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É TEMPO DE SOLARIZAR

Flávia Rodrigues Alves Patrício
Celso Sinigaglia

Chegou o verão, a época do ano para solarizar. A solarização consiste na colocação de um filme plástico transparente sobre o solo umedecido, visando aumentar sua temperatura e, desta forma, controlar patógenos habitantes do solo, pragas e plantas daninhas. A técnica é indicada, principalmente, para a recuperação de áreas cultivadas intensa e sucessivamente, como as ocupadas por hortaliças e ornamentais, mas também pode ser aplicada em casas de vegetação e para a desinfestação de substratos utilizados na produção de mudas.

As temperaturas alcançadas pelo solo durante a solarização são letais a muitos fitopatógenos, sendo maiores nas camadas mais superficiais (49-54 oC a 10 cm de profundidade); nas camadas mais profundas prevalecem temperaturas sub-letais (35-42 oC) que alteram as populações microbianas do solo, podendo favorecer o crescimento de populações de muitos antagonistas, mais tolerantes ao calor que os fitopatógenos.

 

Outros benefícios da solarização incluem o controle de plantas daninhas e o maior crescimento de plantas em solos solarizados, ou mesmo a redução no ciclo da cultura. A promoção do crescimento pode ser conseqüência do controle de patógenos e de pragas primários e/ou secundários, de alterações na população microbiana do solo favorecendo microrganismos promotores do crescimento e da liberação de nutrientes, como nitrogênio e alguns micronutrientes, no solo, além de alterações na estrutura e permeabilidade do solo.

A solarização, tanto em campo aberto como em casas-de-vegetação, deve ser aplicada nos meses mais quentes do ano. Na região de Campinas, por exemplo, o período de novembro a março é o recomendado para realizar a solarização.

O solo deve ser muito bem preparado, evitando-se a presença de torrões, que favorecem a formação de bolsões de ar, entre o nível do solo e o filme plástico, além de objetos pontiagudos, que podem danificar o plástico, reduzindo a eficiência da solarização. O plástico deverá ser aplicado quando o solo estiver úmido, ou logo após uma chuva ou umedecido por irrigação. A umidade estimula a germinação de propágulos de patógenos, tornando-os mais sensíveis aos mecanismos de controle. O plástico deve ser bem estendido e as bordas enterradas em sulcos com terra. A área tratada deve ser a maior possível, evitando-se a solarização de faixas ou canteiros, que favorecem a reinfestação por patógenos vindos das áreas não tratadas. Em casas-de-vegetação, como a incidência da luz solar é menor, deve-se vedar toda a estrutura, inclusive as laterais, com plástico transparente, podendo ser utilizadas sobras de plásticos. A eficiência da solarização pode ser aumentada pela adição de matéria orgânica ao solo, como cama-de-frango e resíduos de diversas culturas, antes da solarização.

Área não solarizada
Área solarizada

Os plásticos recomendados para solarização são transparentes e a sua espessura pode variar entre 50 e 150 ?m. Plásticos utilizados para cobrir casas de vegetação são os mais recomendados, pois apresentam maior durabilidade, podendo ser reutilizados.

O período recomendado para a solarização é em torno de 30 a 60 dias. Em verões chuvosos o período de 60 dias é o mais seguro, mas o plástico pode permanecer no solo por mais tempo, até o plantio. Em casas-de-vegetação o período de tratamento pode ser reduzido, em torno de 20 a 30 dias, mas somente se as estruturas estiverem vedadas.

Durante a solarização é importante inspecionar periodicamente a área tratada, verificando eventuais danos nos plásticos e a presença de plantas daninhas. O crescimento de plantas daninhas sob o plástico indica que as temperaturas atingidas não estão sendo suficientes para o controle satisfatório de fitopatógenos e, portanto, o tratamento pode estar sendo feito em época do ano inadequada ou o plástico pode ter sido danificado.

Várias doenças causadas por fitopatógenos habitantes de solo podem ser eficientemente controladas pela solarização, tais como murcha de verticilium (causada por Verticillium dahliae), murcha de esclerotínia ou mofo branco (causada por Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotinia minor), tombamento de plântulas (causado por Rhizoctonia solani), podridões de raízes causadas por espécies de Phytophtora, além de galhas e lesões em raízes causadas por nematóides como Meloidogyne hapla, M. javanica, Tylenchulus semipenetrans, bem como muitas espécies de plantas daninhas.

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Origem: Instituto Biológico - www.biologico.sp.gov.br


Flávia Rodrigues Alves Patrício possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1982), mestrado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1991) e doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é Pesquisadora Científica efetiva do Instituto Biológico. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Trichoderma spp., Fusarium spp., Rhizoctonia solani, Colletotrichum gossypii e Botryodiplodia theobromae.

Contato: flavia@biologico.sp.gov.br

 

Celso Sinigaglia é Pesquisador Científico do Instituto Biológico.



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

PATRÍCIO, F.R.A; SINIGAGLIA, C. É tempo de solarizar. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/solarizacao/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 28/01/2008 

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