entre 2001 e 2006, considerando para isso a movimentação espacial na agricultura paulista e a importância de seus reflexos na ocupação da mão-de-obra, tendo em vista que a tendência da ocupação na agricultura paulista tem sido decrescente3. As estimativas foram elaboradas com base em dados sobre produção e quantidade colhida por homem-dia, disponibilizados no banco de dados do IEA4.
O emprego de colhedores por safra aumentou na região nova de laranja entre 2001 e 2006, de 5.776 para 8.548 trabalhadores, mas o rendimento por homem/dia (quantidade de caixas colhidas por pessoa) caiu 1,5%. Na região citrícola tradicional o número de pessoas diminuiu de 27.126 para 25.824 trabalhadores, porém a produtividade da mão-de-obra aumentou 3,0%. Em termos líquidos houve acréscimo de 1.470 trabalhadores no período (Tabela 1).
Na região nova, as maiores quedas no rendimento do trabalho ocorreram nos EDRs de Avaré (21,1%) e Sorocaba (19,5%), seguidos de Lins (6,7%), Jales (4,0%), Piracicaba (1,2%) e Botucatu (0,7%). Por sua vez, apresentaram rendimento positivo as regiões de Bauru (46,7%), Itapetininga (31,2%) e Jaú (2,4%). Quando à produtividade agrícola, a maioria das regiões novas de laranja apresentou rendimento médio positivo: Avaré (33,0%), Itapetininga (28,2%), Botucatu (22,0%), Bauru (10,5%), Piracicaba (9,8%), Sorocaba (7,5%), Lins (6,3%), Jaú (6,2%) e Jales (5,6%).
Na região tradicional, o rendimento dos colhedores caiu nos EDRs de São João da Boa Vista (13,4%), Mogi Mirim (12,2%) e Fernandópolis (9,9%), seguidos de General Salgado (7,0%), Votuporanga (5,9%), Ribeirão Preto (3,1%) e Catanduva (1,9%). O aumento da produtividade da mão-de-obra foi verificado nas regiões de Araraquara (15,2%), Limeira (11,7%), São José do Rio Preto (11,4%), Barretos (4,2%) e Jaboticabal (2,1%).
A explicação para a ocorrência de menores rendimentos (ou mesmo negativos) do trabalho, quanto a produtividades no pomar, é que os pés de laranja estão entrando em fase de produção e, portanto, ainda produzem pouco. A menor produtividade do trabalho também está relacionada com a erradicação de pés adultos em produção por conta da incidência de doenças nos pomares. Outros motivos são as falhas ou o predomínio de plantas mais velhas, mal-cuidadas ou mesmo abandonadas, que resultam em pomares com poucas árvores e com poucos frutos e, em conseqüência, com menor produtividade do colhedor.
Além disso, o rendimento da colheita depende de fatores como condições do pomar e de clima e o tempo de percurso entre o pomar e a cidade. A condição do pomar é o principal fator, pois pomares bem-tratados facilitam o acesso e a colheita.
Também influi no desempenho do colhedor o treinamento da mão-de-obra. Na região tradicional de laranja, os colhedores são mais treinados do que na região nova, o que resulta em maior rendimento. Acredita-se que parte dessa mão-de-obra treinada esteja migrando para a nova região de laranja, onde servirão de “mestres” para os novos colhedores.
Em termos de produtividade agrícola, 10% dos EDRs da região nova apresentaram resultado menor quando comparado com 2001 (Botucatu com 22%). Já a tradicional mostrou rendimento negativo em torno de 30% (São João da Boa Vista, com 8,1%; General Salgado, 11,7%; Ribeirão Preto, 2,6%; e Jaboticabal, 3,1%).
Finalmente, as expectativas são de que a variação da produtividade agrícola tenderá a ser menos intensa nas regiões novas de laranja, quando confrontadas com as regiões tradicionais (mais quentes). O clima ameno nas regiões abaixo do Rio Tietê favorece a menor incidência de doenças e o desempenho mais homogêneo da cultura, com efeitos positivos sobre o rendimento da produção e do trabalho.
1Os autores agradecem ao Dr. Antonio Ambrosio Amaro pelas sugestões aferidas. 2CAMARGO, A.M.M.P. de et al. Dinâmica e tendência da expansão da cana-de-açúcar sobre as demais atividades agropecuárias, estado de São Paulo, 2001-2006. Informações Econômicas, SP, v.38, n.3, p.47-66, mar. 2008. 3VICENTE, M.C.M.; BAPTISTELLA, C.S.L.; FRANCISCO, V.L.F.S. Evolução do Mercado de Trabalho na Agropecuária Paulista, 1995-2004. IN: XLIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, Ribeirão Preto, SP, Anais. Brasília, SOBER, 2005. (cd-rom) 4IEA. Banco de Dados. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/. Acesso em 10 de maio de 2008.
Maria Carlota Meloni Vicente Celma da Silva Lago Baptistella Denise Viani Caser Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco Pesquisadoras do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) José Venâncio de Resende Assistente Técnico de Pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)
Dados para citação bibliográfica(ABNT): VICENTE, M.C.M; BAPTISTELLA, C.S.L.; CASER, D.V.; FRANCISCO, V.L.F.S.; RESENDE, J.V. de Novo mapa da laranja no estado de São Paulo. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/MapaLaranja/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 03/02/2009 |