PINHÃO-MANSO
Dilson
R. Cáceres
Armando Azevedo Portas
José Eduardo Abramides Testa
O
que é pinhão-manso?
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), pinhão-da-índia,
pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, pinhão-dos-barbados, pinhão-branco,
pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, purgante-de-cavalo, figo-do-inferno,
mandobi-guaçu, medicineira, pinhão-croá, purgueira ou, simplesmente,
purga são todos os nomes da mesma planta. Ele é uma espécie da família
das euforbiáceas, a mesma da mandioca, seringueira e mamona. Trata-se de
um arbusto grande, com altura variando entre 3 e 5m, rústico, com origem
na América tropical, de onde foi levado pelos navegadores portugueses
para todas as demais partes tropicais do mundo.
Qual a sua utilidade?
O pinhão-manso foi, por muito tempo, usado como cerca-viva e
quebra-vento, em virtude da rapidez de seu crescimento, tanto na altura
quanto no diâmetro de seu caule. No entanto, foi o alto teor de óleo de
suas sementes, entre 35 e 38%, aliado à característica de queimar sem
liberar fumaça, que fizeram dele um dos mais conhecidos biocombustíveis
de origem tropical. Já foi muito usado em candeeiros domésticos e em
iluminação pública e é, ainda, usado na fabricação de sabões para uso
doméstico. Na medicina humana e veterinária é usado como purgante, além
de ser útil na indústria de produtos químicos derivados do seu óleo.
No Brasil onde ocorre o pinhão-manso?
Ocorre naturalmente em diversos Estados brasileiros onde é comum
ser encontrado como cerca de divisas e, nos quintais mais antigos,
próximo a antigas moradias, onde era usado como fonte caseira de óleo
para queimar. Nos Estados que fazem divisa com a República do Paraguai é
muito comum, inclusive em aldeias indígenas.
Quais as características dessa planta?
É uma planta arbórea de rápido crescimento, semidecídua, ou seja,
possui folhas que caem em determinada época do ano. As folhas,
verde-escuras e brilhantes, apresentam recortes nos bordos e formato de
palmas. Apresenta dois tipos de flores (femininas e masculinas) de cor
amarelo-esverdeada. A florada é longa, sendo a polinização feita por
abelhas e outros insetos. Cada inflorescência, em forma de cacho, dá
origem a 10 ou mais frutos. Os frutos são cápsulas ovóides, achatadas
nas extremidades, com 2,5 a 3,0cm de comprimento por 1,8 a 2,2cm de
largura. As sementes secas têm entre 1,5 a 2,0cm de comprimento por 1,0
a 1,3cm de largura. O tegumento é rijo e quebradiço e uma película
branca cobre a amêndoa, rica em óleo.
O óleo do pinhão-manso pode ser usado como
combustível de motores?
Sim. Como todos os óleos ou graxas, ele pode ser usado na produção
de biodiesel. Este se obtém a partir de uma reação química entre um
álcool e um lipídio, na presença de um catalisador. Há notícias do
uso de seu óleo in natura, em substituição ao óleo diesel durante a
última guerra, com resultados satisfatórios.
Quais as vantagens do pinhão-manso sobre as outras
culturas?
Sendo uma planta arbórea pode ser instalada em terrenos que não
sejam propícios à motomecanização, como áreas montanhosas, encostas,
etc. Por contribuir com o aumento da área reflorestada, ajuda no
seqüestro de carbono, reduzindo o efeito estufa.
Como é feita a multiplicação do pinhão-manso?
O pinhão-manso pode ser multiplicado por meio de sementes, por
estacas provenientes da poda de árvores adultas ou por micropropagação
in vitro ou cultura de tecidos. As sementes podem ser plantadas
diretamente no campo ou gerarem mudas para posterior plantio, o que é
mais seguro. As estacas podem ser enraizadas em sacolas plásticas com
substrato ou, também plantadas em covas diretamente no campo. Esse tipo
de estaca não confere à planta uma raiz pivotante, o que é uma
desvantagem.
As mudas de
laboratório devem ir ao campo bem enraizadas e em sacolas com substrato.
Qualquer que seja o método escolhido, as árvores matrizes destinadas a
serem fornecedoras de sementes ou estacas, devem ser de origem
conhecida, livres de doenças, bastante produtivas e com alto teor de
óleo na semente.
Qual é o espaçamento recomendado para o plantio no
campo?
Diversos são os espaçamentos indicados para o plantio. Em solos de
pouca fertilidade, indica-se o espaçamento de 3 x 3m ou 3 x 2m, e nos
terrenos mais férteis a indicação é de 4 x 3m ou 4 x 4m. Devem-se
preferir os espaçamentos maiores, para evitar o sombreamento das
plantas, uma vez que a espécie é bastante exigente em sol, além de
facilitar os tratos culturais mecanizados.
Como deve ser o solo para o plantio?
Esta é uma cultura que não prospera em solos encharcados. Os
solos escolhidos devem ser permeáveis, com boa consistência física e
baixa compactação. Devem ser corrigidos em área total, elevando se o
pH a 5,5.
Há necessidade de correção do solo e adubação?
Em se tratando de plantio comercial, busca-se sempre alta
produtividade. Por isso é preciso fazer análise de solo e, em função da
interpretação de resultados, proceder às correções aplicando-se
calcário, de preferência o dolomítico, em área total, elevando o índice
de saturação por bases a 60%. Quanto às adubações, também serão
recomendadas em função da análise de solo. Porém, no plantio, em
qualquer situação, é sempre recomendável a aplicação de 20 litros de
esterco de curral por cova ou equivalente, além das adubações minerais
de fundo, com fósforo e potássio.
Quando e como deve ser o plantio definitivo?
A época correta para o plantio é no período das chuvas, ou seja,
nos meses de outubro a fevereiro, em covas previamente preparadas e
marcadas em nível, evitando-se problemas com erosão nos primeiros anos
da cultura. Os plantios podem ser feitos abrindo-se somente as covas em
áreas de pastagens degradadas, pedregosas ou de topografia inclinada,
corrigindo-se o solo nas covas e, anualmente, em toda a área de maneira
superficial.
Qual é a produção?
A primeira colheita dá-se já no primeiro ano, de início pequena,
aumentando ao longo das sucessivas safras até estabilizar a produção
entre os 5 e 6 anos. Poderá produzir, em média, 6 a 7 toneladas de
amêndoas por hectare, sempre no primeiro semestre do ano, em três ou
quatro colheitas. As amêndoas possuem de 35 a 38% de óleo, gerando
produtividades em torno de 2.400 kg de óleo por hectare. O subproduto é
uma torta rica em nitrogênio, fósforo e potássio, portanto, um excelente
adubo. No futuro, se inativados os seus princípios tóxicos, a torta
poderá ser fornecida aos animais. A casca é excelente fornecedora de
energia e pode ser queimada em fornalhas de caldeiras.
Como é feita a colheita do pinhão-manso?
A colheita é feita manualmente fazendo-se vibrar (chacoalhar) o pé
ou os ramos, o que provoca a queda dos frutos maduros. Recomenda-se
colocar “panos” sobre o solo, semelhantes aos usados na colheita do
café, para facilitar a coleta. Em seguida, são levados a um terreiro, ou
secador, para completar a perda de umidade, antes de serem armazenados.
No futuro, máquinas de derriçar azeitonas e café, que funcionam por
abanamento da árvore e dos ramos, poderão ser testadas nessa operação.
Há trabalhos realizados em São Paulo com o
pinhão-manso?
Sim. Há pesquisas em andamento no IAC, em universidades e na
iniciativa privada. A CATI, por intermédio do Departamento de Sementes,
Mudas e Matrizes (DSMM), tem plantas matrizes e está formando áreas para
servirem como produtoras de sementes em diversas regiões do estado, e
encontra-se aparelhada e em condições tecnológicas e pessoais de
produzir mudas, também por cultura de tecidos.
A CATI trabalha com outras oleaginosas?
Sim. Produz sementes de amendoim, soja, mamona e nabo forrageiro,
que são vendidas nos Postos de Sementes e de Mudas da CATI. Também podem
ser encomendadas nas Casas da Agricultura presentes na maioria dos
municípios paulistas. Mais informações podem ser obtidas nessas Unidades
ou pelos telefones: (16) 3626-0235 / 3626-2659 e (19) 3743-3825, e pelo
e-mail cps_ex@cati.sp.gov.br.
Origem: DSMM/CATI
- www.cati.sp.gov.br
Dilson R. Cáceres é engenheiro agrônomo do Departamento de
Sementes, Mudas e Matrizes da CATI/SAA
Contato:
dilsonrc@yahoo.com.br
Armando Azevedo Portas é engenheiro agrônomo do Departamento
de Sementes, Mudas e Matrizes da CATI/SAA
Contato:
portas@cati.sp.gov.br
José Eduardo Abramides Testa é engenheiro agrônomo do Departamento de
Sementes, Mudas e Matrizes da CATI/SAA
Contato:
jeduardo@cati.sp.gov.br
Reprodução autorizada desde
que citado o autor e a fonte
Dados para citação
bibliográfica(ABNT):
CÁCERES, D.R.; PORTAS, A.A.;
ABRAMIDES, J.E. Pinhão-manso.
2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_3/pinhaomanso/index.htm>.
Acesso em:
Publicado no Infobibos
em 01/08/2007
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