Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com Plantio de frutíferas: sucesso ou fracasso começa na implantação do pomar por Flávio Luiz Carpena Carvalho Grande parte do sucesso de um pomar de frutíferas depende de ações realizadas antes e durante a sua implantação. Decisões como a espécie que será explorada e, desta, a variedade ou cultivar, em função de fatores diversos, como o mercado a que se destina, entre outros, devem ser tomadas com antecedência de até um ano antes do plantio. Isto se justifica pela necessidade de encomenda e aquisição de mudas e pela orientação nos passos seguintes. Dentre estes, são exemplos a escolha do local e o tipo de solo mais adequado, o plantio de espécies para a construção de quebra-ventos, bem como a coleta de amostras de solo para análise e correção de acidez e da fertilidade. A forma de condução das plantas e o seu espaçamento devem ser previamente estabelecidos, pois isto determinará a quantidade de mudas a adquirir por unidade de área. A região do Planalto da Campanha Gaúcha (Bagé e municípios vizinhos), no Rio Grande do Sul, tradicional reduto de produção pecuária, tem na fruticultura uma das alternativas para a reconversão de sua matriz produtiva. Alguns solos dessa região, entretanto, não são os mais adequados ao cultivo de espécies como o pessegueiro e a ameixeira, principalmente por suas características físicas, que dificultam a drenagem do excedente de água das chuvas. Por outro lado, na tradicional região produtora de pêssegos do Planalto Sul-Rio-Grandense (colônia de Pelotas e municípios vizinhos, como Piratini, Canguçu e Morro Redondo), os solos são, quase sempre, pouco profundos, tanto por aspectos de formação quanto de erosão hídrica, que os desgastou ao longo dos anos pelo uso sem cuidados conservacionistas adequados. Considerando-se que, nessas condições, a profundidade do sistema radicular das plantas de pessegueiro é muito superficial, com mais de 50% das raízes finas (responsáveis pela absorção de nutrientes) encontrando-se até 20cm de profundidade, algumas recomendações com relação ao sistema de plantio devem ser seguidas.
Resultados obtidos em
experimentos com pessegueiros na Embrapa Clima Temperado indicam que
há uma relação direta entre o vigor das plantas e a profundidade de
solo que as raízes dispõem para explorar. Assim, em solos rasos (com
até 20 cm de profundidade), deve-se adotar o plantio em camalhões
largos e mais altos; para solos com profundidade entre 20 e 50 cm,
recomenda-se o plantio das mudas também sobre camalhões, porém estes
podem ser mais estreitos e menos altos que os anteriores. Camalhões
largos e altos são construídos pelo revolvimento e acumulação de
toda a parte superior do solo entre duas linhas vizinhas de plantas;
os estreitos e mais baixos, pela passagem, uma ou duas vezes em cada
sentido, de arados de três ou dois discos ou aivecas,
respectivamente. Solos com mais de 50 cm de profundidade podem
dispensar esta prática sob o ponto de vista de vigor das plantas,
porém, ainda assim, é recomendável a construção de camalhões para o
controle da erosão hídrica do solo. Se a permeabilidade (capacidade
de infiltrar a água) destes for baixa, os camalhões ou terraços
devem ser construídos com um gradiente de declividade, isto é, um
“caimento” (de seis a oito centímetros a cada dez metros) em direção
a uma das extremidades, para drenar o excedente de água das chuvas
com velocidade que não cause erosão do solo.
Flávio Luiz Carpena Carvalho
possui graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade
Federal de Pelotas (1977) e mestrado em Ciências do Solo pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1985). Atualmente é
Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.
Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e
Conservação do Solo, atuando principalmente no seguinte tema:
recuperação de áreas degradadas.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): CARVALHO, F.L.C. Plantio de frutíferas: sucesso ou fracasso começa na implantação do pomar. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/frutiferas/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 12/09/2008 |