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Café orgânico , aos poucos, vai para
a mesa do brasileiro
por
Dalízia Aguiar
A cada ano, o tradicional cafezinho recebe novas versões, agora,
pensando em qualidade de vida e meio ambiente, toma forma o café
orgânico. Em Mato Grosso do Sul, o agricultor Olácio Komori e sua
família, desde 1965, produz café de forma convencional em Glória de
Dourados. Por volta do final da década de 90, devido a
desequilíbrios ambientais, pragas e doenças, desgaste do potencial
produtivo do solo e estiagem, os custos tornaram o manejo
convencional insustentável.
“Foi quando ouvi falar da produção orgânica e me interessei em
aprender um pouco mais. Após participar de um curso sobre a produção
orgânica de café em Minas Gerais, decidi que faria o processo de
conversão da nossa lavoura para o sistema orgânico”, lembra Olácio.
Hoje, dez anos depois, ele percebe a diferença em sua lavoura e
propriedade, que de acordo com Komori, está entrando em equilíbrio.
“No início, os custos foram maiores, porém com o passar dos anos e
manejo adequado, sentimos que a propriedade responde melhor e sua
capacidade produtiva aumentou muito. Nossos custos de produção são
menores e estamos totalmente independentes de insumos externos para
produzir”, valoriza.
Quanto ao mercado, ele vê que há espaço para os produtos orgânicos.
A família criou uma marca própria, montou uma estrutura modesta e
eficiente de processamento e está buscando consolidar um canal de
comercialização. “No nosso caso, onde a produção ainda é pequena e
não dispomos de mecanismos para alcançar mercados mais distantes,
decidimos pelo local, sempre de forma coletiva, em associação”.
Para os interessados em investir neste processo, o agricultor
recomenda para quem já tem a cultura implantada, iniciar um processo
de racionalização no uso de insumos e sua substituição, em alguns
casos. A seguir, cultivar em partes da propriedade, escolhendo os
talhões mais equilibrados e com maiores chances de sucesso, e aos
poucos, vai-se agregando novos talhões até inserir o sistema em toda
área. “Tudo isso deve ser feito seguindo um plano de conversão que
deverá ser feito por um profissional juntamente com o produtor”.
Agora àqueles que planejam implantar a lavoura de café orgânico é
aconselhável utilizar variedades resistentes às principais doenças,
preparar corretamente a área, e se possível, antes de introduzir a
cultura, adicionar alguma prática para recuperação de matéria
orgânica do solo. “É recomendável o uso de adubação verde, e claro,
planejamento, que inclua a comercialização”, sugere.
Ele também incentiva a capacitação do produtor, por meio de cursos,
visitas a áreas onde a produção orgânica já está implantada e com
desempenhos satisfatórios e, se possível, fortalecer o espírito de
cooperação, formando grupos de agricultores ou associações.
Estudos
- colaborando neste processo, a Embrapa Agropecuária Oeste, unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e parceiros
desenvolve trabalhos com sistemas de produção envolvendo o cafeeiro,
espécies frutíferas e tuberosas sob consórcios, inclusive no sítio
de Olácio Komori.
O estudo avalia a sustentabilidade e a produtividade de diferentes
arranjos de consórcio, onde o cafeeiro é a cultura principal,
comparando-os entre si e com os cultivos solteiros. Os consórcios
envolvem o abacaxizeiro, a bananeira e outras espécies.
Seguindo a linha de Olácio Komori, o biólogo e pesquisador da
Embrapa, Milton Padovan, afirma que o mercado para os produtores de
café orgânico está à disposição, entretanto, segundo ele, ao se
pensar em uma produção mais estruturada e abrangente é preciso
trabalhar a certificação dos produtos. “Isso dará visibilidade aos
produtos no mercado, colocando-os em posição de concorrência com os
convencionais”, completa.
Dia de Campo
– com o objetivo de discutir as técnicas e os processos utilizados
para a construção desses sistemas de produção agroecológicos com a
cultura do café, incentivando a produção e a integração entre os
produtores, realizou-se um dia de campo com a participação de 270
pessoas, em Glória de Dourados-MS. As estações envolveram o manejo
agroecológico, as variedades de café e os sistemas adotados.
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Dia de Campo da cultura do café
orgânico |
Foto:
Anderson Bonin |
Os agricultores, estudantes e técnicos interessados em conhecer a
produção orgânica de Olácio vieram de Dourados, Ivinhema, Itaquiraí,
Japorã, Campo Grande, Jaraguari, Rio Brilhante, Corumbá, Nioaque,
Ponta Porã, Anastácio, Nova Alvorada do Sul, Novo Horizonte do Sul,
Terenos, Juti, Eldorado, Naviraí, Iguatemi, Jateí, Mundo Novo,
Tacuru, Fátima do Sul e Amambaí.
Dalízia Aguiar - DRT/MS 28/03/14 - é Jornalista da Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados/MS.
Contato: Fone: (67) 3425-5122 r.: 180 - e-mail:
dalizia@cpao.embrapa.br
Reprodução autorizada desde
que citado o autor e a fonte
Dados para citação
bibliográfica(ABNT):
AGUIAR, D.
Café orgânico , aos poucos, vai para
a mesa do brasileiro.
2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/Cafe/index.htm>.
Acesso em:
Publicado no Infobibos
em 26/03/2008
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