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INTERFERÊNCIA DO VOLUME DE CALDA SOBRE O RENDIMENTO OPERACIONAL NA APLICAÇÃO EM PRÉ-EMERGÊNCIA DO HERBICIDA IMAZAPIC EM CANA-DE-AÇÚCAR

(INTERFERENCE OF CARRIER VOLUME ON OPERATIONAL EFFICIENCY DURING A PRE-EMERGENCE APPLICATION OF IMAZAPIC HERBICIDE IN SUGAR CANE)

 

FABRÍCIO CATISSI
DANIEL MEDEIROS
HAMILTON  H. RAMOS
CAIO E. PÍNOLA

INTRODUÇÃO:

Tecnologia consiste na aplicação dos conhecimentos científicos a um determinado processo produtivo. Dessa forma, entende-se como “tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários” o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 2001 citado por ANDEF, 2004).

Segundo Ramos e Garcia (2004), o volume de calda utilizado nunca deverá ser a premissa da regulagem, mas sim a conseqüência da mesma. Regula-se um pulverizador para colocar a quantidade necessária de produtos sobre o alvo selecionado. Quanto menor o volume de água necessário para isso, maior a capacidade de trabalho dos pulverizadores e menor o custo de produção.

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar a interferência do volume de calda, sobre a eficiência operacional, durante aplicações em pré-emergência do herbicida imazapic em cana soca.

MATERIAL E MÉTODOS:

Os ensaios foram realizados nos meses de maio a julho de 2008 em áreas comerciais de seis usinas da macro região de Ribeirão Preto/SP. O modelo da ponta de pulverização e o tamanho das gotas utilizados nos ensaios não foram alterados em relação ao padrão adotado pelas usinas, tendo-se utilizado para regulagem somente a alteração da vazão e pressão das pontas.

Os dados dos equipamentos, da regulagem dos pulverizadores e dos tratamentos utilizados nos ensaios de volume são apresentados na Tabela 01.

 

Tabela 1: Tratamentos aplicados nas diferentes usinas, dados dos equipamentos e regulagem dos pulverizadores.

Condições de Aplicação

Usina 01

Usina 02

Usina 03

Usina 04

Usina 05

Usina 06

Trator

 

 

 

 

 

 

Marca/Modelo

MF 2585

Uniport

Valtra BM100

Parruda

John Deere 6300

MF 292

Marcha

2a B

3a

 

 

2a C

1a B

Rotação

1800

1800

1770

 

2000

1700

Velocidade (km.h-1)

10

15

10

12

8,2

6,9

Pulverizador

 

 

 

 

 

 

Marca/Modelo

FMCopling

 

Falcon

 

Falcon Vortex

Albatroz

Capacidade de tanque (L)

1400

2500

1400

2000

1400

1800

Pontas

TTI 11003

AVI 11005

AVI 11004

TTI 11004

AVI 11003

AVI11004

Bicos na barra

27

69

29

55

29

24

Espaçamento entre bicos (m)

0,50

0,35

0,5

0,5

0,50

0,63

Controlador

 

 

 

 

 

 

Marca/Modelo

Teejet 844 E

JSC 6000

JBS 5000

Arag Bravo

JSC 5000

 

Pulverização padrão

 

 

 

 

 

 

Volume de calda (L.ha-1)

200 L

250

200

300

250

200

Tamanho de gotas

XG

MG

MG

XG

G

MG

Tratamentos

250  L.ha-1

 

 

 

 

 

 

Ponta

 

AVI 11005

 

TTI 11005

AVI 11003

AVI 11004

Vazâo (L.min-1)

 

2,19

 

3

1,71

1,81

Pressão

 

3,7

 

7

6,3

4

Gota

 

MG

 

XG

G

MG

200  L.ha-1

 

 

 

 

 

 

Ponta

TTI 11003

AVI 11004

AVI 11004

TTI 11004

AVI 110025

AVI 11004

Vazâo ( L.min-1)

1,67

1,75

1,67

2

1,37

1,45

Pressão (bar)

6,0

3,7

3,4

4,8

5,7

2,5

Gota

XG

MG

MG

XG

G

MG

150  L.ha-1

 

 

 

 

 

 

Ponta

TTI 11003

AVI 11004

AVI 11003

TTI 11004

AVI 11002

AVI 11003

Vazâo ( L.min-1)

1,25

1,31

1,25

1,5

1,03

1,09

Pressão (bar)

3,4

2,0

3,4

2,7

5,0

2,6

Gota

XG

MG

MG

XG

G

MG

100  L.ha-1

 

 

 

 

 

 

Ponta

TTI 11002

AVI 11002

AVI 11002

TTI 11002

AVI 11002

AVI 11002

Vazâo ( L.min-1)

0,83

0,88

0,83

1,00

0,68

0,72

Pressão (bar)

3,3

3,7

3,4

4,8

2,0

2,5

Gota

XG

MG

MG

XG

MG

MG

Mínimo

 

 

 

 

 

 

L.ha-1

70

74

78

65

 

90

Ponta

TTI 11002

AVI 11002

AVI 11002

TTI 11002

 

AVI 11002

Vazâo ( L.min-1)

0,58

0,65

0,65

0,65

 

0,65

Pressão (bar)

1,6

2,0

2,0

1,5

 

2

Gota

XG

MG

MG

XG

 

MG

 

Os volumes de pulverização utilizados nos ensaios foram: o mínimo possível aplicado pelo pulverizador (70 a 80 L.ha-1), 100, 150, 200 L.ha-1 e o padrão da usina. Cada tratamento foi representado por um volume de pulverização e este foi instalado em um talhão comercial da usina com aproximadamente 10 hectares. Em cada tratamento foi deixada uma área testemunha sem aplicação com aproximadamente 10 x 10m, a fim de se verificar as plantas daninhas presentes.

Para possibilitar a análise da cobertura do solo, 6 papéis hidrossensíveis foram colocados sob a barra na área aplicada, sendo 3 sob a barra direita e 3 sob a barra esquerda do pulverizador. Também foram coletados os tempos referentes a abastecimento do pulverizador com a calda, a manobras nos carreadores, para esgotamento do tanque de pulverização, o necessário para deslocar do abastecimento até a área, além do comprimento do talhão, com a finalidade de possibilitar a comparação econômica em função da adoção dos diferentes volumes considerados.

O ganho no rendimento operacional, calculado com base no tempo necessário para se pulverizar um ha, foi analisado considerando-se a seguinte fórmula proposta por MATUO (1990):

 

t = 1000 + 1000. TV +   d  . v.  +  TR.V

      Vp.L       C.L          Vd.Ca       Ca

 

Onde: t = Tempo para pulverizar 1 hectare (min/ha); Vp = Velocidade de pulverização (m/min); L = Largura da faixa de pulverização (m); Tv = Tempo de virada ( min); C = Comprimento da faixa de tratamento (m); d = Distancia total percorrida para cada reabastecimento (m); V = Volume de pulverização (l/ha); Vd = Velocidade de deslocamento para reabastecimento (m/min); Ca = Capacidade do tanque (l); Tr = Tempo de reabastecimento do tanque (min)

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os rendimentos operacionais obtidos, considerando-se os dados médios obtidos em cada usina, alterando-se apenas o volume de aplicação, são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Tempos médios para a pulverização de um ha utilizando-se diferentes volumes de calda

Volumes

Usinas

 

Usina 01

Usina 02

Usina 03

Usina 04

Usina 05

Usina 06

Crua

Queimada

Queimada

Crua

Crua

Crua

Queimada

Queimada

Tempo para pulverizar 1 ha (min)

Mínimo

6,86

6,73

2,27

5,92

 - x -

6,86

6,36

 - x -

100

6,97

7,08

2,34

6,12

2,54

6,97

6,46

6,65

150

7,14

7,66

2,46

6,63

2,72

7,14

6,62

6,85

200

7,31

8,24

2,57

7,14

2,89

7,31

6,79

7,05

250/300

7,49

8,82

2,69

- x -

3,25

7,49

6,95

 - x -

Estes resultados indicam que através da adoção dos volumes de calda inferiores é possível obter uma redução no tempo de pulverização de 01 ha, em relação ao maior volume, de no mínimo 06% ao máximo de 32%. Em relação a análise de porcentagem de deposição (Tabela 3), a cobertura do solo variou de 5,63 a 54,41%, o que permitirá relacionar controle com uma faixa bastante ampla de cobertura, permitindo a estimativa da cobertura mínima para a máxima eficácia do herbicida imazapic.

Tabela 03. Médias das coberturas obtidas nos papéis hidrossensíveis nos diferentes tratamentos e usinas

 

Usinas

 

 

Cobertura

 

 

Gota

 

Tratamentos (L.ha-1)

Min

100

150

200

250

300

Coberturas médias (%)

Usina 01

Crua

XG

5,63

11,99

29,09

31,35

 

 

Queimada

XG

5,91

19,68

34,14

42,06

 

 

Usina 02

Queimada

MG

12,97

21,49

29,44

42,29

54,41

 

Usina 03

Crua

MG

7,6

12,61

29,23

35,08

 

 

Usina 04

Crua

XG

 

14,81

13,27

24,76

 

44,01

Usina 05

Crua

G

7,9

15,03

25,9

38,16

34,82

 

Queimada

G

8,24

15,93

26,57

46,69

32,95

 

Usina 06

Crua

MG

 

16,84

27,07

30,46

 

 

Máxima

 

 

12,97

21,49

34,14

46,69

54,41

 

Mínima

 

 

5,63

11,99

13,27

24,76

32,95

 

Média

 

 

8,04

16,05

26,86

36,36

40,72

 

Média G

 

 

8,07

15,48

26,24

42,43

33,88

 

Média MG

 

10,29

16,98

28,58

35,94

54,41

 

Média XG

 

 

5,77

15,49

25,5

32,72

 

 

CONCLUSÃO:

Conclui-se que a redução do volume de calda, na aplicação em pré-emergência do herbicida imazapic em cana soca, proporciona importantes ganhos no rendimento operacional, contribuindo para redução de custos em função da otimização da estrutura de aplicação de herbicidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDEF. Manual de tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários. Andef, São Paulo, 2004.


MATUO, T. Técnicas de aplicação de defensivos agrícolas. Funep, Jaboticabal, 1990.

RAMOS, H.H.; GARCIA, L.C. Interferência do volume de calda aplicado com diferentes turbopulverizadores sobre o controle do ácaro da leprose em citros. In: III Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, 2004, Botucatu - SP. SINTAG - Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos. Botucatu - SP: Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP, 2004. v. CD-Rom.

AGRADECIMENTOS: As usinas participantes pelo grande apoio na condução dos trabalhos.

RESUMO: Entende-se que o objetivo na aplicação de defensivos agrícolas é o de colocar o produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com o mínimo de contaminação de outras áreas. Neste trabalho, se procurou avaliar os ganhos operacionais decorrentes do uso de diferentes volumes de calda de pulverização, durante a aplicação em pré-emergência do herbicida imazapic, em soqueiras de cana-de-açúcar. Os trabalhos foram conduzidos em parceria com 06 usinas de açúcar e álcool da região de Ribeirão Preto/SP. As aplicações foram feitas em áreas comerciais e os volumes de calda variavam desde o mínimo possível em cada usina até o volume máximo de 250 ou 300 L.ha-1. Para avaliação da porcentagem de deposição, em cada pulverização foram distribuídos papéis hidrossensíveis que posteriormente foram submetidos à análise do software IDRISI. Concomitantemente a aplicação, foram tomados vários parâmetros com objetivo de se avaliar o rendimento operacional. Dentro das condições em que o trabalho foi conduzido, pode-se concluir que a redução do volume de calda aumentou a eficiência operacional variando desde o ganho mínimo de 06% ao máximo de 32%.                                                               PALAVRAS-CHAVE: herbicida, tecnologia de aplicação, redução de calda

 

ABSTRACT: It is understood that the goal of pesticides application is to place the product biologically active on the target in the necessary amount, with economical viability and with the minimum of environmental contamination. In this research, we tried to evaluate the operational gains after testing different carriers volumes sprayed during the pre-emergence application of the herbicide imazapic in sugar cane. The tests were conducted in partnership with 06 sugar mill located around the region of Ribeirao Preto/SP. The sprayings were made in commercial areas and the carriers volumes ranged from the minimum possible in each sugar mill to the maximum amount of 250 or 300 L.ha-1. The percentages of deposition were collected by water sensitive papers which were scanned and analyzed to IDRISI method. In order to evaluate the operational gains, several parameters were taken during the applications. According these results, it was concluded that decrease the carrier volume increased operational efficiencies ranging from the minimum gain of 06% to a maximum of 32%.

KEYWORDS: herbicide, pesticide application technology, carrier volume reduction

 

* Escrito para apresentação no IV Sintag - Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos - III Simpósio de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. 13 a 17 de outubro de 2008 – Ribeirão Preto/SP – Brasil


FABRÍCIO CATISSI é  Engº Agrônomo, Técnico Desenvolvimento de Mercado.BASF SA.
E-mail: fabricio.catissi@basf.com


DANIEL MEDEIROS -
BASF SA. E-mail: daniel.medeiros@basf.com


HAMILTON  H. RAMOS
- Instituto Agronômico de Campinas (IAC). E-mail: hhramos@iac.sp.gov.br


CAIO E. PÍNOLA -
Instituto Agronômico de Campinas (IAC) Estagiário. E-mail: caiopinola@hotmail.com



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CATISSI, F.; MEDEIROS, D.; RAMOS, H.H.; PÍNOLA, C.E.  Interferência do volume de calda sobre o rendimento operacional na aplicação em pré-emergência do herbicida imazapic em cana-de-açúcar. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/imazapic/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 26/10/2008

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