controle da Tricomonose Bovina em rebanhos de corte e leite
Por: Aiesca Oliveira Pellegrin.
A tricomonose é uma doença venérea
de bovinos causada por um protozoário flagelado denominado
Tritrichomonas foetus, cujo habitat é o trato genital de bovinos
sendo transmitido do touro para a vaca/novilha por meio da monta
ou pelo uso de sêmen contaminado. A tricomonose bovina é uma doença
que se encontra praticamente erradicada em países que utilizam
intensamente a inseminação artificial, contudo, ainda ocorre de
forma endêmica em regiões onde o controle sanitário é deficiente ou
o sistema de produção é extensivo, com utilização de monta natural. A repetição de cios com intervalos irregulares e o aborto, com maior freqüência até os cinco meses de gestação, com ou sem o aparecimento de piometra (eliminação de pus do útero) são os principais sinais clínicos no rebanho, para os quais o produtor deve estar atento. Vários métodos podem ser utilizados para o controle da tricomonose em rebanhos, sendo todos baseados na separação de touros e matrizes positivos. 1. Descarte periódico de touros velhos (acima de 6 anos) e introdução de touros jovens testados ou virgens. 2. Evitar touros “arrendados” ou utilizados em parceria. 3. Testar os touros antes da estação de monta, para proceder a escolha dos reprodutores que vão entrar na monta e após o seu termino, para identificar animais que serão descartados. 4. Em rebanhos positivos submeter a repouso sexual fêmeas positivas, ou que não emprenharam por, no mínimo, três ciclos consecutivos, para que as mesmas possam adquirir imunidade ao Tritrichomonas foetus. 5. Descarte seletivo: Devem ser descartados todos os touros positivos e as fêmeas que falharem na concepção, abortarem ou apresentarem piometra, assim como as que forem comprovadamente positivas no teste. 6. Não adquirir touros de fazendas com problema de tricomonose, ainda que touros virgens. Não adquirir também fêmeas prenhes, que falharam ou abortaram. Só adquirir novilhas. 7. Vacinação: mais recentemente têm sido desenvolvidas vacinas de eficiência comprovada em estudos isolados, não tendo ainda sido largamente aplicadas com sucesso no país, para que possam ser recomendadas em detrimento dos métodos tradicionais de controle. 8. Introduzir manejo exclusivo com inseminação artificial (quando viável, em gado leiteiro, por ex.) significando não usar em hipótese nenhuma o touro de repasse.
9.
Quando o produtor não tiver possibilidade de efetuar um
descarte mais rigoroso logo que detecta a doença na propriedade, uma
alternativa é a manutenção de um rebanho com animais infectados e
outro de animais livres, que devem ser mantidos absolutamente
separados. Os touros infectados devem ser utilizados para cobrir
exclusivamente fêmeas infectadas. As fêmeas sadias, novilhas ou
fêmeas que levaram a gestação a termo devem ser cobertas por touros
virgens ou comprovadamente negativos (três testes negativos
consecutivos). Isto, entretanto, pode surtir resultado somente em
rebanhos menores, sendo quase inviável em sistemas extensivos.
Qualquer animal que for introduzido na propriedade deve provir de
rebanhos sem histórico de tricomonose e ainda assim possuírem três
resultados negativos para o parasito. Adicionalmente, antes da
estação de monta deve-se examinar os touros, descartando os que se
apresentarem positivos. O desconhecimento atual sobre os níveis de ocorrência da doença nos rebanhos, sua epidemiologia e seu impacto econômico tem levado a situações graves, como a ausência no mercado nacional de drogas para o tratamento específico dos animais infectados e a falta de laboratórios que façam o seu diagnóstico.
__________________________________________ Aiesca Oliveira Pellegrin (aiesca@cpap.embrapa.br) é doutora e pesquisadora da Embrapa Pantanal.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): PELLEGRIN, A.O. Controle da tricomonose bovina em rebanhos de corte e leite. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_4/controle/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 11/12/2007
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