Inoculação de sementes de soja com BradyrhizobiumJerri ZilliLeandro Carvalho MarsonNo mês de maio são ser semeadas praticamente todas as lavouras de soja no cerrado de Roraima e algumas práticas de cultivo precisam ser bem executadas pelo produtor, a fim de obter sucesso na exploração da lavoura. Uma destas práticas consiste em inocular as sementes de soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium (grupo rizóbio). Estas bactérias estabelecem uma simbiose com a planta que culmina na formação de estruturas modificadas, chamadas nódulos, nas raízes das plantas. Nestes nódulos, ocorre a fixação biológica de nitrogênio (FBN), onde a bactéria capta o nitrogênio (N) da atmosfera e disponibiliza à planta. Devido a grande dedicação de instituições de pesquisa, hoje a exploração da FBN supre totalmente a necessidade de N na cultura da soja, substituindo por completo a adubação nitrogenada. Estima-se que a exploração da FBN na cultura da soja, no Brasil, proporcione uma economia de mais de três bilhões de dólares anuais em fertilizantes nitrogenados e perdas de nitrogênio para o ambiente, demonstrando que a cultura é viável, no Brasil, devido à exploração da FBN. No caso de Roraima, onde o preço do N mineral supera 2 reais ao kg, a economia pelo uso da FBN pode chegar a mais de 1000 reais por hectare. Em Roraima as condições de solo (baixo teor de matéria orgânica e textura arenosa) e clima (altas temperaturas e longo período de estiagem) que ocorre no cerrado, são limitantes a sobrevivência de rizóbios no solo, o que exige a inoculação das sementes em todas as áreas a serem cultivadas. Além disso, a pobreza do solo em termos de matéria orgânica também mostra que o teor de N no solo é muito baixo e, conseqüentemente, a planta é totalmente dependente de fontes externas de N. Além de inocular todas as áreas de plantio o produtor deve tomar alguns cuidados importantes durante a inoculação: 1) Adquirir inoculantes dentro do prazo de validade e certificar-se de que as condições de armazenamento do produto estejam adequadas; 2) Realizar a inoculação apenas momentos antes da semeadura, evitando exposição ao sol e temperatura elevada. É importante destacar que começam a ser ofertados no mercado produtos para a inoculação de sementes antecipadamente ao plantio. Alguns fabricantes têm difundido que determinados produtos possibilitam a inoculação das sementes até 15 dias antes do plantio. Apesar desta tecnologia mostrar uma grande comodidade, o produtor deve ter precaução para utilizá-la, pois precisa ter certeza da eficácia do produto. 3) Quando a inoculação for realizada diretamente na semente, utilizar uma quantidade de inoculante em torno de 04 doses comerciais por ha, o que é suficiente para alcançar 1,2 milhões de células do rizóbio por semente. 4) Se optar por fazer a inoculação no sulco de plantio, utilizar uma dose de pelo menos 3,6 milhões de células de rizóbio por semente. E, além disso, avaliar cuidadosamente o funcionamento do equipamento de aplicação de acordo com cada produto inoculante a ser utilizado; 5) Se for realizado tratamento de sementes com fungicidas, mais ainda o produtor deve realizar bem a inoculação, seguindo a recomendação técnica de cada produto comercial. O ideal seria apenas utilizar sementes com alta qualidade sanitária e fisiológica, pois dispensaria o tratamento de sementes com fungicidas. Porém, como é difícil encontrar sementes com este padrão no mercado, os cuidados precisam ser redobrados. Tomando estes cuidados, o produtor aumentará grandemente as chances de obter sucesso em sua lavoura, racionalizando seu custo de produção.
Jerri Édson Zilli concluiu o
curso de doutorado em Agronomia-Ciência do solo pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro em 2004. Atualmente é pesquisador da
Embrapa Roraima, onde atua na área de microbiologia e Bioquímica do
Solo, com ênfase em fixação biológica de nitrogênio. Também atua
como professor e orientador do Programa de Pós-Graduação em Recursos
Naturais da Universidade Federal de Roraima - UFRR (nível de
mestrado e especialização), do Curso de Pós-Graduação em Agronomia
da UFRR (nível de mestrado) e, ainda, especialização em Agroambiente,
também da UFRR. A maior parte de suas publicações relaciona-se com
fixação biológica de nitrogênio em leguminosas e gramíneas;
diversidade microbiana do solo, principalmente utilizando técnicas
moleculares como PCR-ARDRA, PCR-DGGE, PCR-RISA; qualidade do solo e
efeito de herbicida nos microrganismos do solo.
Leandro
Carvalho Marson é estagiário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Tem experiência na área de Agronomia , com ênfase em Ciência do Solo. Bolsista
de Iniciação Científica PIBIC/CNPq |