Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com Criptosporidiose Elizabeth Spósito Filha
Apresenta distribuição geográfica mundial, tendo sido descrito pela primeira vez em 1907, em camundongos, nos Estados Unidos. Desde a descoberta deste protozoário, cerca de 20 espécies desse gênero já foram mencionadas em diferentes espécies de hospedeiros animais, mas ainda há divergências quanto à sua taxonomia. Um fato que distingue o Cryptosporidium de outros coccídios é a falta de especificidade para hospedeiros. Cryptosporidium é normalmente encontrado no intestino, mas pode ocorrer fora do trato digestório, como em certas partes do trato respiratório. A localização respiratória é comum em aves. O ciclo biológico deste parasita necessita de apenas um hospedeiro. Dois tipos de oocistos se formam: 80% têm parede grossa e são eliminados já infectantes junto com as fezes; 20% são envolvidos apenas por uma membrana e se rompem na luz intestinal, determinando novo ciclo no mesmo hospedeiro. A multiplicação do parasita no interior das células do intestino causa má absorção e digestão. Como conseqüência ocorre diarréia por alterações das células epiteliais, atrofia de vilosidades e perda de enzimas digestivas. Os oocistos eliminados com as fezes são a principal fonte direta de infecção, a qual é adquirida por ingestão de oocistos que estejam contaminando água potável, alimentos, água de piscina, rios e lagos. Outro modo seria o contato pela via fecal-oral de pessoa para pessoa ou entre pessoas e animais contaminados.
O oocisto de Cryptosporidium é
muito resistente e sobrevive à maioria dos
desinfetantes como álcool, hipoclorito de
sódio, fenóis e quaternário de amônia, entre
outros. Também é resistente à concentração
de cloro empregada na cloração da água. Criptosporidiose em humanos Estudos têm demonstrado a ocorrência de diferentes espécies de Cryptosporidium causando doença diarréica em humanos, sendo C. parvum e C. hominis as duas mais prevalentes. No entanto, outras espécies, tais como C. meleagridis (ave), C. felis (gato) e C. canis (cão) e alguns genótipos de C. parvum (mamífero) adaptados a animais, têm sido relatadas e foram isoladas de material proveniente de pessoas com criptosporidiose e evidenciadas por métodos moleculares. Na espécie humana a criptosporidiose depende principalmente do estado imune da pessoa. Em indivíduos com imunidade normal a doença se manifesta por gastrenterite semelhante àquela por giardíase. O principal sintoma é a diarréia, que pode ser precedida por anorexia e vômitos. A cura ocorre de modo espontâneo. Em crianças mal nutridas e pessoas com a imunidade comprometida, como os portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, AIDS, a infecção conduz a uma diarréia severa e prolongada que é acompanhada por náuseas, vômitos, cólica, perda de peso e febre, podendo levar a óbito.
As medidas de controle gerais incluem
educação sanitária, saneamento básico,
lavagem de mãos após o manuseio de animais
com diarréia, filtrar ou ferver, por alguns
minutos, a água utilizada para beber, lavar
alimentos e para fazer gelo. Durante o
período em que estiverem apresentando
diarréia, indivíduos infectados devem evitar
a manipulação de alimentos que serão
utilizados por outras pessoas; crianças com
criptosporidiose não devem freqüentar
escolas ou creches para evitar a
disseminação do parasita. Criptosporidiose em animais Cryptosporidium tem sido encontrado em grande diversidade de hospedeiros, destacando-se sua importância em sanidade animal por ser um dos agentes enteropatogênicos responsáveis por diarréias neonatais. A diarréia neonatal é um quadro complexo que pode acarretar altas taxas de morbidade e mortalidade. Além dos gastos com a medicação, os prejuízos podem incluir redução do desenvolvimento, comprometendo os índices de ganho de peso ou produção leiteira, ou até a morte do animal. Nos quadros clínicos diarréicos o Cryptosporidium pode estar associado a outros agentes infecciosos (bactérias, vírus, parasitas), além disso, as variáveis relativas ao hospedeiro (idade, estado nutricional, condição imunológica, falha na ingestão de colostro), bem como do ambiente (superpopulação, estresse, clima), podem ter influência no transcurso da infecção. É comum o relato de infecções subclínicas. Dessa forma, ressalta-se a importância epidemiológica dos portadores assintomáticos. Um bezerro pode eliminar até 10 milhões de oocistos por grama de fezes. Devido à grande resistência dos oocistos eles podem permanecer viáveis no ambiente durante meses, dependendo das condições climáticas.
No caso dos animais, o manejo é o principal
mecanismo para evitar a disseminação da
infecção. Na medida do possível, os animais
doentes devem ser mantidos separados dos
jovens, que são mais suscetíveis. Controle
de roedores, limpeza e desinfecção periódica
do ambiente, incluindo bebedouros e
comedouros, são medidas fundamentais na
profilaxia da criptosporidiose. Água Várias ocorrências de criptosporidiose foram atribuídas ao consumo de água, devido principalmente à resistência dos oocistos aos mais variados métodos utilizados em tratamento da água como cloração, ozonização ou filtração. Uma portaria do Ministério da Saúde recomenda a inclusão da pesquisa de Cryptosporidium spp. para se atingir o padrão de potabilidade da água. Enquanto o contato direto de pessoa a pessoa ou de animal a pessoa normalmente gera um pequeno número de infectados, a contaminação de um manancial pode afetar milhares de pessoas.
A contaminação da água pode ocorrer por
cruzamento de águas de poço ou encanada por
água de esgoto, falha nos procedimentos
operacionais durante o tratamento da água,
desvios de filtro de areia, contaminação de
águas superficiais por esterco bovino e
influências de efluentes industriais e
agrícolas nas águas de recreação. Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é realizado pela visualização do protozoário, principalmente a partir de amostras de fezes frescas ou fixadas em formalina a 10%. Para facilitar a observação dos oocistos é aconselhável a concentração da amostra, bem como a utilização de técnicas especiais de coloração. Para pesquisa de Cryptosporidium proveniente do ambiente e da água podem-se utilizar as mesmas técnicas aplicadas em laboratório. Para pesquisa em água a maior preocupação é empregar um método de concentração que seja satisfatório. Com a utilização de métodos moleculares as amostras isoladas de pessoas, animais ou do ambiente podem ser caracterizadas, permitindo ampliar o conhecimento da distribuição e da biologia desses protozoários. O tratamento para a criptosporidiose, tanto em humanos quanto em animais, é o sintomático.
Drogas anticoccídicas utilizadas em animais,
de modo geral, não têm apresentado uma
reposta satisfatória, apesar dos diversos
esquemas testados. Bibliografia consultada Araújo, A.J.S.; Gomes, A.H.S.; Almeida,
M.E.; Kanamura, H.Y. Detecção de
Cryptosporidium meleagridis em amostras
fecais de pacientes HIV positivos no Brasil.
Revista Panamericana de Infectologia,
v.9,n.2,p.38-40,2007. Origem: Instituto Biológico - www.biologico.sp.gov.br
Elizabeth Spósito Filha
possui graduação em Ciências Biológicas Modalidade Médica pela
Universidade de Mogi das Cruzes (1979). Atualmente é Pesquisador
científico do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade
Animal do Instituto Biológico. Tem
experiência na área de Parasitologia , com ênfase em Protozoologia
de Parasitos.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): SPÓSITO FILHA, E.; OLIVEIRA, S.M. Criptosporidiose. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/criptosporidiose/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 19/06/2008 |