BRS Novaera – nova cultivar de feijão-caupi para a Região Norte do Brasil
por Aloisio Alcantara Vilarinho
O feijão-caupi [Vigna
unguiculata (L.) Walp], também conhecido em Roraima como feijão
regional, é uma das fontes alimentares mais importantes e
estratégicas para as regiões tropicais e subtropicais do mundo
adaptando-se relativamente bem a uma ampla faixa de clima e solo
sendo também capaz de se associar a bactérias que promovem a fixação
biológica do nitrogênio, dispensando, na maioria das vezes, a
adubação com esse nutriente.
No Estado de
Roraima, segundo o IBGE, são plantados em torno de 1000 hectares
anuais de feijão-caupi, com produtividade média da ordem de 660 kg
ha-1. Essa produtividade, embora acima da produtividade
média nacional que é de pouco mais de 300 kg/ha, é baixa se
comparada ao potencial da cultura e não atende a toda demanda do
Estado.
Atualmente os
cultivares BRS Guariba (de porte semi-ereto, recomendado em 2006),
BRS Mazagão (de porte semi-ereto e recomendado em 2002), BRS Amapá
(de porte semi-prostrado, recomendado em 2002), Vita 7 (porte
semi-ereto, recomendado em 1995), Pitiúba (porte ramador,
recomendado em 1995) e Tracuateua (porte ramador, recomendado em
1995), todos com potencial produtivo acima de 1000 kg ha-1,
são recomendados para plantio no Estado de Roraima, sendo o BRS
Mazagão e o BRS Amapá os mais plantados.
Dos seis
cultivares recomendados para Roraima, apenas o BR 3 Tracuateua tem
grãos da classe comercial branco e subclasse brancão, mas a planta é
de porte prostrado, o que torna difícil a colheita mecanizada dos
grãos. Em trabalho realizado em parceria com a Embrapa Meio-Norte e
outras unidades da Embrapa das Regiões Norte, Nordeste e Centro
Oeste do país, foram avaliadas na Embrapa Roraima e nas demais
Unidades parceiras, um conjunto de linhagens de feijão-caupi de
porte ereto e, deste trabalho, resultou o lançamento do cultivar BRS
Novaera, de feijão-caupi, com grãos semelhantes ao do BR 3
Tracuateua, porém com plantas de porte semi-ereto. O porte
semi-ereto, aliado a alta resistência ao acamamento e uma boa
desfolha natural, permite tanto a colheita manual quanto a
semi-mecanizada ou até totalmente mecanizada, contribuindo para a
redução dos custos de produção da cultura.
O cultivar BRS
Novaera foi obtido do cruzamento da linhagem TE97-404-1F com a
linhagem TE97-404-3F, do Programa de Melhoramento da Embrapa
Meio-Norte, em Teresina, PI. É um cultivar com ciclo em torno de 65
a 70 dias, grão de coloração branca, com peso médio de 100 grãos em
torno de 20 gramas. É moderadamente resistente ao vírus do mosaico
dourado (Cowpea Golden Mosaic Vírus – CGMV) e altamente resistente à
mancha café, doença amplamente disseminada por todas as regiões
produtoras de feijão-caupi do Brasil. É recomendado para plantio nos
Estados de Roraima, Pará, Rondônia, Amazonas e Amapá, na Região
Norte, para os Estados do Maranhão e do Rio Grande do Norte, na
Região Nordeste, e para o Estado do Mato Grosso do Sul, na Região
Centro-Oeste. Nas condições de Roraima o BRS Novaera produziu em torno de 1242,9 kg/ha, podendo ser plantado tanto em área de mata quanto de cerrado, se constituindo num cultivar bastante promissor para incrementar a produção da cultura na Região.
Aloisio Alcantara Vilarinho
possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de
Viçosa (1989), mestrado em Genética e Melhoramento pela Universidade
Federal de Viçosa (2001) e doutorado em Genética e Melhoramento pela
Universidade Federal de Viçosa (2004). Atualmente é Pesquisador III
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
Embrapa Roraima. Tem
experiência na área de Agronomia , com ênfase em Fitotecnia. Atuando
principalmente nos seguintes temas: Seleção, Predição de ganhos,
Melhoramento genético, Viés. Contato: aloisio@cpafrr.embrapa.br
Dados para citação bibliográfica(ABNT): VILARINHO, A.A. BRS Novaera – nova cultivar de feijão-caupi para a Região Norte do Brasil. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_4/NovaEra/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 10/12/2007
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