Variedades de feijão-caupi tolerantes à mela nas condições de Roraima por Kátia de Lima Nechet O feijão-caupi (Vigna unguiculata) conhecido popularmente como feijão-de-corda, feijão fradinho ou feijão-da-colônia é uma leguminosa alimentar muito importante por ser uma rica fonte de proteína. Em Roraima, apesar da cultura ser tradicionalmente de subsistência, a demanda aumenta a cada ano e tem sido uma alternativa de baixo custo em cultivos de sucessão para produtores que utilizam alta tecnologia. Na região, o feijão-caupi é plantado principalmente no ecossistema de cerrado, no final do período chuvoso, e observa-se com frequência a ocorrência de uma doença denominada mela ou murcha-da-teia-micélica que causa a queima nas folhas, seguido de desfolha da planta e consequentemente diminuição de sua área fotossintética. A doença é causada por um fungo de solo denominado Thanatephorus cucumeris (anamorfo Rhizoctonia solani). Este fungo ocorre em várias espécies de plantas e sobrevive de um cultivo para outro colonizando restos de culturas ou no solo, mediante estruturas de resistência, chamadas de microescleródios. A disseminação é feita pelo vento, chuva (respingos), água de irrigação e pela movimentação de homens, animais e implementos agrícolas. A doença é de difícil controle e causa até 80% de desfolha em genótipos de feijão-caupi em Roraima. A indicação de métodos de controle eficientes e de baixo custo é fundamental para a sustentabilidade do feijão-caupi na região. Uma das estratégias de controle estudada na Embrapa Roraima foi a seleção de genótipos de feijão-caupi resistentes a doença. Durante dois anos consecutivos os pesquisadores da área de fitopatologia, da Embrapa Roraima, Kátia de Lima Nechet e Bernardo de Almeida Halfeld Vieira, avaliaram a severidade da mela em 10 genótipos de feijão-caupi em área de cerrado em Roraima. Os materiais avaliados foram cinco de porte ereto- BRS-Mazagão, IT86D-719, Vita-7, BR02-Bragança, Pitiúba e cinco de porte prostrado - BRS-Amapá, BR03-Tracuateua, BR17-Gurguéia, BR14-Mulato e Canapuzinho. Os resultados obtidos neste trabalho indicaram que há relação entre o tipo de arquitetura com a resistência à mela. Os genótipos de porte prostrado apresentaram menor severidade da doença quando comparados com os de porte ereto. Para áreas com incidência de mela recomenda-se as cultivares de porte prostrado BRS-Amapá, BR03-Tracuateua, BR17-Gurguéia, BR14-Mulato e Canapuzinho e dentre os genótipos de porte ereto BRS-Mazagão, Pitiúba e BR03-Bragança. Assim, o produtor tem uma opção de controle utilizando material genético de boa produtividade e tolerante a mela, que representa um dos principais problemas fitossanitários da cultura do feijão-caupi nas condições de Roraima.
*Artigo encaminhado ao Infobibos por Dalízia Aguiar - DRT/MS 28/03/14 Jornalista - Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados/MS - dalizia@cpao.embrapa.br
Kátia de Lima Nechet
é formada em Agronomia pela
Universidade Federal Rural da Amazônia e doutora em Fitopatologia
pela Universidade Federal de Viçosa. Ocupa o cargo de pesquisador A
na área de Fitopatologia da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária na unidade Embrapa Roraima e é credenciada como
professor/orientador no curso de especialização em Agroambiente da
Universidade Federal de Roraima. Conduz como líder projetos com o
patossistema mela (Rhizoctonia solani) e feijão-caupi (Vigna
unguiculata) e participa como membro de equipe de projetos na
área de controle biológico. Outra linha de pesquisa é a etiologia de
fungos fitopatogênicos. Os principais trabalhos têm como
palavras-chave: mela; murcha-da-teia-micélica; Thanatephorus
cucumeris; Rhizoctonia solani; Citrullus lanatus e
Acacia mangium.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): NECHET, K.L. Variedades de feijão-caupi tolerantes à mela nas condições de Roraima. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_3/caupi/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 09/07/2007
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