Adubação foliar com
nutrientes na cultura da soja
Luiz
Alberto Staut
Na cultura da soja a
produtividade, a eficiência e a lucratividade são aspectos da maior
relevância, além de que se deve sempre procurar a sustentabilidade
dos processos produtivos. Nesse contexto, os fertilizantes, cuja
importância é conhecida há décadas, representam um significativo
percentual do custo de produção da soja. Segundo dados da Embrapa
Agropecuária Oeste, este percentual é da ordem de 20 a 30 %
dependendo do nível tecnológico do produtor. Assim como as raízes,
as folhas da soja têm a capacidade de absorver os nutrientes
depositados na forma de solução em sua superfície.
Para a realização da adubação
foliar, existem hoje no mercado inúmeros produtos comerciais
contendo macro e micronutrientes, e a sua utilização tem aumentado
nos últimos anos. Os resultados experimentais realizados pelas
instituições de pesquisa têm mostrado grande variabilidade na
resposta da soja à sua aplicação. No entanto, na tentativa de
conseguir aumentos na produtividade da soja e por conseqüência,
diminuição do custo relativo, tem motivado produtores a utilizar
estes produtos.
A soja é uma cultura exigente
em termos nutricionais e bastante eficientes em absorver e utilizar
os nutrientes contidos no solo, principalmente nitrogênio (N),
potássio (K), cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg) e enxofre (S).
Os nutrientes exportados em maior quantidade são: N, K, S e P.
O período em que os
nutrientes são absorvidos em maior quantidade, corresponde à fase do
desenvolvimento da planta em que as exigências nutricionais são
maiores. Este período vai de V2 (primeira folha trifoliada
completamente desenvolvida) até R5 (início de enchimento de grãos).
A velocidade de absorção aumenta durante a floração e início de
enchimento dos grãos. Aliado ao aumento da velocidade de absorção,
verifica-se também uma alta taxa de translocação na planta ao longo
desse período.
Assim como a adubação
tradicional via solo tem um objetivo definido e especifico, ou seja,
complementar a nutrição da planta em quantidade e qualidade em
relação ao que o solo pode fornecer, a adubação foliar também
precisa ser definida e utilizada com objetivos específicos e baseada
em critérios técnicos/econômicos.
Com relação aos critérios
técnicos, a decisão de usar ou não algum nutriente via foliar, deve
estar apoiada na análise foliar. Somente após a interpretação desta,
será possível decidir pela correção de deficiências ou ainda,
constatar toxicidade de nutrientes. Porém estas correções só se
viabilizam na próxima safra, considerando que para as análises, a
amostragem de folhas é realizada no período da floração plena
(estádio R2), no qual coleta-se o terceiro e/ou quarto trifólio com
pecíolo, a partir do ápice da planta, período no qual a correção
nutricional via foliar não é mais possível.
A Embrapa Agropecuária Oeste
testou, na safra 2004/05 e 2005/06 vários adubos aplicados via
foliar, tanto na forma de fórmulas completas com vários elementos
e/ou aminoácidos, como produtos contendo um único nutriente. Os
ensaios foram realizados em Dourados (solo argiloso) e Bataiporã
(solo arenoso) e os resultados mostraram equivalência em rendimento
de grãos com a testemunha onde não se aplicou os produtos.
Entretanto, para o uso de aminoácidos, em alguns casos, o retorno
econômico da aplicação dos nutrientes foi positivo, mas evidenciou
sua dependência de altas produtividades e preços da soja favoráveis
no momento da comercialização.
Resultados de pesquisa
obtidos pela Embrapa têm demonstrado respostas significativas apenas
para manganês (Mn) cobalto (Co) e molibdênio (Mo), razão pela qual
não existe a recomendação para adubação foliar com outros
nutrientes. Em condição de carência de manganês ocorre clorose entre
as nervuras das folhas mais novas, as quais tornam-se verde-pálido e
passam para amarelo-pálido. Áreas necróticas marrons desenvolvem-se
nas folhas à medida que a deficiência torna-se mais severa. Neste
caso indica-se a aplicação de 350 g.ha-1 de Mn diluídos
em 200 litros de água com 0,5% de uréia. Para o Co e Mo sugere-se a
aplicação via foliar de 12 a 30 g.ha-1 de Mo e 2 a 3 g.ha-1
de Co, entre os estádios V3 e V5. Deve-se dar preferência para o
fornecimento via foliar, uma vez que no tratamento de semente a
aplicação de Co e Mo poderá reduzir a sobrevivência do
Bradyrhizobium e, consequentemente, a nodulação e a fixação
biológica do nitrogênio.
*Artigo
encaminhado ao Infobibos por
Dalízia Aguiar,
Jornalista da Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados-MS. Contato:
dalizia@cpao.embrapa.br
Luiz Alberto
Staut
é pesquisador da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária Oeste,
Dourados-MS,
possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (1982) e mestrado em Agronomia (Produção Vegetal)
[Jaboticabal] pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (1996).
Contato:
staut@cpao.embrapa.
Reprodução autorizada desde
que citado o autor e a fonte
Dados para citação
bibliográfica(ABNT):
STAUT, L.A.
Adubação foliar com
nutrientes na cultura da soja.
2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_4/AdubFoliar/index.htm>.
Acesso em:
Publicado no Infobibos
em 21/12/2007
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