Novas oportunidades para exploração da biodiversidade na Amazônia
Jerri Édson Zilli A Amazônia é reconhecida como um dos principais ambientes ricos em biodiversidade genética do planeta. Entretanto, na grande maioria das vezes esta riqueza genética é atribuída apenas a diversidade vegetal, a animal algumas vezes e quase nunca a diversidade de microrganismos. Esta negligência é fruto da falta de pesquisas na área de microbiologia ambiental, que por sua vez ocorre por carência de recursos humanos e infra-estrutura na região Amazônica. Em países desenvolvidos, embora possuidores de ambientes menos biodiversos e de espaço territorial muito menor, observa-se um número de publicações e produtos gerados infinitamente maiores que o Brasil. Na verdade, isto também ocorre aqui no país, onde a maior parte dos pesquisadores da área de microbiologia ambiental concentram-se no sul e sudeste. Felizmente, esta realidade parece estar mudando com uma maior aplicação de recursos governamentais na área de biotecnologia na Amazônia e também coma implantação do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), coordenado pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA) e colaboração de instituições locais. Embora muitas pessoas não compreendam ou desconheçam a importância dos microrganismos, eles são extremamente importantes na produção de alimentos, em processos ecológicos, na medicina e agricultura. Um exemplo, bem sucedido do uso de microrganismos na agricultura, no Brasil, diz respeito à exploração de bactérias do gênero Bradyrhizobium na fixação biológica de nitrogênio na cultura da soja, que representa uma economia de cerca de três bilhões de dólares anuais em adubos nitrogenados. Recentemente, a Embrapa Roraima, aprovou um projeto de cerca de 250 mil reais junto a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) para estruturação de um banco de germoplasma de bactérias associadas a vegetais com potencial para promover o crescimento de plantas e controle biológico de doenças. Especificamente, o projeto prevê a obtenção de bactérias capazes de fixar nitrogênio e produzir promotores de crescimento em plantas de arroz silvestre, que ocorre no estado, e bactérias produtoras de compostos antimicrobianos com potencial para controle biológico de Sclerotium rolfsii e Rhizoctonia solani em plantas de tomate e feijão-caupi, respectivamente. Resumidamente, o projeto visa a obtenção de bactérias que possam ser utilizadas na cultura do arroz para a redução da aplicação de nitrogênio (nutriente de preço elevado no Estado de Roraima) e bactérias que possam ser utilizadas no controle alternativo de doenças nas culturas do tomate e feijão-caupi. Enquanto para o feijão-caupi não há qualquer produto registrado para o controle da doença, a cultura do tomate demanda a aplicação de grande quantidade de produtos químicos. O projeto deverá ser executado em um período de três anos, trazendo informações básicas sobre a diversidade de bactérias do ambiente, com potencial para a exploração biotecnológica na agricultura. Com os resultados certamente novas pesquisas serão demandadas e também novas possibilidades de exploração da biodiversidade microbiana na Amazônia. *Artigo encaminhado ao Infobibos por Siglia Souza, Jornalista da Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Roraima. Contato: siglia@cpafrr.embrapa.b Jerri Édson
Zilli concluiu o curso de doutorado em Agronomia-Ciência do solo
pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 2004.
Atualmente é pesquisador da Embrapa Roraima, onde atua na área de
microbiologia e Bioquímica do Solo, com ênfase em fixação biológica
de nitrogênio. Também atua como professor e orientador do Programa
de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de
Roraima - UFRR (nível de mestrado e especialização), do Curso de
Pós-Graduação em Agronomia da UFRR (nível de mestrado) e, ainda,
especialização em Agroambiente, também da UFRR. A maior parte de
suas publicações relaciona-se com fixação biológica de nitrogênio em
leguminosas e gramíneas; diversidade microbiana do solo,
principalmente utilizando técnicas moleculares como PCR-ARDRA,
PCR-DGGE, PCR-RISA; qualidade do solo e efeito de herbicida nos
microrganismos do solo.
Bernardo de Almeida Halfeld
Vieira possui graduação em Agronomia pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (1996), mestrado em Agronomia
(Fitopatologia) pela Universidade Federal de Lavras (1999) e
doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade Federal de
Viçosa (2002). Atualmente é Pesquisador A da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária; consultor não remunerado da Secretaria de
Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento-RR;
professor-orientador credenciado em curso de mestrado e
especialização da Universidade Federal de Roraima e membro titular
da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal da Superintendência Federal
de Agricultura-RR. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase
em Fitopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas:
fitopatologia, controle biológico, bacteriologia, micologia,
Lycopersicon esculentum, Citrullus lanatus, Acacia
mangium e etiologia.
Kátia de Lima Nechet
é formada em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia e
doutora em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa. Ocupa
o cargo de pesquisador A na área de Fitopatologia da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária na unidade Embrapa Roraima e é
credenciada como professor/orientador no curso de especialização em
Agroambiente da Universidade Federal de Roraima. Apresenta
publicações em periódicos indexados, resumos e artigos apresentados
em eventos científicos. Conduz como líder projetos com o
patossistema mela (Rhizoctonia solani) e feijão-caupi (Vigna
unguiculata) e participa como membro de equipe de projetos na
área de controle biológico. Outra linha de pesquisa é a etiologia de
fungos fitopatogênicos. Os principais trabalhos têm como
palavras-chave: mela; murcha-da-teia-micélica; Thanatephorus
cucumeris; Rhizoctonia solani; Citrullus lanatus e
Acacia mangium
Dados para citação bibliográfica(ABNT): ZILLI, J.E.; VIEIRA, B.A.H; NECHET, K.L. Novas oportunidades para exploração da biodiversidade na Amazônia. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_3/biodiversidade/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 11/08/2007
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